Por entre uma explicação e outra, Ji Min foi descobrindo mais sobre a pequena princesa.
No fim das contas, o azedume dela não passava de um mecanismo de defesa, com uma pitada de falta de tato. Segundo ela, a infantilidade das crianças a entediava, tudo que contava aos servos sempre ia parar nos ouvidos da mãe e virava motivo de repreensão, e não tinha paciência para aturar as viagens da irmã mais velha. Por isso, cortava logo qualquer assunto que tentassem puxar. Eram todos chatos e indignos de confiança, ela preferia a companhia dos livros a deles.
Yoo Ri não disse, mas ficou claro para Ji Min que Yoon Gi era a exceção num universo de seres indesejáveis. Não era apenas o irmão mais velho, como o único amigo dela. Não era à toa que havia se arriscado tanto só para vê-lo.
Não se surpreendeu nada ao vê-la abandonar a pose séria e correr para ele assim que apontou na entrada dos aposentos.
Yoon Gi estava todo esbaforido, o que deixou Ji Min um pouco preocupado — era óbvio que viera correndo ao saber das “boas novas” —, e parecia prestes a passar um sermão daqueles, mas acabou amarelando ao ser responsabilizado por tudo. Yoo Ri nunca teria cometido uma loucura daquelas se ele não tivesse se afastado. Ele era um completo chorão afinal de contas, precisava mais do que nunca da ajuda dela — Ji Min quase não conseguiu sufocar o riso ao ouvir isso —, e não restou remédio a Yoon Gi, senão baixar a cabeça e pedir desculpas a menina.
Dali em diante, ambos se focaram em matar a saudade.
Ji Min se retirou logo depois que almoçaram. Teria ido antes se os irmãos não tivessem insistido que os acompanhasse, mas foi bom. Assim pôde ter certeza de que a princesa ficaria no Palacete pelo menos até a hora do jantar — do contrário, Yoon Gi não teria desmarcado todos os compromissos da tarde. Prepararia algo especial para ela. Afinal, se não fosse por ela, ainda não saberia o que fazer para agradecer a Yoon Gi pelas aulas de língua. Isso sem contar as dúvidas que ela própria tirou. Teria de adiar as consultas da tarde para depois do jantar, mas valeria o esforço.
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— O que são exatamente essas iguarias? — quis saber Yoon Gi, encarando o conteúdo das cumbucas dispostas diante dele. A forma como mordia e entortava os lábios, sem mencionar que quase não piscava, delatava que ele estava bastante atraído pela comida, embora as leves ruguinhas na testa e a hesitação em apanhar os jeotgarak. Devia duvidar da confiabilidade do sabor.
Desconfiado que só ele, pensou Ji Min e disse, apontando cada prato:
— Kebab de cordeiro, strogonoff, isca de fígado acebolado, esfirra, churrasco e hambúrguer ao molho de mostarda. Ah, e isso é batata frita. Umas coisinhas do lugar de onde eu vim.
— Todas as fadas comem isso?! — perguntou Yoo Ri, animada.
— Fadas? — estranhou o Imperador.
— Ah, quando dá a gente come — Ji Min respondeu a garota, fazendo um gesto para indicar a Yoon Gi que explicaria tudo a ele depois. — Eu não como churrasco há um tempão! Não é o tipo de comida que se faz pra comer sozinho, sabe?
— Você cozinhou essas coisas? — Yoon Gi parecia para lá de surpreso.
— Precisei de umas mãozinhas extras, senão não daria tempo de aprontar tudo. Mas, sim, fui eu. — O Imperador voltou a observar a comida, com um semblante ainda mais curioso que o anterior. — Os hambúrgueres e os recheios das esfirras deram um bocadinho de trabalho, porque aqui processadores de alimentos só existem na minha cabeça, mas deu tudo certinho. Vão em frente, provem!
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Outlander || Yoonjikook
RandomA vida de Park Ji Min se resume a fazer seus deveres acadêmicos - que consomem quase todo o seu tempo -, comer e dormir. Suas amizades são mantidas por encontros de corredor, raras visitas em casa, ligações e mensagens. Vivendo entre o silêncio da c...