▪︎ 4: "Promiscuous Girl"

554 23 20
                                    

Sérgio Guizé.

— Sérgio Guizé, você não vai pra essa festa! —  A voz fina e enjoada de Bianca correu pelos corredores da casa e me fez revirar os olhos.

Eu entendia certos posicionamentos dela, como o fato de eu ter concordado e ir a uma festa em Búzios em cima da hora. Mas, de uma forma ou de outra, eu continuava sendo um adulto e possuía o direito e ir e vir. Não era porque ela estava emburrada ou sem vontade nenhuma de me acompanhar que eu deveria ficar em casa com ela, ouvindo suas lamúrias e criando discussões a cada cinco segundos.
Além de tudo, não poderia deixar explícito o desejo incontrolado de encontrar Paolla urgentemente. Por isso, falei que alguns amigos estariam e que eu continuava sem assunto com Paolla... Bem, seria melhor se ela não tocasse no meu celular.
Peguei o aparelho, as chaves de casa e coloquei no bolso. Depois, apanhei as chaves do carro e estava pronto para partir, quando Bin agarrou-me pelo pulso com uma força abusiva. Suas unhas quase penetrando em minha pele, me puxando para dentro de casa.

— Se você for, dorme no sofá! Ou melhor, na casa do cachorro. Qualquer lugar que não seja a mesma cama que eu. — Disse ela, colocando cada vez mais força naquela mão.

Soltei meu pulso com força, sentindo o arranhão arder no mesmo momento e o vergão subir.
Fuzilei um olhar tão poderoso que por pouco não virava um fuzil verdadeiro e apontei um dedo, apenas um único dedo em seu rosto. Apesar de estar furioso, eu sabia como um homem deveria se portar. Respirei fundo e falei num tom fatal, ainda que baixo:

— Você nunca mais me trata assim e nem sonha em me pegar desse jeito. Eu sou seu marido mas não sou otário... Há uma diferença entre isso que estamos vivendo aqui e respeito. Sou adulto, Bianca. Posso dormir até na casa da minha mãe se eu quiser, mas não me submeto a isso. — Vociferei entre os dentes. — Eu vou sair e volto quando eu entender... Finge que você é uma criancinha e pensa no que você fez enquanto eu estiver fora, pensa na nossa relação e onde ela está indo. Talvez você tenha uma pista do destino dela.

Abri a porta já destrancada e saí com passos rápidos daquela residência de atmosfera tão pesada, sem me preocupar em olhar para trás ou dar qualquer atenção às palavras choramingadas atrás de mim. Bianca era cínica, mas esse jogo não me comovia mais. Entrei no carro com agilidade, liguei, dei partida e parti com rapidez.
Me senti livre quando saí da quadra de casa, ainda mais quando lembrei o real motivo de eu estar indo tão longe de casa. Paolla me esperava numa festa da qual as pessoas mantinham segredo com suas vidas, eu poderia amar a garota que de fato roubara meu coração sem ter medo de ser julgado por Deus e o mundo. Dançar, beber umas e colocar o papo em dia. Era dela que eu precisava e agradecia aos céus pela oportunidade. Precisava dos seus beijinhos, do seu toque, da sua malícia nos olhos. Como fui tolo de dar uma segunda chance ao casamento podendo estar com ela em meus braços...
O caminho inteiro pensei nela, de todas as formas humanamente possíveis. E de todas as formas, eu sentia sua falta.
Quando as memórias sexuais passaram em minha mente, preferi imaginar qualquer outra coisa ou bateria o carro.
A viagem, felizmente, foi mais rápida do que eu pude realmente reparar.

Estacionei o carro perto do ambiente, me identifiquei na portaria como convidado de uma festa no condomínio e fui instruído pelo porteiro até o local que estava acontecendo de fato.
A festa havia começado e parecia fazer bastante tempo, pois a música tocava alto, muitas pessoas já pareciam meio bêbadas e todos dançavam como se houvesse amanhã.
Entrei no meio da multidão e encontrei Paolla, conversando com um copo enorme de caipirinha em mãos com algumas amigas. Dei um sorriso maldoso, enquanto um lampejo de malícia aparecia em mim.
Decidi surpreender ela por trás, então, em passos quase impossíveis de perceber, colei meus lábios em sua orelha e sussurrei em seu ouvido:

— Oi, garota. Por acaso vem sempre aqui? — Disse, no "tom irresistível", como ela diria.

Ela se virou para mim no mesmo instante, seu cabelo batendo. Uma das suas sobrancelhas arqueeou e ela sorriu largo, visivelmente animada por me ver. E não estava bêbada, por incrível que parecesse.
Paolla apenas deu um beijo em meu rosto, me puxando para um canto mais escuro da festa, perto da mesa do DJ e isolado das pessoas mais bagunceiras.
Minha garota me colocou contra a parede, literalmente com as costas coladas lá, e deixou suas mãos espalmadas em meu peitoral.
Ela ficou na ponta dos pés e deixou uma trilha de beijos pelo meu pescoço, deixando vários chupões que deixariam marcas. E eu? Completamente rendido, com as mãos envolvidas em sua cintura com firmeza e presença. Fechei os olhos apenas para aproveitar com propriedade. Aos poucos, eu ficava tão emergido ao jogo dela que entrava num outro espaço desconhecido, a música abafava em minha cabeça e o estalo dos seus lábios em minha pele era a única coisa que parecia tocar para mim.
A apoiei em meu joelho para a erguer, deixando-a na minha altura. Nossos lábios se encontraram com fervor, de modo que nossas línguas dançavam dentro das bocas. Fazia quanto tempo que eu não beijava com tanta vontade assim? Deslizei uma das mãos calmamente de sua cintura até a bunda e apertei com gosto, ouvindo ela gemer baixinho contra os meus lábios.
Quando nossas respirações necessitaram de ar, nos afastamos ofegantes e sorridentes. Como se aquela fosse a evidente fórmula da felicidade.
Abri os olhos e usei o polegar para ajeitar o batom vermelho em sua boca, tirando o borrado do entorno lentamente, mirando-a com um sorriso bobo evidente, enquanto ela mantinha o olhar nos meus olhos.

— Que forma diferente de cumprimentar alguém... Quero que nossa forma de dar "oi" seja assim sempre, garota. — Falei, enquanto terminava de fazer o favor e a puxar para mim novamente, nossos corpos colaram e a gente se mexia ao som da música.

— Eu quis provar pra você, minha vida toda, que não é o único que está sedento. Estou tão doida por você quanto você está por mim... Quero você todinho, entendeu? — Ela disse, completamente dissimulada. Quando terminou, movimentou a língua pelos dentes de forma provocativa, meus olhos seguiram ela e voltaram aos seus olhos.

— Prove mais, só assim para eu acreditar. — Sussurrei contra seus lábios, deixando um selar no canto de sua boca.

Ela ergueu ambas as sobrancelhas com descrença, apenas balancei a cabeça positivamente com o mesmo sorriso provocativo que antes ela dera.
Paolla se afastou e foi até o DJ, sussurrando algo em seu ouvido. Quando ela voltou, uma batida de funk um pouco estourada começou e praticamente, todas as pessoas comemoraram a mudança.
Ela se colocou de costas para mim, se abaixou e encaixou sua bunda na direção do meu membro, ainda que dentro da calça, os pensamentos futuramente impuros me deixariam a desejar.
Paolla esperou sincronizar sua dança com a música para começar as reboladas provocativas.
Ela movimentava-se contra mim de forma que nem mesmo o homem mais santo do mundo poderia aguentar, biológica ou psicológicamente.
Haviam momentos que eu era pego de surpresa e eu não poderia segurar o gemido baixo. E sempre que ela ouvia, ela apelava. Cada vez mais e mais.
A segurei pela cintura contra mim e ela me olhou sobre o ombro, percebendo a forma que ela havia me deixado... Em plena festa.
Ela então se levantou novamente e, para que eu não passasse vergonha, imediatamente se colocou na minha frente, sua mão deslizando — subindo e descendo em minha coxa.
Puxou-me pela nuca para que eu pudesse ouvir seu sussurro:

— Me leva pro motel agora, Sérgio. Ou vai ser aqui e agora.

Uma proposta irrecusável... Passar a noite no motel.

— Vamos, garota. — Respondi, completamente insano por ela.

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora