Capítulo Vinte e Um - Sentimentos Confusos

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Eu queria socá-lo.

Eu iria socá-lo.

Mas tudo o que fiz foi ficar parado observando umas das cenas mais estranhas que já vi, com a raiva borbulhando em mim.

Desde quando Spencer gostava de April? Quer dizer que na minha casa, quando ele me perguntou se podia ir atrás dela, ele estava sério?

Vi que April me pegou observando-os e fugiu. O pobre Spencer, achando que ela tinha fugido dele, suspirou e fechou a porta.

"Pobre Spencer"? Está mais para traíra!

Entrei na minha sala apressado e confuso. Deitei no chão frio que sempre me acalmava, mas nem ele conseguiu.

Peguei meu celular e num ato completamente estúpido, enviei uma mensagem para April:

"Você vai aceitar?"

Pensei em apagar, mas não sabia se deveria. Afinal, era tudo o que eu queria saber.

Recebi várias ligações do Chefe, seguidas por mensagens em Caps Lock sobre eu não ter voltado à sessão de fotos. Levantei e coloquei a primeira roupa normal que encontrei no meu armário. Saí do prédio sem nem olhar se Miranda me viu.

Andei pela cidade, agradecido pela noite ter chegado, escondendo meu rosto. Caminhei sem rumo, observando a rotina das pessoas, pensando em tudo o que aconteceu nesses últimos meses. Lembro como se fosse ontem o dia que conhecemos o Chefe. Nós éramos uma banda de garagem, tocávamos nos aniversários de nossos amigos e por alguma razão, alguém nos filmou e colocou na internet. Em um ensaio de quarta-feira, um homem robusto, meio gordo e todo cheio de si bateu na porta da casa de Mike, exigindo falar conosco.

Pensei na nossa trajetória até agora. Achava que cantar nas festinhas era legal, mas só porque nunca havia estado em um palco de verdade, ouvir a voz dos fãs cantando minhas músicas comigo. Meu primeiro show foi tão incrível que eu me senti a pessoa mais completa do mundo. Fazer músicas e ter shows era minha vida completa.

Mas então veio April e meus sentimentos.

Parei no banco de um parque e olhava as famílias andando com seus cachorros. Olhei para as árvores que se recuperavam do inverno e percebi que eram as mesmas árvores que vi no dia em que encontrei April chorando.

Aquele dia foi revelador.

Ela veio na minha direção como um foguete e não consegui escapar da trombada. O celular dela caiu, mas observei que a pessoa não percebeu.Vi que era ela e que estava chorando. Meu coração na hora venceu meu cérebro e ao invés de afastá-la, eu a abracei, tentando acalmá-la e pensando ao mesmo tempo se eu estava doente.

Quando ela desmaiou, entrei em pânico. Peguei o celular dela e corri carregando-a até em casa, tentando reavivá-la chamando seu nome. Meus amigos estavam lá e ficaram igualmente desesperados quando me viram carregando-a. Nosso motorista sabia um pouco de primeiros socorros e examinou-a, dizendo depois que ela só tinha desmaiado de cansaço.

Mas eu só acreditei quando ouvi o barulho do sofá afastando.

Então percebi que estava ferrado, que meu coração se recusaria a bater apenas por mim de novo.

O barulho de notificação me tirou de meus pensamentos e vi pelo bloqueio de tela que April havia me respondido. Com as batidas do coração ecoando em minhas orelhas, desbloqueei a tela.

"Isso não é da sua conta. Você devia é estar se importando com a sua nova namorada".

Bloqueei o celular e deitei no banco. Tinha esquecido que ela havia visto o beijo. Talvez o pior beijo, porque não era alguém que eu gostava. Violet me pegou desprevenido, mas eu não vou deixar acontecer de novo. Uma pena que a foto foi tirava e a fotógrafa ficou tão feliz com a cena que duvido que apague a foto se eu pedir.

Com a Banda COLORS!Onde histórias criam vida. Descubra agora