O clamar que não cessa

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Eu francamente escrevi isso apenas pq eu podia. Vou começar a ler a novel agora e talvez faça outros trechos. 

~~~~~~ N.A~~~~~

O silencio em Guso era pleno. Animais não subiam naturalmente ao pico das nuvens e os insetos eram os mais silenciosos que se poderia imaginar. A calma e a elegância eram parte de todo e qualquer aspecto que se tentasse buscar ali. Dentro de cada residência um belo rosto se encontrava ressoando baixo, devagar, em meio a tons claros que variam entre o mais puro branco e o azul celeste.

No pavilhão principal, onde as residências da família do líder da seita foram construídas, por outro lado, parecia ter uma pequena desordem. Mesmo que fosse um fator contínuo de muitos anos, ainda desvia daquele padrão por gerações seguido e mantido, de forma literal, escrito nas paredes da montanha.

Esta desordem vinha de HanGuang-jun. A segunda jade de Guso. Mais uma vez o sono o havia abandonado.

Dentro de seus aposentos, Lan Zhan olhava para o teto feito de bambu trançado e fechou os olhos devagar apenas para soltar um suspiro. O aperto em seu peito mais pareciam mãos cruéis estrangulando seu coração, tentando a todo custo o fazer parar de bater, mas sem sucesso, causando apenas dor e desconforto. Ele abriu os olhos devagar de novo, se virando na cama apenas para ver A-Yuan ressoar baixo e comportadamente em sua cama do outro lado do cômodo. Por alguns segundos HanGuang-jun se sentiu repuxar os lábios em um sorriso pequeno e mínimo ao ver que o menino tinha um dos braços caídos para fora das mantas e que a maioria do que deveria servir para o aquecer se encontrava embolado aos seus pés.

Quantos anos ele já tinha? Sua mente ainda nublada pelo sono não conseguia se lembrar com exatidão, mas ele estava tão diferente de quando estava com Wei Ying... Poucas coisas o surpreendiam ou tocavam, mas a forma como via aquela criança crescia rápido o deixava nervoso e com um sentimento de perda. Sentia cada vez mais que deveria ficar ao seu lado e o ensinar apropriadamente. Mas sempre que estavam juntos ele sentia que algo faltava e uma melancolia que não conseguia esconder o atingia forte, ao ponto de aquela criança se preocupar. Aquilo o fazia sentir tão fraco e imponente...

Por vezes tentou usar a bebida para esquecer, mas nem mesmo o amado licor de Yiang "o sorriso do imperador" - que ele escondia sob o piso em seu quarto - servia para afastar aqueles sentimentos densos e trazer de volta o sono. Sentia falta de quando apenas precisava de alguns goles para cair em sono profundo, em uma sensação de moleza tranquilizante. Hoje em dia, apenas o induzia a caminhar sem rumo e o fazer perder a face diante de sua família ao agir como um adolescente rebelde, quebrando as regras da seita sem qualquer motivo real.

Felizmente desde que seu irmão o chamou a atenção para o exemplo que ele poderia dar a Sizhui, caso um dia o pegasse agindo daquela forma, ele havia parado de fazer aquele tipo de coisa nas imediações do clã. Mas fora dele nada o impedia de cometer aquele erro, principalmente se algumas lembranças voltassem por ser uma paisagem conhecida.

Exausto de tentar argumentar consigo mesmo que não deveria ceder ao álcool naquela noite, o homem finalmente se sentou na cama, desistindo de dormir. Suas roupas não estavam muito fora do lugar, mas por hábito ele as ajeitou e atou sua fita na testa, sem se preocupar em amarrar seus cabelos. Ele se levantou, pegando mais um robe que estava pendurado e o vestindo por cima apenas para nãos ser inapropriado caso fosse visto.

Seus passos pelo quarto mal possuíam som, ele caminhou devagar e parou ao lado da cama de A-Yuan, ajeitando seu braço caído e puxando algumas das mantas ao sentir a pele gelada. O menino se aconchegou e ele não resistiu a sorrir de novo ao passar os dedos levemente pelos cabelos longos.

A melodia da minha almaOnde histórias criam vida. Descubra agora