Capítulo Único

11.3K 978 3.1K
                                    

1. Remus Lupin amou Sirius Black no momento em que o conheceu.

É suficiente que ele tenha conseguido entrar para Hogwarts, de qualquer forma. Ele tem uma mala cheia de livros novos no assento ao seu lado, a promessa de um castelo e fantasmas e lições e mais mágica do que ele jamais viu, e o volume no seu bolso de metade de uma barra de chocolate, presenteada por sua mãe com a maior solenidade na plataforma. Ele nunca esperou por amigos.

Ele olha pela janela do seu vagão vazio, assistindo às casas ficando raras e distantes até o lado de fora não passar de um borrão de campos verdes. Quando ele se cansa disso, ele pega Hogwarts, Uma HistóriaEsse livro, que ele tem há anos; quando ele tinha oito anos, quando ele pensava que não havia chance de que um dia ele poderia sequer ver Hogwarts, ele economizou dinheiro por semanas e leu debaixo dos cobertores todas as noites. Sua mãe encontrou-o debaixo do colchão quando estava limpando, mas não disse nada, só o entregou de volta a ele, juntando os lábios com força, e saiu do quarto. Mais tarde, naquela noite, quando ele foi até a cozinha para pegar um copo d'água, ele encontrou a mãe e o pai sentados à mesa, encarando silenciosamente um ao outro. Essa foi a primeira vez que ele desejou que nunca tivesse nascido, que eles tivessem tido outra criança, uma normal, e sido felizes. O livro continuou embaixo de seu colchão por um longo tempo depois disso. Até mesmo agora, quando ele o conhece quase que de cor, ele continua carregando consigo uma certa sensação de culpa. Mas essa culpa é quase completamente enterrada pelo fato de que, pela primeira vez, ele sabe que ele realmente vai ver as coisas contidas nas páginas. Ele olha para sua figura favorita: a primeira cerimônia de seleção, em 991. As pequenas figuras gravadas movem-se rigidamente para o banco na frente da mesa dos professores em fila única. Remus faz algo que ele nunca se permitiu fazer antes e se imagina em meio a eles. Por alguma razão – um erro do desenhista, a quantidade inumerável de vezes que seus dedos estão sujos de chocolate, tanto faz – uma das figuras oscila ligeiramente enquanto caminha até onde aguarda o Chapéu Seletor. Esse sou eu, pensa Remus. Ele observa enquanto o seu eu pequenino senta no banquinho. A figura de vestido coloca o chapéu em sua cabeça.

- Se importa se nos sentarmos aqui? Algumas garotas nos expulsaram do nosso vagão.

Ele levanta a cabeça. O garoto sorrindo para ele exala confiança por todos os poros. Seu cabelo negro é espesso e brilhante e ele o afasta dos olhos com a mão. Tudo nele, desde sua postura até sua mandíbula e seus olhos acinzentados de cílios grossos encarando Remus de esguelha, gritam sua aristocracia. Olhando para ele, Remus de repente sente-se assustado e imperfeito e insignificante. Ele não espera Remus respondê-lo e se joga no banco ao seu lado, apoiando os pés no assento oposto. Os dois garotos atrás dele – um com um cabelo bagunçado demais para ser real e óculos redondos, o outro loiro, roliço e de rosto avermelhado – sentam-se à frente deles. O garoto ao lado de Remus lhe estende a mão e diz:

- Sirius Black.

Bem, pensa Remus. Isso explica tudo. Por alguma razão ele se sente desapontado, o que é estúpido, por que ele nunca sequer pensou que eles poderiam ser amigos. Ele não espera por amigos.

- Remus Lupin – ele diz, sua voz quase completamente estável.

Ele não perguntou sobre seu sobrenome, mas sua reação obviamente foi percebida, porque Sirius diz num tom estranhamente monótono:

- É, esse tipo de Black. Não peça autógrafos, por favor.

Há uma pausa, quebrada quando os outros dois garotos se apresentam como James Potter e Peter Pettigrew. Remus sorri e acena com a cabeça e então diz a Sirius:

- Desculpe, elas te expulsaram do vagão?

Sirius sorri, conspiratório.

- Aconteceram mal-entendidos. Alguma linguagem desagradável foi usada. Feitiços foram mencionados. Nós achamos melhor nos retirar.

 5 Times Remus Loved Sirius • wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora