Um minuto.
O relógio marcava um minuto antes da meia noite. Eu só precisava esperar um pouco mais para seguir o objetivo. Encostei-me entre dois painéis de madeira vintage e me agachei com lentidão, tendo cuidado com o barulho das botas duras e pretas – tirei-as antes que pudesse me atrapalhar mais. Mentalmente, visualizei toda a planta do sobrado. Tinha pouco mais de quinhentos metros quadrados e três entradas – uma atravessava a parede do fundo entre o a área da piscina e o jardim de inverno coberto por vidro, outra ocupava a frente principal coberta por luzes brancas e alarmes ocultos de olhos desatentos, e uma última pela lateral, no corredor oeste. Os seguranças foram bem posicionados, todos em locais que eu colocaria se eu estivesse no comando, áreas que alcançavam uma visão ampla e limpa.
A não ser que alguém entrasse direto pelo andar superior do sobrado.
— A., você está aí?
A voz fina e com um forte sotaque estrangeiro preencheu meus ouvidos. Ajustei o fone com um movimento mínimo dos dedos melados de alcatrão e respondi o mais baixo que consegui, sem tirar os olhos da passagem para a casa.
— Estou. O que houve, H.?
— Vinte segundos para a mudança de turnos. —murmurou Hana. Vinte segundos para conseguir escalar toda uma parede externa feita de pedras.
Se Dinis James queria dificultar, eu também podia. Eu tinha noção da localização de cada câmera, cada alarme e cada um de seus homens que rodeava o sobrado de pedras. Toda a atenção se voltava para possíveis entradas inferiores – qualquer janela ou porta ou brecha oculta. A falta de iluminação e de aberturas afastava imediatamente a segurança, o que favorecia minha entrada sorrateira. A não ser na troca de turnos, quando as câmeras se mobilizavam e os homens realizavam a ronda.
Então, ouvi o único som monótono do relógio. Quando vinte segundos se tornaram nada além de um murmurejo inquieto e irrefreável, eu me movi. Mais rápido do que fogo se espalhava com o vento, encontrei-me pendida no muro de pedra do sobrado, as pernas tremiam quando enfiei os dedos dos pés e das mãos cobertos de alcatrão nas rachaduras entre os blocos esbranquiçados.
O caminho era relativamente fácil: umbral de janelas, varandas estreitas e treliças cobriam grande parte do percurso. Ergui-me até os 6 metros de altura, os dedos doloridos. Olhar para baixo era sempre uma má ideia, mesmo que eu já estivesse acostumada com tudo aquilo. Ofeguei quando me agarrei a outra ombreira da janela e me impulsionei para cima. O nicho de uma estátua no encontro de duas paredes era profundo o bastante para que eu me agachasse dentro dela.
— Vai! — transmitiu Hana.
Antes de pensar muito, pulei até o parapeito da sacada mais próxima. Quando abri a porta com agilidade e silêncio calculados, pude finalmente respirar – posteriormente à atenção da segurança e se alguém tinha me pegado. O interior estava relativamente quente, o que significava que Dinis James não estava no cômodo – qualquer homem são se monitoraria quanto ao frio e ficaria a noite inteira em frente à lareira.
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ℂorações de Diamantes
RomanceCuidado com rosas pretas! Elas são extremamente raras, exóticas e donas de uma beleza inimaginável. Mesmo que seja tomado o devido cuidado com seus espinhos, também é preciso saber que elas serão sua morte. Exatamente como Alexandra Laurent. Gu...