castelinho de areia • mo dao zu shi

castelinho de areia

Wei Wuxian não era uma criança comum. O pequeno era destemido, desbravador, extremamente eloquente e astuto para uma criança de 11 anos de idade. Argumentava como um jovem adulto e brigava como um adolescente. Apesar de sua aparência infantil e suas bochechas gorduxas constrastando com o resto da magreza de seu corpo, ele era uma criança forte. Era justo e corajoso e nunca deixava uma injustiça impune. Mesmo que isso significasse um nariz sangrando ou um joelho ralado ou algum castigo desproporcional para suas atitudes.

Ele era uma criança taxada como problemática. Tendo passado por um período órfão vagando pelas ruas quando era pequeno, Wuxian aprendera a se defender e a defender o que lhe era precioso antes de ser adotado pela família Jiang. Por seu histórico os adultos não o levavam a sério, o culpavam por tudo e as outras crianças e adolescentes não brincavam com ele.

Wei Wuxian gostava de ir ao parquinho da cidade e sentar embaixo de uma das árvores ou no ponto mais alto do castelinho de madeira e ler um livro qualquer enquanto observava as crianças rindo e correndo, brincando e chorando quando caíam. Se alguma criança menor chorava, Wuxian era o primeiro a saltar de onde quer que estivesse para ajudá-la e tentar acalma-la. Era simplesmente como ele funcionava.

"Olha o esquisito." Uma voz cínica disse. "Ele fica ali olhando..." A voz continuou.

"Ele não é irmão daquela menina? Aquela que é..." Uma segunda voz começou a dizer, chamando a atenção de Wuxian, que abaixou seu livro e buscou de onde a conversa vinha. "Sabe?"

"Doente." A primeira voz repetiu. Wuxian franziu o cenho identificando o grupo de primos Jin. "Sei." O adolescente arrogante se aproximou rapidamente de uma criança claramente menor, que brincava sozinha no tanque de areia com um sorriso largo nos lábios. "Ô esquisito. Tá fazendo o que aqui?" O garoto sentado levantou o rosto com seus olhos já grandes ainda mais arregalados. Sua boca se abriu, mas ele não parecia capaz de formar palavras. "Que foi? O gato comeu sua língua?" O jovem arrogante riu e pisoteou o montinho de areia que o menor havia feito. Os olhos do mais novo se encheram de lágrimas. "Ninguém te quer aqui. Caso não tenha ficado claro."

"Será que sua mãe não te educou direito, Jin Zixun?" Wei Wuxian desceu de onde estava, com seu livro fechado e um sorriso debochado nos lábios. O outro membro da família Jin se aproximou devagar. "Jin Zixuan, não é um costume da sua família ser educado? Seu primo não parece entender isso muito bem."

"Wei Wuxian." Jin Zixuan o repreendeu. "Não se intromete."

"É, moleque. Por acaso você é amigo com o esbugalhado aí?" Jin Zixun questionou mal humorado. Wuxian riu e se aproximando, entregando seu livro para o garoto e sorrindo para ele.

"Pode segurar pra mim?" O garoto arregalou os olhos novamente, mas assentiu, abraçando o livro como se fosse seu tesouro mais precioso. Wuxian se aproximou dele e estendeu sua mão; o garoto fechou os olhos em reflexo e Wuxian parou seu movimento pela metade. O menino abriu um dos olhos, espiando por entre seu cabelo; Wuxian sorriu docilmente. "Posso enxugar sua lágrima?" Ele perguntou. O menor assentiu e deixou que Wuxian limpasse seu rosto de maneira leve e carinhosa. Wuxian levantou-se e virou-se de costas para o garoto, cruzando os braços em frente ao corpo e encarando os pré-adolescentes mais altos do que ele em sua frente. "Por que não implicam com alguém do tamanho de vocês?"

"Ninguém quer o irmão de uma sapata por perto." Jin Zixun disse cuspindo suas palavras com asco. "Vai que ele é doente igual ela." Wei Wuxian fechou os punhos com força, dando um passo para frente. "Vai vir pra cima? Vou te quebrar, Wei Wuxian."

"Só espero que tudo o que você não tenha de cérebro tenha de força porque se for igual não vai acertar nem o primeiro soco." Wuxian respondeu e desviou do punho do mais velho, rindo alto. "Imaginei isso mesmo!" Wuxian se jogou para cima do outro menino, acertando um soco em seu rosto.