Capítulo #1

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Somos condenados desde o momento em que nascemos.
Se nascemos com uma estrela no pulso significa que tivemos sorte.
Se nascemos com uma lua, azar.
Tive sorte, talvez nisso eu tive sorte...
Lembro-me da minha mãe me contar a sensação que sentiu quando viu uma estrela desenhada no meu pulso...
Era inevitável que esta não aparecesse... os meus pais são ambos da luz, logo ambos têm estrelas desenhadas como rabiscos nos pulsos, desde que nasceram.
Porém, não me lembro da estrela no pulso do meu pai... ele desapareceu quando eu apenas tinha 6 anos, lutava fortemente contra a força das trevas numa luta indeterminada à quase 12 anos atrás...
Fora derrotado, e desapareceu, deixando a mulher e a filha sem rumo...
Foi numa nuvem de fumo, a morte simplesmente levou-o com ela.
A minha mãe não gosta de tocar neste assunto delicado, porém, nunca me ocultou esta história.
Sabia que o meu pai fora um lutador da luz muito corajoso! Ele honrou a estrela no pulso dele até à hora em que não respirara mais... mas este, é o nosso mundo...
Somos condenados a aceitar o destino da luz ou das trevas... talvez porque os nossos antepassados aceitaram o deles, ou talvez porque cabe a nós seguir o que nos foi destinado... de qualquer maneira as guerras entre a luz e as trevas foram constantes durante anos... mas pararam quando a sociedade decidi-o que o melhor era repartir o nosso mundo em 2 metades, metade da luz... metade das trevas!
Desde então somos ensinamos que se um dia virmos alguém que se oponha à nossa natureza, devemos ignora-lo... o que não é difícil, porque desde que o mundo se dividi-o que pessoas da luz, como eu, não se misturam com pessoas que têm luas desenhadas nos pulsos...
No entanto, eu e a minha mãe vivemos perto da fronteira de divisão... por isso, do cimo do monte mais alto consigo avistar uma parte da cidade vizinha que pertence aos cidadãos das trevas... é tudo preto, não há luz, não há harmonia e provavelmente, não há sorrisos!
Nunca tive vontade de lá entrar! Nem devo... mas amanhã faço 18 anos... o que indica que iniciarei os meus estudos na escola prestigiada de GrandWill, onde os alunos vivem felizes e praticam feitiços poderosos... Oh, pois é... esqueci de referir que cada um de nós, da luz ou das trevas, revela poderes de acordo com o tipo de pessoa que é! Como sou da luz... tenho poderes bondosos, pacíficos e provavelmente os feitiços mais brilhantes que se pode ver... já os das trevas... possuem poderes malignos...
Não que me importe com isso! Não tenciono ver sequer como eles funcionam... no entanto... como estava a dizer, a escola de GrandWill é uma das melhores daqui da zona. Sempre foi o meu sonho ir para lá!
Porém, é o único ponto do nosso mundo onde ainda não há divisões.
Alunos das trevas não terão as mesmas aulas que eu... no entanto almoçarão no mesmo refeitório, jogarão no mesmo campo e andarão na mesmo biblioteca lendo os mesmos livros que eu... é assustador para quem nunca viu alguém das trevas sem ser do cimo de uma colina... no entanto...

- Emma! Almoço! - A minha mãe gritou tirando-me dos meus pensamentos.

Estava a ler e nem dera por isso... estava tão perdida a pensar como serão as coisas daqui para a frente que me esqueci das histórias encantadas que tinha no meu colo. De qualquer das maneiras, levantei-me da cama pousando o livro na estante presente no meu pequeno quarto. Coloquei uns chinelos nos meus pés frios e desci até à cozinha... onde o cheiro a carne bem temperada invadia a minha barriga esfomeada.

- Senta-te querida! - Disse a minha mãe sorrindo para mim enquanto segurava a grande panela que continha o nosso almoço.

Ela pouso-a colocando um pouco de comida para mim e para ela... parecia tudo tão bom que me fazia esquecer a confusão que pairava sobre a minha consciência.

- Estás aborrecida com algo? - Ouvi ela perguntar, olhando para mim com uma cara preocupada enquanto cortava um pedaço de carne e o juntava ao arroz presente no prato.

- Estou só... nervosa, eu acho - Disse sinceramente. Sentia-me nervosa... talvez pelo facto de começar uma nova etapa na minha vida.

- Vai correr tudo bem.- Ela disse sorrindo - Quando deres por ti terás terminado a escola e serás uma das pessoas mais poderosas deste mundo.

Realmente espero que ela tenha dito aquilo apenas para me animar, porque isso jamais aconteceria... não costumo usar muito os meus poderes, prefiro executar qualquer tarefa por mim mesma... mas sei que existe pessoas que não pensam em mais nada além do poder que possuem... de qualquer das maneiras, afirmei que sim à minha mãe e comi silenciosamente, esperando que a minha cabeça não se cobrisse de pensamentos outra vez, atraiçoando-me.

No Abismo Da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora