Bônus

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*Grego

Saio de casa assim que amanhece, tomo um café amargo e desço a enorme ladeira na minha moto, viro a esquina e entro no beco que leva até o QG. Paro a moto em frente ao "edificio", olho o relógio que marca 6:00.

Entro no local e vou diretamente para o computador. Meus dedos rapidamente digitam um nome, Fernando Árias.

Segundos depois uma foto de Fernando aparece com a seguinte legenda em uma reportagem : O Empossador de Morros.

Esmurro a mesa e passo as mãos pelos cabelos. Droga! Ele continua vivo!

Eu e Fernando nos conhecemos desde criança. Ele sempre buscou ocupar o meu lugar, ainda quando éramos apenas adolescentes, Nando queria roubar tudo de mim, e não é diferente hoje. Tudo que ele tem é graças a mim. Eu salvei a sua vida. Eu o dei a vida novamente depois daquele acidente. Ele e Tiago me devem as suas vidas.

Hoje o pagamento que recebo por ter deixado ele viver é a perseguição a mim e o prêmio de milhares de reais pela minha cabeça.

Fernando foi a primeira e única pessoa pela qual senti pena, foi desumano sua situação. Ele foi a prova viva de que as pessoas não merecem uma segunda chance.

Hoje sei que é ele que quer minha queda, assiste de camarote cada invasão feita no morro a espera da notícia que me acertaram com um tiro no peito. Mas, eu não gosto de dar gosto ao diabo, sendo assim continuo firme e forte no meu trono.

O alemão é meu, e ninguém vai ser capaz de tirá-lo de mim!

***

Algum tempo depois Tito aparece, entra me olhando estranho e se joga no sofá.

—O que aconteceu Daniel, Caiu da cama? –Olha as horas no relógio e eu maneio a cabeça.

—Só quis compensar não ter vindo ontem. —Digo ríspido.

—Entendi.

—E tinha que pesquisar sobre algumas coisas também.

—Pode falar, estamos sozinhos ainda.—Afirma endireitando a coluna.

—Eu descobri que o Fernando já voltou para o cargo de delegado, o miserável parece gato, sempre cai de pé. –Bufo. —Ele está planejando alguma coisa.

—Desconfia de algo Grego? –Tamborizo os dedos na mesa.

—Não. Fernando é a mente mais imprevisível que eu conheço. –Olho para o Tito. — Mas, tenho quase certeza de uma coisa, Ele vai querer distração e no auge vai querer mídia, ele é uma paquita da Xuxa, gosta de holofotes, principalmente quando se trata do alemão.

—Temos que fazer alguma coisa.

—Isso eu já sei, –Reviro os olhos. —Não sei o que deve ser feito, mais eu sei que temos que levantar nossa bunda dessas cadeiras e fazer alguma coisa... ou o pior vai acontecer.

Sinto uma dor no peito de angustia.

—Podemos ter convicção de uma coisa, ele vai atacar no que mais dói, meu irmão é assim.  –Tito fala e eu olho pra ele com os olhos queimando de ódio.

—Alexia!–Esmurro a mesa e grunho. —Eu vou matar aquele desgraçado!

---Alexia não é o centro do universo.

---Mais é a coisa mais importante para mim.

****

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora