- Eu... matei a Bella. - Disse o orc confuso. O soldado encara o orc com estranheza, após alguns minutos de silêncio o orc olha para o soldado e diz:
- Mas por que você fez isso?
- Ela matou meu rei.
- Você tem provas? - O homem tira o berrante de seu cinto e o mostra para o orc.
- Eu tocava isso para chamar os gados. - O orc murmurou enquanto esboçava um pequeno sorriso.
- Isso está imundo! - Disse o orc.
- Nossa, um orc falando isso?
- Acho bom não me provocar. - O orc analisa o berrante em sua mão, além do sangue, havia barro, poeira e teias de aranha em seu interior.
- Eu vou limpar isso - Disse o orc. O orc soprou o berrante com todo o seu fôlego em direção a grade da cela, além de um barulho extremamente alto, uma onda de choque saiu de dentro do berrante, que reverberou quando colidiu com as barras. O soldado e o orc foram jogados para trás, a parede atrás deles é quebrada em vários pedaços enquanto os dois rolam morro abaixo e caem em um pequeno lago raso, os dois se levantam reclamando de dor.
- O que diabos acabou de acontecer?! - Exclamou o orc. De repente um dos soldados da rainha aparece gritando em cima dos destroços da parede.
- Eles estão alí! Vamos! Vamos! - Mais e mais soldados começam a sair de lá, o orc e o soldado se encaram. O soldado aponta para o berrante na mão do orc e diz:
- Bom, você já sabe o que fazer não é?
Mire nos soldados! - O orc novamente assopra o berrante com todo seu fôlego, mas nada acontece, nenhum barulho, nenhum vento. O soldado põe a mão em sua espada e diz:
- Bom, acho que terá que ser do modo clássico dessa vez. - O orc põe o soldado em cima de seu ombro e começa a correr na direção oposta.
- Ei! A gente não ia lutar?
- Você disse que iria resolver no modo clássico, tem algo mais clássico que correr? Além disso, já fiquei tempo o suficiente naquele inferno, não vou arriscar ficar lá de novo.
- Ok, mas aonde estamos indo?
- Você vai saber quando chegarmos. - Alguns minutos se passam e o soldado diz:
- Despistamos eles, pode me soltar agora.
- Bom, já chegamos! - Disse o orc. põe o soldado no chão e começa a caminhar em direção a uma caverna, em sua entrada haviam folhas e galhos pendurados formando uma espécie de cortina. Entrando lá, o soldado se deparou com adagas, arcos, flechas, bestas e uma enorme bigorna no fundo da caverna. O orc acende um archote de bambú usando as faíscas que saíam do amolador enquanto afiava um pedaço de metal e põe o archote numa lamparina.
- Essa é a sua casa? - Perguntou o soldado.
- É, Mais ou menos, eu durmo em qualquer canto, isso aqui tá mais pra um armazém.
- O que você faz aqui?
- Eu era um ferreiro, eu fazia armas para me defender, esse aqui é o meu território.
- Se defender do quê?
- Você sabe, animais selvagens, invasores, embora seja por isso que fui parar na masmorra.
- Consegue fazer algo para mim?
- E a sua espada?
- Ela quebrou, não lembra?
- Ah, verdade! Então vamos fazer o seguinte: você saí por aí pra caçar, se você conseguir trazer algum animal, eu faço uma espada nova pra você. Fechado?
- É sério isso?
- Eu tô com fome.
- Ok, fechado.
- Ótimo! - O orc lhe entrega cinco flechas e uma besta. - Pegue isso, você vai precisar. Boa sorte.
- Obrigado. - O soldado precisava ser rápido, pois já estava anoitecendo, após alguns minutos de caminhada, o soldado se depara com um pequeno coelho com pelos brancos, que começou a correr quando viu o soldado. O soldado começa a correr atrás do coelhinho, ele era rápido, mas não o suficiente para escapar das mãos do soldado, sua respiração era tensa e seus olhos arregalam. Com o coelho na mão, o soldado pega uma de suas flechas e perfura o coração do coelhinho, Seu corpo pesa para baixo e seu sangue caía no chão, formando uma trilha de sangue por onde o soldado passava. Um pouco antes de sair da floresta, um vulto estranho passou ao seu lado.
- O que foi isso? - O soldado se espanta e olha em volta, não há nada, apenas árvores, cipós, e grama alta. O vulto é visto novamente.
- Quem está aí? Revele-se! - de repente uma voz feminina começa a falar do além.
- Como uma criatura que foi feita para ser tão nobre e inteligente ousa invadir o território de um ser superior?
- Apareça! - De repente uma mulher estranha surge caindo das folhas de uma árvore alta. Estava vestindo uma pequena saia feita com folhas de bananeira. Havia folhas, galhos e cipós em seus cabelos, sua pele era esverdeada e havia um pequeno cipó fino costurando as laterais de sua boca.
- Você não devia estar aqui. Disse a mulher.
- Eu já estou saindo. O soldado se vira e dá apenas um passo antes da mulher puxá-lo com um cipó, que foi amarrado no ombro do soldado. Cai quando é puxado com força pela mulher, que arregala os olhos e encara o soldado com raiva e fala entre dentes.
- Deixe... o coelho... aqui!
- Eles está morto.
- Me dê o coelho... AGORA!
- Meu amigo está com fome! - A mulher fecha os olhos e respira fundo.
- Ok, Perdi a paciência. - Seus braços se transformam em uma espécie de "cipó" que agarram o soldado e o jogam contra uma árvore. Seus braços voltam a ser o que eram antes enquanto andava em direção ao soldado enquanto ria ironicamente.
- Você é mais fraco que eu pensava, humanos são todos iguais, insolentes e descartáveis.
- Digo o mesmo aos elfos.
- Tente me ofender de novo e você ficará pior que o coelho. - A mulher pega o coelho do colo do soldado, arranca a flecha de sua barriga e a joga no soldado.
- Nesse caso, muito pior. - Os pelos do coelho começam a brilhar com purpurinas em cor verde, seus olhos abrem e sua boca começa a tremer, e a sua ferida se fechava lentamente. Estava vivo novamente, a mulher o põe no chão e ele corre para longe.
- Conseguiu perceber quem sou eu?
- Você é o que eu planejo destruir. - A mulher ri com ironia.
- Seus planos falharam! - A mulher gesticula com suas mãos e de repente uma estaca de madeira cresce do chão, da qual perfura os pulmões do soldado, seu coração, e enfim seu crânio. Continua crescendo até que seu corpo fique pendurado em uma estaca mais alta que as árvores. Apesar de estar morto, para ele, seu coração ainda batia, e as dores e agonias ainda eram reais. E de repente a chuva começa a cair e relampiar, cada gota pesava e tornava a situação cada vez mais agonizante, seu corpo pesava e mal conseguia respirar, seus órgãos conseguiam sentir cada parte da estaca se abrindo e fechando em farpas. Como se não bastasse, uma estranha criatura aparece em sua frente, tinha escamas pretas, garras enormes, asas, uma calda e dois chifres que vinham da parte frontal de seu rosto, a criatura não tinha olhos, boca e nariz, estava segurando um lampião cujo estava apagado. A criatura estranhamente aliza o rosto do soldado antes de puxá-lo para frente, o soldado sentia sua alma saindo de seu corpo e indo para dentro do lampião, nesse momento o lampião se acendia. Era como se sua alma tivesse se tornado o fogo que faltava alí.