Simplória

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  Tadinha da minha planta, haviam dias de estresse, ansiedade e raiva. Dias tão quentes que suas raízes ficavam sedentas, desesperadas por um pouquinho de frescor e assim a planta, já frágil, secava e suas folhas caíam, do caule, amareladas. Então, outros dias, os de tempestades eram preenchidos de melancolia, vazio e tristeza. Assim, minha planta matava sua sede, mas era tamanha água que a afogava. E a terra úmida em excesso ameaça sua raiz tirando sua rigidez, a deixava vulnerável.

  E com o passar do tempo, e comecei a questionar minha planta. Tinha desgosto em vê-la assim, ficava envergonhado, principalmente quando olhava para as plantas das outras pessoas e as via tão floridas, e algumas até com frutos. Percebi até, que mesmo quando minha planta não estava saudável ainda era simplório pensar que devia me orgulhar dela. E a minha estando, agora, em decadência me fez ignorá-la, mas percebi que as outras pessoas a via. Então, passei a escondê-la - até do sol - e as pessoas sentiram a sua falta. Mas, eu não podia mostrá-la naquele estado. Eu não queria mostrar minha planta doente.

  Eu me via angustiado com essa planta, pois ela não melhorava. Ela estava horrível. Estava podre. Falida. E não tinha em mente mais nada que fazer por ela. Enquanto, eu a encarava me senti impotente, miserável. Fiquei com ódio - de mim -. E não era ódio por ela ter adoecido, era por não conseguir recuperá-la. Então, decidi que iria matá-la. Isso com certeza me levaria junto, mas não me importava mais. Preferiria ficar sem planta do que tê-la tão medíocre.

  Com o passar do tempo, pouco a pouco, eu fui quebrando seus galhinhos. Deixava dias em sede. Em outros, a afogava. Até que um certo dia o demônio me beliscou o coração e eu a arranquei do vaso. E fiquei olhando pra ela. Partilhando a sua angústia, sua dor, pois sou parte dela. Depois de tanto sadismo senti remorso e até medo. Embora, eu resisti replantá-la. Só resisti por não querer mais lutar por ela, mesmo meu medo aumentando a cada instante que ela enfraquecia em insistir em sobreviver. E nos instantes finais, meus e dela, percebi que ela era única coisa que eu tinha. Que mesmo sendo fraca e simplista ela era única 'coisa' que resistia as dificuldades desses dias. Ela estava fraca, murcha e melindrosa por persistir pra sobreviver e pra me manter vivo...

 E, antes mesmo de terminar o raciocínio, eu a replantei.  

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