Winterfell
LynoraOs dias da longa viagem finalmente chegavam ao fim conforme a comitiva do rei se aproximava dos portões de Winterfell. Diferente dos irmãos mais novos, Tommen e Myrcella, que procuravam olhar pra fora, curiosos pelo novo lugar, Lynora Baratheon não compartilhava da mesma empolgação, preferia ter ficado em Porto Real, cavalgando e fazendo as coisas que de fato lhe interessavam, e nenhuma envolvia estar tempo demais no mesmo local que a rainha.
Mas o pedido insistente de seu pai, e o fervor com que o mesmo falava do norte e de seu grande amigo Eddard Stark — esse qual a princesa tinha adquirido certa admiração pelas inúmeras histórias contadas pelo senhor seu pai — aguçou sua curiosidade para conhecer Winterfell.
A jovem princesa logo sentiu o olhar de
Cersei queimando sobre si, e tratou de encarar a mulher arqueando a sobrancelha, uma mania que herdará da mesma.
— Quando você sair dessa carruagem, eu espero que se lembre que é uma princesa, uma dama, e não uma... — a mulher fez uma pausa, engasgando em desprezo para procurar as palavras certas pra descrever a mais nova, bem, ela tinha as palavras certas mas só de pensar nelas já podia sentir a raiva lhe consumindo. — Você sabe. Eu não quero você arrastando a barra do seu vestido por aí. — Lynora rolou os olhos com desdém, estava muito cansada para discutir ou pensar em uma resposta afiada para a mulher, como teria feito de costume, o solavanco dos cavalos parando também a impediu de pensar em algo.
A porta da carruagem logo foi aberta, Cersei, como rainha, foi a primeira a descer, seguida dos dois irmãos mais novos, Lynora bufou e ponderou se deveria fazer o mesmo, mas não queria desapontar seu pai, então se apoiou na mão do criado que estava ali para lhe ajudar na escada improvisada, mas não completou a ação, já que o vento gelado logo beijou suas bochechas, seu olhar correu rapidamente o local, observou como os moradores estavam todos alinhados para recebê-los, e a cor acidentada que pintava o castelo, tudo era tão... gélido e cinza, diferente do calore das cores quentes do sul, pensou. O olhar de Cersei em sua direção logo a tirou de seus desvaneios, então terminou de descer os degraus.
— Tris, eu preciso de um banho. — sussurrou para sua criada que assentiu e correu para algum lugar que Lynora não fez questão de olhar. A princesa passou as mãos pelo vestido vermelho que usava e correu os olhos mais uma vez pelo local. — Não parece tão ruim. — disse terminando de se ajeitar ao lado de sua mãe.
— É claro que você ia gostar do lugar — a Lannister disse quase enojada, ergueu um pouco a barra do vestido e se direcionou aos anfitriões. Lynora permaneceu em seu lugar, observando o caminhar gracioso de Cersei, que se colocava ao lado do senhor seu pai, uma reverência ensaiada e exagerada da visão da princesa fora feita na direção dos dois. Seu pai cumprimentou o Lorde Eddard Stark, com um abraço caloroso e uma gargalhada, seguiu para a senhora Catelyn, que apenas sorria discretamente. Fez questão de cumprimentar cada uma das crianças Stark, dos mais novos aos mais velhos. E só então Lynora começou a prestar
atenção nos membros da família, assim como seus irmãos mais novos, as crianças Stark demonstravam curiosidade em seus olhares, que eram atentos e não tão discretos quanto os de Lynora, encaravam a comitiva real, um marco para todos os mais novos.
Seu pai conversava com uma jovem de cabelos ruivos, a Baratheon fez um esforço para lembrar do seu nome, e logo a voz de Rhea, sua dama de companhia, ralhou em sua cabeça, "a de cabelos vermelhos é, Sansa". As bochechas pálidas da menina adquiriram um tom avermelhado, resultado de algum elogio que seu pai provavelmente fizera, apesar de sua altura, Lynora imaginou que Sansa não deveria ser muito mais nova que ela própria. O sorriso e bochechas coradas não desapareceram quando o rei continuou seus cumprimentos, a princesa seguiu os olhos de Sansa e percebeu que o motivo era seu irmão Joffrey, este jogava ma direção da menina um sorriso exageradamente galanteador, que parecia ter efeitos na Stark, e por isso decidiu ignorá-los.
Seus olhos caíram para o garoto ao lado de Sansa, o mais velho dos Starks, Robb Stark, esse também perceberá a troca de olhares entre o filhote de leão e sua irmã, a carranca em seu rosto fez Lynora sorrir internamente, ciúmes ou proteção de irmão mais velho, o entendia completamente. Observar o mais velho, lhe dava margens para imaginar como seria um embate entre os dois e sorriu internamente mais uma vez, até ela era melhor com espadas que Joffrey, ele poderiaser maior em altura, mas Robb tinha mais músculos e melhor postura, certamente causava inveja nos garotos de sua idade, certamente causaria em Joffrey. A aparência do Stark também chamava a atenção de Lynora, seus olhos azuis e os cabelos em um castanho avermelhado, herança dos Tullys, eram mais um motivo para causar inveja em seu irmão. Todos os olhos estavam sobre a comitiva, mas o incômodo de estar sendo observada logo lhe fez sentido, atrás de Robb, olhos azuis esverdeados e sorriso arrogante no canto do rosto lhe olhavam fixamente, Lynora não conseguia lembrar o nome, mesmo que Rhea tivesse repetido todos inúmeras vezes, ou se ela ao menos mencionará, de qualquer maneira, a atitude do rapaz lhe deixou incomodada. Ao lado dele, gases escuras também encaravam a prinncesa, não de maneira arrogante ou com malícia, apenas curiosidade e certa melancolia, Lynora ponderou, seu físico não era diferente do mais velho, sua pele era clara e seus cabelos eram pretos, assim como seus olhos que eram tão escuros, esse se parecia mais com a descrição dos Stark, como não lembrava dos nomes, concluiu que era o bastardo de Winterfell, a "mancha na honra de Ned Stark", como dizia seu pai. Seus olhos se atraíram mais uma vez, mas dessa vez ele não sustentou o olhar, ao invés disso baixou a cabeça olhando para o chão, como se estivesse envergonhado, e Lynora sorriu minimamente.
A breve interação com o bastardo lhe impediu que visse a pequena e não tão discreta discussão entre o rei e a rainha. Mas qual fosse o motivo, o senhor seu pai apenas ignorou Cersei, que apesar da tentativa não conseguia esconder o desgosto em seu rosto para o marido, esse que já estava longe caminhando lado a lado com o senhor do norte. A rainha engoliu a raiva e a escondeu com um sorriso constrangido ao se virar para os filhos, indicando que deveriam se aproximar, e essa era a deixa que Lynora esperava. Seus pés ficaram firmes em seu lugar enquanto os irmãos mais novos caminhavam até os nortenhos, Cersei não desviou o olhar da filha, e amaldiçoou ainda mais a Robert, seu olhar queimava mais uma vez sobre a pequena princesa, indicando que ela deveria fazer o mesmo, mas seu pai já não estava mais ali, e então na cabeça de Lynora, ela também não tinha razões para estar.
Um brilho de desafio nos olhos esmeraldas das princesa, sorriu para a senhora Catelyn que observava a batalha silenciosa entre a princesa e a rainha, leoa comtra leoa, e então Lynora ergueu a barra do vestido e deu as costas para a recepção, dando de cara com uma Rhea de olhos arregalados e rosto pálido, essa não ousou questionar a princesa, apenas a seguiu enquanto a mesma caminhava para a criada Tris, que compartilhava do mesmo espanto.
Não demorou para que Lynora sentisse um aperto em seu braço, e não precisou levantar o olhar para saber que era seu tio Jaime.
— Você está ultrapassando vários limites, princesa, sabe o quanto está sendo desrespeitosa? — Disse com repreensão, seus lábios se espremendo em uma linha fina de raiva.
— Tio Jaime... - Lynora fingiu um sorriso.— É o irmão da minha mãe, e não o meu — o tom carregado de ironias teve o efeito certeiro no mais velho, que soltou o braço da Baratheon. Essa continuou o caminho em direção a sua criada e sua dama, com um sorriso vitorioso.
— Lyn... — Rhea a alcançou sua voz estava trêmula. — sua mãe não vai gostar nada disso. — continuou preocupação por todo seu rosto e voz. — E isso, é um desrespeito para o norte e os Starks, o que eles vão achar? — Lynora rolou os olhos, Rhea normalmente acharia graça da situação.
— Ela não vai fazer uma cena aqui, Rhea. E eu não me importo com o que ela gosta ou deixa de gostar. E tenho certeza que os Starks irão entender que a viagem foi longa para uma princesa e que estou com frio e cansasa. Agora me leve logo para o meu banho. Conhecendo o humor da princesa, a dama não discutiu, trocou um olhar discreto e cheio de receioa com Tris, e apenas a guiaram para o quarto de hóspedes. Sabiam que até mesmo para Lynora tinha sido um limite ultrapassado. Rhea arriscou um olhar para trás, todos pareciam surpresos e constrangidos, e o olhar de Cersei queimava sobre Lynora mais uma vez naquele dia.**
Notas: Primeiro capítulo finalmente entregue, espero que tenham gostado. Eu o revisei inúmeras vezes mas sempre pode passar alguma coisa. Quero dizer que a fic também está sendo postada no *social spirit*, e os capítulos serão liberados lá antes que aqui, literalmente, porque eu sempre esqueço da minha conta do wattpada, então acompanhem por lá que é "primeira mão", o nome de usuário é o mesmo, "babebush"
Lynora Baratheon é "representada" pela MarieAvgeropoulos.
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Gloria Regali
FantasySinopse: Lynora Baratheon nasceu no sul como uma benção para o seu pai e uma maldição para sua mãe. Alguns diziam que a beleza era seu maior triunfo, e que seria apenas uma princesa criada para ser a esposa de algum lorde. Mas o destino não joga pel...