1 - Feliz Aniversário!

41 8 9
                                    

Um vestido sexy e um tanto vulgar e um salto alto rosa gold assim como o vestido. O cabelo castanho claro com mexas loiras naturais esvoaçavam pelo deck da boate. Era seu aniversário de vinte anos e ela estava comemorando sozinha. Faziam apenas alguns minutos que estava ali e já havia chamado atenção de algumas pessoas pela sua beleza, mas ela não gostava de chamar atenção, aqueles olhares a incomodavam. Pegou uma taça de champanhe no bar e desejou.

—Feliz aniversário para mim! Sua idiota — e virou tudo num gole só.

Enquanto ela ria de sua própria cara com muita ironia uma mensagem chegou em seu celular.

Laura:
Kevin tá passando mal e eu to de plantão hoje, tu pode ajudar ele?

Laura, uma grande amiga que fazia aniversário um dia após Emily. Laura era enfermeira e os plantões a esgotavam. Ela não podia sair do hospital e ir socorrer o namorado, mas Emily podia. Ela e a amiga passaram a manhã juntas comemorando ambos aniversários com Netflix e doces.

Ela olhou para a taça de champanhe vazia e rezou para que a polícia não a parasse numa blitz. Saiu da boate pensando que cuidar do cunhado - como ela chamava Kevin, já que considerava Laura sua irmã gêmea de outra mãe - era melhor do que estar naquele lugar.

No caminho para a casa de Kevin e Laura seu celular começou a tocar e ela estacionou o carro, estar levemente alcoolizada no volante já era muito arriscado, não precisava usar o celular também, não queria se matar no seu aniversário. A ligação era de Kevin.

—Kevin? Eu to quase chegando aí.

—Eu to levando ele pro seu apartamento, Laura disse que é só você pedir pro porteiro liberar a entrada.

Aquela voz a fez entrar em transe. Ela não sabia o quanto estava com saudades daquela voz até escutá-la do outro lado da linha.

-O código da porta é 1703.

Eles não iriam levar Kevin pro hospital. Era inútil, pois ele estava com muita dor de estômago e vômito e só iriam atender ele horas depois da chegada dele, mesmo que Laura tentasse, não conseguiria passar o namorado na frente de outros pacientes.

Emily parou em uma farmácia e comprou alguns remédios e depois no mercado ela comprou legumes para fazer algo para o cunhado comer, na fila do caixa ela ligou para o porteiro do prédio.

Ela estava se controlando. Acalmando sua mente para poder fingir que não tinha saudades, para fingir que tinha superado e ela fazia isso sendo arrogante e irônica. Assim ela jogava a pessoa longe e podia parar de atuar. Oh céus! Já faziam 4 anos! Ela era uma boa atriz, mas já era hora de superar de verdade e parar de atuar.

Entrou no elevador do prédio apertou o botão de número oito e olhou-se no espelho que tinha na parede do elevador. Ela estava linda naquela roupa e com aquela maquiagem. Roubaria o coração de qualquer um. A única coisa que a deixava um pouco menos elegante eram as sacolas do mercado 24hrs e da farmácia.

Andou até o apartamento 23 e digitou o código da porta se deparando com Kevin e seu melhor amigo no sofá.

—Eu trouxe alguns remédios pra ele — ela dispensou saudações. — Tem um balde na área de serviço, coloque do lado dele caso ele vomite.

Lucca obedeceu, mas não sem antes dar uma bela examinada nela. Ela sabia que ele estava fazendo isso, ele não era discreto, nunca fora, por isso ela virou-se de lado pra ele e andou até a cozinha onde começou a preparar uma sopa de arroz. Era a melhor comida para dor de estômago.

Pegou um copo de água e entregou para Kevin junto com os remédios. Ele estava pálido e fraco.

—Estava ocupada? — Perguntou Lucca.

—Estava comemorando.

—Alguma data especial hoje?

Se Kevin conseguisse falar algo, ele mandaria o amigo calar a boca e ir para casa, mas ele vomitaria se tentasse falar.

—Não, apenas meu aniversário — deu de ombros.

De volta a cozinha ela encheu uma taça de Chandon. O silêncio era quase absoluto. Lucca havia ficado envergonhado.

—Quer vinho? — Ela não conseguia o ignorar.

—Quero, por favor.

Enquanto a sopa cozinhava e Kevin tentava dormir, Lucca elogiava o lugar.

-Essa vista é incrível e teu apartamento é um luxo. Tu é bem burguesa mesmo - ele se encostava na janela da cozinha.

—Obrigada - ela se sentava em cima da mesa virando o vinho num gole só.

—Vai com calma - ele riu bebericando o vinho. — Você está linda.

O coração deu um pulo, mas a consciência a lembrou de que era um truque.

—Sinto muito por ter esquecido do seu aniversário.

—Eu não esperava que você fosse lembrar.

Ela desligou o fogão e colocou um pouco do conteúdo da panela num prato para ir esfriando até que Kevin acordasse.

—Soube que você está namorando - por que ela gostava tanto de se torturar?

Ele riu se aproximando.

—Sim, a Giovanna é muito incrível.

Uma pontada.

Mais uma taça de Chandon.

—Você está com alguém?

Ela ignorou a pergunta enquanto mandava mensagem para Laura dizendo que os meninos estavam no apartamento dela e estava tudo sob controle. Quase tudo.

—Sabe, a Giovanna é direta, não fica me enrolando.

Chega.

—Fora.

—O quê disse?

Quem era ele para dizer aquilo? Eles eram passado, ele não tinha o direito de dizer aquilo. Ela não o enrolava, ela o amava, mas seus medos tornavam o processo mais lento que o normal e ele a deixou da noite pro dia. Sem explicação. Ela estava se esforçando tanto para poder deixar seus monstros de lado e ele não reconheceu isso. E agora vinha dizer que fora enrolado?

—Você está no meu apartamento, está me julgando por algo que eu não fiz e está me comparando com a Giovanna sem motivo algum. Qual é a tua, Lucca?

—Eu gostava tanto de ti e tu me iludiu.

—Não, você me deixou e o assunto acaba aqui. Agora tu escolhe entre levar a comida pro Kevin ou sair do meu apartamento.

O moreno a olhou com os olhos doloridos. Ambos sabiam o que passava na mente do outro. Lembranças. Desejos. Saudades...
Ele já sonhara inúmeras vezes com ela no meio da noite e tendo que suprir seu desejo com Giovanna. Não era a mesma coisa, principalmente porque ele nunca pode ter Emily só para si. E aquele desejo de quatro anos atrás ainda existia lá no fundo.

Emily estava ha 4 anos sem sair com alguém com segundas intenções. Ela nem sequer beijara alguém em todo esse tempo. Beijar alguém, para ela, significava muito. Eram muitos dragões que ela tinha que enfrentar para poder beijar alguém. Para ela, não ter beijado ninguém durante esses anos era normal, não fazia falta. Talvez fizesse falta quando acordava de sonhos poucos quentes que tinham como protagonista Lucca.

Lucca pegou o prato e levou para o amigo no sofá.

Orgulhosos (HIATO)- Duda AvrellaOnde histórias criam vida. Descubra agora