Capítulo I. - Cara ele tá tão na sua.

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Era um dia de sol, sol bem mais ardente do que o comum. O céu estava limpinho, era possível ouvir os pássaros cantando alegremente e os gritos animados das crianças que brincavam na rua. Era um dia perfeito para sair com a família ou amigos tomar um sorvete, ou qualquer coisa assim.

Mas não era assim que pensava o adolescente que morava na rua das Tulipas, na casa 155, a três quadras do Colégio Estadual da vila. O garoto estava mais à vontade “trancado” em seu quarto, enrolado nas cobertas – já que fazia frio por conta do ar condicionado – com sua gata no colo, tendo sua única iluminação seu abajur, que estava servindo para iluminar as páginas de seu livro.

Mas sua paz acabou quando a porta de seu quarto foi aberta, deixando toda a luz de fora entrar e revelando duas figuras que conhecia bem, até demais. Bruno e Thomas: seus dois melhores amigos.

-Querida, cheguei. - Disse Bruno, colocando suas mãos na cintura, estufando o peito e fazendo uma voz bem tosca na visão do garoto entre os lençóis.

-Vocês não me avisaram que vinham. - O morador da casa disse baixo e rouco, com uma cara nada satisfeita.

-Nós avisamos sim! Você que não olha o celular. - Disse Thomas se jogando na cama, ao lado do amigo.

-Trouxemos notícias boas. - Bruno disse abrindo as janelas.

-Quais? - O menino fechava os olhos por conta da extrema claridade que havia entrado após a janela ter sido aberta.

-Lucas está lá na casa de Bruno... - Disse Thomas se colocando sentado na beira da cama.

-Inclusive, tenho que citar o fato de que ele mal pisou dentro de casa e já estava perguntando de você. - Bruno completou.

-A família toda do Bruno ficou tipo “uhummmmmm o Pedro, né? Sei”. - Thomas imitava a voz dos parentes de Bruno.

Pedro instantaneamente ficou todo vermelho e sorridente.

-Cara, ele tá tão na sua. - Disse Bruno se sentando ao lado do amigo e passando o braço ao redor do pescoço do amigo.

Pedro sorriu envergonhado.

-Viemos buscar você para ir até a casa de Bruno. Lucas nos disse que quer muito falar com você e tem que ser pessoalmente. - Bruno viu o amigo sair rapidamente da cama e ir ao guarda-roupa procurar algo.

-É seu filha da puta, na hora de sair com a gente você se faz de desentendido, mas na hora de ver o Lucas não pensa duas vezes. - Thomas brincou.

-Quando vocês vão começar a namorar, hein? - Bruno perguntou.

-Cala a boca, nós não temos nada. - Disse Pedro ainda com o sorriso no rosto. - Ele nem deve gostar de mim.

-Nossa, claro que não! Perguntar de você a todo momento, não parar de falar sobre você, sempre pedir um abraço seu quando te vê, ficar mais perto de você do que é permitido ao ser humano, te fazer carinho a todo o momento e mais coisas que eu se eu fosse falar tudo, ficaria o dia todo falando. Tudo isso não deve significar nada. - Concluiu Thomas.

Pedro somente riu. Pegou sua toalha, uma peça de roupa e seguiu para o banheiro, deixando os dois amigos para trás.

[...]

- O que ele quer falar comigo? – Perguntou Pedro passando pelo portão amarelo da casa de Bruno.

- Não sei, veja você mesmo. – Bruno disse abrindo a porta da sala, se deparando com o primo sentado no sofá, olhando algo no celular.

-Lucas, trouxemos sua joia rara até aqui. – Lucas sorriu ao ver Pedro. Jogou o celular para o lado e se levantou, se direcionando ao mais novo.

– Vão lá fora, Thomas e eu iremos preparar algo para comer.

-Aproveita que ele veio aqui só para te ver. Não é todo dia que ele se da ao desprazer de sair de casa para socializar com outras pessoas. – Disse Thomas.

-Cale a boca. – Pedro disse desferindo um tapa fraco no amigo, mas logo dando as costas e se direcionando ao jardim da casa de Bruno.

A casa de Bruno era uma casa muito bonita. Tinha portões amarelos, circulando o jardim, que não era muito grande, mas era muito bonito. A grama era bem verdinha e sempre rala, tinha uma árvore perto do portão. Perto da árvore tinha um banquinho branco de madeira bem bonito, que ficava de frente para a piscina.

As casa em si não era muito grande, mas igualmente o jardim, pequena porém bonita. As paredes do lado de fora eram um bege meio rosa, a porta de entrada era de vidro, mas não podia se ver nada lá dentro por causa da cortina branca que tinha ali. Ao lado esquerdo da porta tinha uma janela de vidro, e no lado direito a parede fazia uma dobra parecida com um triângulo. Na parte do lado da casa tinha mais duas janelas: uma da cozinha e a outra do quarto de Thaís, irmã mais velha de Bruno. Do outro lado da casa não tinha janelas, pois a casa era juntada com o muro.

Mas voltando para Lucas e Pedro.

Ambos já estavam sentados no banquinho, abraçados. Pedro tinha seu rosto contra o peito de Lucas, enquanto o mesmo apertava o menor o máximo que podia.

-Eu estava com saudades. – Disse Lucas, soltando Pedro lentamente.

-Eu também. – Disse Pedro todo vermelho. - Os meninos disseram que você queria falar algo para mim pessoalmente.

-Ah, sim. - Lucas coçou a nuca e deu um sorriso de lado, como se estivesse com vergonha. - O que eu tenho para falar não é nada demais, eu queria mais era te ver.

Pedro ficou mais vermelho do que já estava, sorriu feito bobo e desviou o olhar para o chão.

-Hoje a noite vai ter uma festa do pessoal lá da minha faculdade, queria que você fosse comigo. – Pedro voltou o olhar para o maior.

- E-eu? – Gaguejou Pedro.

- Uhum.

- Tem certeza?

-Absoluta. Lá é muito legal, vai ser divertido.

- T-tá, pode ser então. – Lucas sorriu gentilmente para o menor.

- Se encontramos lá?

- Uhum. – Pedro se arrepiou ao sentir Lucas entrelaçar suas mãos.

- Vamos entrar, os meninos devem estar nos esperando. – Pedro sorriu para Lucas.

Cinderella. - Luchi.Onde histórias criam vida. Descubra agora