Capítulo I

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A noite estava como qualquer outra. Yoichi sentado no sofá verde-musgo da sala de Keitaro, totalmente entediado, e o outro digitando mais um relatório do acampamento em seu laptop. Desde que começara a trabalhar no acampamento 7 meses atrás, havia passado a se dedicar totalmente ao seu emprego, tanto que algumas vezes Yoichi ficava com uma certa raiva do castanho. Não que Keitaro desse mais atenção ao trabalho que para o rosado, isso era algo impossível de se acontecer, já que além de trabalharem no mesmo local passavam muito tempo juntos tanto em casa quanto nos passeios que faziam, era apenas que o arroxeado queria que o namorado pegasse um pouco mais leve com o emprego.

- Keitaro, vamos logo! Eu 'tô entediado! - Disse Yoichi, recebendo um sorriso de canto do castanho.

- Você sabe que eu não posso. Eu preciso terminar esse relatório.

Yoichi se levantou do sofá e caminhou em direção ao mais novo, e se abaixou para poder encarar os olhos cor de esmeralda de Keitaro.

- Yoichi, não! - O castanho colocou as mãos no rosto, o que arrancou uma risada do rosado.

De repente a face do rosado adquiriu um tom rosa bebê, e seus olhos brilharam levemente.

- Keitaro, nós podemos ir embora? - O arroxeado levou suas mãos até as do castanho, as retirando facilmente da face do esverdeado.

- I-Isso é… golpe baixo! - Disse virando o rosto.

Assim que Yoichi conseguiu retirar as mãos de Keitaro do rosto as entrelaçou com as suas, e se esforçou para fazer o rosto mais adorável que podia.

- Hein?

- Tá! - Entregou os pontos - Vamos, amanhã eu termino e envio..

- Sempre funciona, haha! - Disse o rosado numa gargalhada.

- Isso não vale… - Respondeu o castanho fechando o laptop e o colocando na mochila preta ao lado da mesa.

- Óbvio que vale! - Protestou - A culpa não é minha se você não resiste a um rostinho fofo. Aliás eu sei que você ama!

Yoichi foi o primeiro a sair da cabana principal, sendo logo atingido por um mar de estrelas, e por uma lua cheia pairando sobre sua cabeça. Os olhos do arroxeado brilharam quando pousaram na esfera brilhante.

- Wow! Olha esse céu! - Disse Keitaro surpreso - Por que você não me disse que tinha lua cheia hoje?

- E-Eu também não sabia - Respondeu sem tirar os olhos da esfera.

Num sorriso de canto, Yoichi dirigiu suas orbes rosadas até as esmeraldas do namorado.

- A gente pode ficar um pouco 'pra olhar o céu?

- O que? Você não 'tava doido pra ir embora? - Replicou o castanho.

Yoichi se aproximou mais de Keitaro e entrelaçou suas mãos, sorrindo bobo.

- Por favor…

- Se a gente for ficar aqui eu vou terminar meu relatório, tá? - Avisou o esverdeado subindo as mãos gélidas até o pescoço cálido do maior.

Tudo que o arroxeado fez foi revirar os olhos cor-de-rosa e sorrir.

- Você vai querer trabalhar ao invés de ficar com seu namorado? - Brincou.

Ainda sorrindo, Keitaro selou seus lábios aos de Yoichi, que correspondeu a carícia, que depois acabou por ser interrompida pelo mesmo.

- Vem cá, quero te mostrar uma coisa. - Disse puxando a mão do mais novo.

- Amor, eu quero ir pra casa! - Reclamou.

- Daqui a pouco a gente vai, relaxa.

Yoichi guiou Keitaro pelo camping, passando pelo centro do acampamento, até a área das cabanas dos escoteiros, e então até o píer, onde se deitaram.

- O que você quer me mostrar? - Perguntou o esverdeado, desviando o olhar do céu e redirecionando para a face empalidecida do amado.

- Nada, eu só quero olhar o céu.

Enquanto o rosado fitava a superfície azulada, o castanho simplesmente fitava a face delicada do homem ao seu lado, e repassava os muitos momentos que passaram. Ele lembrava de quando viu Yoichi pela primeira vez, brigando com Hunter no refeitório, naquele mesmo acampamento onde hoje trabalhava. Lembrava de quando Yoichi o encorajou tão bravamente na competição contra Taiga. Lembrava até de quando roubaram uma garrafa de Vodka da cabana principal e o arroxeado o fez beber um gole, lembrava até de como ele o fudeu tão bem naquela noite.

Não conseguiu se segurar, e ao mesmo tempo que uma risada leve saiu de sua boca, uma lágrima solitária caiu de seus olhos, obviamente chamando a atenção do mais velho, que se sentou e levantou o amado.

- Tá tudo bem? - Perguntou o rosado num tom preocupado, levando as mãos até a face morena de Keitaro e limpando outra lágrima que ameaçava cair com o polegar - Aconteceu alguma coisa?

- Eu... 'tô bem, é só que - Ele fez uma longa pausa - Eu… Eu… te amo muito.

Yoichi riu um pouco, e desviou o olhar das orbes do castanho mas depois retornou o foco, dessa vez com um olhar um pouco tímido.

- Você me deixou preocupado - Disse num tom baixo e compreensivo - Eu também te amo.

O castanho enrolou seus braços no corpo do arroxeado, afogando seu rosto no peitoral do mais velho, e lá deixando muitas lágrimas. Enquanto isso, Yoichi acariciava os cachos amadeirados do namorado. Aos poucos os soluços foram sumindo, e as lágrimas foram diminuindo, e a força com que Keitaro apertava ao casaco cinza de Yoichi também, dando a entender que o mesmo havia parado de chorar.

- Eu te amo pra caralho. Nunca duvide disso. - Sussurrou no ouvido do namorado.

Em seguida se levantaram, e caminharam em direção ao estacionamento. Passaram novamente pelas cabanas dos escoteiros, o centro do acampamento, a cabana central e por último chegaram ao estacionamento. Yoichi dirigia a caminhonete negra, enquanto Keitaro relembrava histórias que os dois viveram durante os anos. Tanto na época do acampamento tanto de quanto de quando começaram a morar juntos. Nem viram o tempo passar direito, assim como nem viram quando chegaram na porta de casa.

O rosado deixou o carro na garagem, e entrou pela porta da garagem ao lado do castanho. Nesse momento, quatro cães apareceram, cada um de uma cor diferente, um azul, outro amarelo, um ruivo e por último um roxo, e pularam nos dois, que os abraçaram e começaram a brincar com eles.

Então a noite chegou ao fim, um pouco diferente do que já estavam acostumados. Dormiram mais ou menos uma da manhã, com Yoichi abraçando Keitaro por trás e quatro cães deitados na cama. No andar de baixo, alguns brinquedos caninos estavam espalhados pela casa, e os pratos e a ração continuaram em seus devidos lugares, pois a preguiça chamou mais alto do que a responsabilidade ou a fome. No outro dia talvez as obrigações tirassam os dois da cama, e acabasse com aquele momento extraordinária dos seis. Ou talvez simplesmente acordassem gripados por terem ficado no frio durante muito tempo e nem conseguissem ir trabalhar.

I Think You Are My Happy Ending - Camp BuddyOnde histórias criam vida. Descubra agora