EU DEVERIA TER FICADO EM CASA. É a primeira coisa que vem na minha cabeça depois de checar o telefone pela décima vez. Visitar a família no natal costumava ser minha coisa favorita, até ela me acontecer. Depois que me mudei pra Nova York não voltei muito pra Orange, afinal, eu sempre tenho todas as pessoas que me amam, mas eu ainda me sinto sozinho, como agora.
Me encaro através do espelho atrás da mesa de jantar me sentindo meio patético, mas confortável, com a calça xadrez, combinando o resto da minha família. Sento em uma das cadeiras perto da gigante e exagerada árvore de natal, observando meus primos pequenos correrem pela casa. Volto a olhar pro aparelho na minha frente, ignorando todas as mensagem que chegam.
O barulho campainha tocando chama minha atenção no meio de todas as vozes altas. Não que eu fosse levantar para atende-la, mas fixo o olhar na porta. Desligo meu celular, colocando-o no móvel ao meu lado, observando Linsey andando até a entrada da casa. Ela dá um sorriso gigante quando a abre, porém não abre o suficiente para eu conseguir ver quem bate. Talvez seja seu namorado.
Porém não. Não, não, não. Mil vezes não.
Meu coração dispara quando vejo quem é passar pela porta principal e entrar na casa dos meus pais segurando algo como uma forma de assar bolo. Antes fosse o namorado da minha irmã. Depois de quase um ano, vejo seu rosto novamente. Vejo ela parada na frente da minha mãe, sorrindo e entregando o que tem nas mãos para a mais velha. Seus pais nunca estão aqui no natal, ou em qualquer data com ela, não me surpreende tanto ela estar aqui agora, afinal sempre fomos melhores amigos e ela sempre foi próxima da minha família.
Seu cabelo continua do mesmo jeito, cacheado e na altura dos ombros. Algumas cores diferenciam-no desde que a vi pela última vez, mas não me surpreendem. A calça frouxa e o moletom preto vestem seu corpo, nada diferente no estilo também. Alguns dos meus primos correm pra abraçar a garota. Ela sempre se deu tão bem com minha família.
Ainda somos amigos, ou éramos pra ser, mas todo mundo sabe que não é mais assim. Pelo menos pra mim. E eu continuo quebrando seu coração, até na minha cabeça. É uma droga saber que ela não foi feita pra mim e eu não fui feito pra ela, apesar de tudo parecer tão fácil.
"— E a partir de amanhã eu vou estar sozinho. Quer que eu te fale como é se sentir ótimo? Porque é exatamente o que eu tô sentindo agora – digo pra garota na minha frente.
— Eu sei como você se sente. E você sabe que mais que ninguém que eu sou a pessoa mais feliz do mundo por você estar seguindo o seu sonho, ok? Não pense que eu te faria desistir, essa é a última coisa que eu quero – apesar dela estar chorando, sua voz ainda é doce.
— Eu não disse isso. Eu tô indo embora amanhã e a última coisa que eu quero é deixar algo sem resolver aqui. Qual vai ser a última vez que eu vou te ver de novo? Daqui um ano? Dois? Facetime? – respondo, mantendo meu tom de voz calmo.
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one shots 𓆜 noah urrea
Teen Fictionhistórias elaboradas [as vezes não] com o cantor, ator, modelo, compositor, produtor, musicista, dançarino e rockstar, noah urrea. • a tobeslonely original fanfiction • 19rd, december, 2019 •