6 anos atrás
Deitada sobre aquela cama fria, sentia as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Meu coração batia acelerado, meu eu já não era mais tão meu assim. Um nojo enorme tomava conta do meu ser, mas, nojo maior sentia eu de quem me tocava. Aquelas mãos frias e enrugadas traçavam caminhos pelo meu corpo, e sem meu consentimento ele se permitia entrar e sair de dentro de mim quando bem quisesse. O ar já se fazia ausente. Quanto mais eu pedia para que ele parasse mais ele acelerava , era como se minha tristeza fosse o combustível que faltava para sua felicidade. Ele insistia em dizer que estava fazendo aquilo por amor, que ele me amava, que aquilo era amor. Mas, que amor é esse ? Um amor violento, que me viola e me destrói. Eu não desejo esse amor. Por fim, acabou! Ele estava satisfeito, e eu estava destruída. Ele se sentou, e por alguns segundos me observou chorar, levemente passou sua mão sobre a minha cabeça e disse que ficaria tudo bem, que pra uma primeira vez eu até que fui bem. Se levantou, caminhou até a porta, parou, voltou o olhar para mim e se despediu. Se foi, levando consigo tudo o que havia de bom dentro de mim. Me levantei e fui tomar um banho, pra vê se eu conseguia tirar ao menos o seu cheiro de meu corpo. Cabeça em baixo da água, lágrimas e sangue lavavam o chão. Eu estava destruída, acabada, sem chão. Minha alma estava despedaçada, e seus pedaços estavam perdidos em meio aos destroços!. Meu eu já não me pertencia mais, eu já não me conhecia mais. Eu mal conseguia respirar, o choro tomou conta de tudo, e aquele aglomerado de sangue me dava náuseas. Eu me perdi de mim no momento em que eu disse sim.Mais uma vez...
Uma passada de mão aqui, outra ali... e assim foi durante uma semana após a primeira vez. E quando se acha que não pode piorar, caímos do cavalo. Ele me destruir não era o suficiente, não se ele estivesse fazendo isso sozinho. Aconteceu de novo, e dessa vez ele tinha companhia. Um vizinho que morava do outro lado da rua. Novamente eu sangrei, novamente eu chorei, e novamente ele me disse que ele estava fazendo isso por amor, e que estava fazendo aquilo pois eu tinha dito sim, eu tinha deixado, eu havia concordado. Mas, aonde é que já se viu... eu nunca concordaria com isso, meu corpo, minha regras. Dessa vez eu não lutei, fiquei ali, parada, feito uma boneca sendo jogada pra lá e pra cá. Em mim não restava nada além da dor e do vazio. Minha vontade era de gritar, mas me faltava voz. Vontade de lutar, mas me faltava a força. Vontade de fazer parar, mas eu não sabia como. Enfim acabou. Estavam satisfeitos, segundo ele "trabalho concluído". Se sentaram no sofá da sala, e começaram a conversar, enquanto no canto eu estava chorando e sangrava. Me levantei, e caminhei até o banheiro, deixando os dois na sala. Entrei e fui direto para baixo do chuveiro, e mais uma vez as lágrimas e o sangue lavaram o chão. Eu não aguentava mais, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Sai do banho e eles estavam na portão, o vizinho estava dizendo algo sobre " precisamos marcar o segundo round". Meus olhos se encheram de lágrimas, abaixei a cabeça e fui para o meu quarto. Embaixo da minha cama havia alguns remédios pra ajudar a dormir, tomei alguns comprimidos e me deitei, chorando peguei no sono.
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Quem sou eu ?
RandomUm corpo, algumas histórias. A verdade e a mentira. O alto e o baixo da vida O longe e o perto da visão A verdade que eu guardei A Mentira que eu contei.