Paolla Oliveira.
"O que seria do Chiclete sem a Vivi?"
Aquela frase ecoou o resto da noite em minha cabeça, martelando de forma contínua e ensurdecedora para mim.
Faziam quantas semanas que eu não sentia seu cheiro, o calor do seu corpo, seus beijos. Quantas vezes não briguei comigo mesma me encarando no espelho, em lágrimas, implorando para esquecer de um homem já comprometido... A paixão era tão ardente que me dava nos nervos e me incomodava muito vê-lo enroscado nos braços de outra pessoa. Mas eu sabia que suas palavras eram um pedido de socorro, talvez uma rendição do fim que ele mesmo havia dado. O medo, no entanto, de me machucar de novo era um zumbido constante em minha consciência. Sérgio era um homem muito bom, de pensamentos nobres e se sabia que estava indo tudo muito mal quando ele preferia um relacionamento proibido ao seu casamento.A noite inteira eu o observei com olhos corriqueiros e apontei o óbvio: ele estava cansado, magoado e morto por dentro. Enquanto estivemos juntos escondidos, perguntei por conveniência o motivo dele preferir a infidelidade à separação e ele me respondera que não sabia bem, apenas que tinha muito respeito e carinho pela Bianca, depois, fugia do assunto.
Vê-lo entrando no salão de mãos dadas com Bianca, ouvindo algo ao pé do ouvido com sua expressão de desgosto e seu olhar necessitado me fazia tomar uma atitude: uma conversa séria.
Quando encontramos olhares, apenas fiz um sinal com a cabeça em direção ao banheiro e fui com mais facilidade para o local, enquanto ele trombava com pessoas.
Vi quando ele apareceu e obedeci sem hesitações quando fui puxada, no entanto, minha expressão carrancuda de toda a noite prevaleceu.— Por que você simplesmente foi embora? Terminamos, mas não podemos ser amigos, droga? Você é essencial pra mim, Gui.
Sérgio soltou um longo suspiro e passou a mão pela nuca, olhando para trás e certificando-se da nossa solidão. Depois, avançou alguns passos e me deixou encostada na pia e nos deixando bem próximos, de forma que podíamos sentir nossas respirações quentes.
Fechei os olhos, sentindo todo aquele amor incondicional correr pelas minhas veias, prevendo que isso já estava para acontecer de qualquer forma.
Gui cruzou os braços sobre o peito e respirou fundo, aparentemente escolhendo as palavras para dizer e se perdendo no próprio discurso, como sempre fazia em qualquer ocasião.
Abri os olhos e vi sua expressão sofrida, eu não era a única a sentir falta.
Subi as mãos com relutância, ajeitando sua gravata, sorrindo sem jeito.— Eu pensei que poderia... Lidar com isso, lidar com nós dois. Ficar longe de você foi a maior guerra que travei comigo mesmo, garota. — Ele disse, num tom de voz suave, se bem que seus olhos não diziam o mesmo — Pensei que Bianca não merecia isso, me senti um cachorro. Mas, garota, você é tudo o que eu preciso.
Ele colocou uma das mãos em meu rosto e seu polegar começou uma carícia leve na bochecha, seu rosto se aproximou. Nossas testas se encontraram e os narizes e encostaram.
Um filme da nossa breve relação escondida se passou em minha cabeça, das vezes que nos aproveitamos em cena e em gravação, dos camarins, motéis... E da nossa briga.
Coloquei as minhas mãos em seus ombros com o intuito de afastá-lo, mas desisti por algum motivo. Apenas apertei eles como se numa massagem.— Você vai se arrepender uma hora, vai dizer pra mim que seria melhor amizade e eu não te verei por meses, até que você perceba novamente que ela não é tudo pra você, Sérgio. — Sussurrei contra seu rosto, ele continuava sentido. — Eu prometi a mim mesma que não ia mais chorar por você.
Ele deu uma risadinha sem jeito, acariciando meu nariz com o dele, nossos lábios se roçaram e eu senti aquele lugar formigar como se eu tivesse levado um choque. A sensação se espalhou por todo o meu corpo.
— Mas eu nunca prometi que não choraria por você, meu bem. — Ele devolveu o sussurro contra os meus lábios.
Novamente nos roçamos e ele fechou os olhos, a rendição era simples assim? Trocávamos nem três frases direito e acabávamos colados como imãs?
Íamos perder nossas sanidades mais uma vez, mas um contratempo - com nome e sobrenome - chegou chamando pelo nome de Sérgio com sua voz fina e enjoada e ecoaram seus passos pelo corredor. Não hesitei em apenas soltar e me trancar dentro de uma das cabines do banheiro.
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Medo Bobo
FanfictionPreso num casamento sem esperanças, Sérgio Guizé viveu uma paixão proibida com Paolla Oliveira que logo foi descartada por seu receio. Porém, um reencontro recheado de redenção muda o rumo de tudo.