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Contínua...

Levantei já estressada e puxei o braço dele para o lado do bar, eu não odiava ele mas tinha sim um ranço enorme só de escutar aquela voz grossa.

- Fala logo o que você quer aqui,  Anderson. -Cruzei os braços e ele me olhava rindo-

- Afrontosa como sempre né feiticeira? -Revirei os olhos- Ainda lembra do nosso apelido?

- Fala sério, nem vim para o asfalto você pode, se manda vai! -Ele riu debochado, olhou para o Murilo e depois olhou pra mim de novo-

- Ta pegando mauricinho agora feiticeira?

- Pra você é Jade e quem eu pego ou deixo de pegar não é da tua conta! -Encarei ele- Vai, fala logo o que você quer.

- Olha como tu fala comigo ein -Ele cruzou os braços e me olhou de cima a baixo- Ta mais gostosa ein, quase tô sentindo saudade de você gemendo pra mim. -Disse baixo e mais perto do meu ouvido e depois se afastou-

- Uma pena, porque agora eu tô gemendo pra outro que é 10x melhor que você na cama. -Falei baixo e ele fechou a cara- Falo o que tu quer por aqui!

- Quero nada contigo não, meu assunto é com outra galera. -Concordei com a cabeça e na hora que eu ia saindo ele segurou em meu braço- Mas fica esperta ein.

Ele saiu junto com a tropa dele e eu voltei pra mesa. O barzinho todo ficou naquele clima pesadíssimo, até o som tinha parado. O dono do bar chegou animando a galera de novo e o som voltou a tocar.

O Ramon e o Felipe fizeram logo uma piada que descontraiu o clima na mesa, toda hora eu percebia o olhar pesado do Murilo em cima de mim mas eu tava pagando de doida.

Levantei para ir no bar pedir um suco e percebi a Mari vindo atrás de mim com uma cara fechada horrível.

- O que ele veio fazer aqui?

- Não sei e nem quero saber! -Pedi meu suco ao barman-

- Tu sentiu alguma coisa quando viu ele?

- Raiva, ranço...sei lá, veio tudo de novo. -Neguei com a cabeça-

- Ninguém na mesa entendeu nada na hora que você se levantou, o Murilo ficou na maior cara de taxo.

- Aí, não quero falar disso. -Olhei pra mesa e já estava todo mundo rindo- Quero mais é esquecer que vi a cara dele na minha frente.

Peguei meu suco que o barman tinha deixado e eu e a Mari voltamos pra mesa onde o assunto era quando o Rodrigo e a Lorena iriam se assumir.

- Ih gente, antes do Rodrigo e a Lorena tem o nosso Jalilo ou será Murilade né? -Ramon disse e eu só fiz deitar a cabeça no ombro do Murilo-

- Namoral, o Ramon hoje ta pedindo para levar uns soquinho de graça mano. -Murilo disse e bebeu da sua cerveja. Ja tava todo mundo meio alto alí-

- Eu e a Lore estamos em outro patamar, outroo! -Rodrigo disse zoando e abraçou ela de lado-

- Aí meu deus, coitada da Lore mesmo! -Diego disse e todo mundo riu-

Ficamos nesse clima descontraído até o bar começar a fechar e os garçons praticamente mandar todo mundo ir embora. Eu e a Milena só sabíamos rir, geral bêbado e nós duas sóbrias.

Chamamos um Uber para a Lore, Rodrigo e o Ramon. A Milena iria com o carro do Diego e o Lucca e a Mari iriam comigo, paciência para aguentar 3 bêbados no meu carro.

- Quem vomitar dentro dessa merda eu faço limpar com a língua viu? -Falei assim que todos entraram no carro e eu comecei a dirigir-

- Caramba Murilo, tua mulher é um cavalo mesmo ein, só por Deus! -Lucca falou rindo no banco de trás-

- Ela não é minha mulher, essa aí não me dar valor pô. Só me faz de trouxa e os caralho à quatro. -Escutar aquilo foi como uma facada no estômago, ia responder mas fiquei quieta dirigindo-

- Aí mana, liga o som aí! -A Mari disse do fundo do carro e eu liguei-

Fomos o resto do caminho com Marianna, Lucca e Murilo discutindo sobre qual cor era a mais bonita, eu só as vezes dava algumas risadas mas logo voltava minha atenção a rua.

Chegamos no meu condômino e eu parei na casa da Mari, ajudei o ela e o Lucca a entrarem e depois voltei para o carro. O Murilo tava com a cabeça encostada na janela, cutuquei ele que só me olhou.

- Me leva pra casa, namoral. -Olhei pra ele sem entender-

- Como assim? Você vai dormir lá em casa!

Liguei o carro e dirigi até minha casa que ficava 1 rua na frente da casa da Mari, rapidinho. Parei o carro na garagem e desci pegando minhas coisas. Dei a volta e ajudei o outro a descer.

- Vou chamar um uber. -Ele pegou o celular mas eu tomei-

- Que isso Murilo? Você vai dormir aqui cara, não tem nem condição de você ir pra casa! Vai que o motorista te sequestra ou coisa pior.

- Tu nem iria se importar Jade! -Ele falou bolado e se encostou na porta do carro- Porra velho você esconde tudo de mim, me deixa 100% no escuro e eu não sei o que fazer! Hoje no bar eu fiquei parecendo um otário enquanto você tava falando com o cara lá, fora outras coisas. Tu foi lá em casa e disse aquelas paradas todas, eu sei que falei que iríamos deixar rolar mais não consigo, eu gosto das coisas certas e definidas...

- Olha só. -Segurei o rosto dele com as duas mãos- Você vai tomar um banho, dormir e amanhã conversamos sobre isso tá?

- Tanto faz. -Ele disse e virou o rosto, eu respirei fundo e ajeitei minha bolsa no ombro-

Subimos para meu quarto e eu coloquei o Murilo dentro do chuveiro, tava complicado ver ele tomando banho e não poder agarrar alí dentro daquele banheiro, mas acho que nós dois precisávamos pensar direitinho.

Separei uma bermuda que ele tinha trago na mochila e deixei em cima da pia, desci, peguei um remédio e voltei para o quarto. Ele já tava vestido e secando o cabelo com a toalha.

- Toma. -Dei o remédio junto com água pra ele e ele tomou- Tá melhor?

- Tô de boa, foi mal pelas coisas que eu falei lá no carro.

- Relaxa, deita aí que eu vou tomar banho e já venho.

Tomei banho e vesti um blusão, fechei as cortinas, liguei o ar e me deitei junto com o Murilo na cama. Ele resmungou alguma coisa e me puxou para perto.

Deitei com a cabeça no peito dele que colocou uma mão na minha cintura e outra alisou meu rosto. Suspirei e fiquei pensando um pouco antes de pegar no sono.

A Vida da Gente (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora