La Belle de Jour {OneShot}

Capítulo Único

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um Domingo azul
Azul era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um Domingo azul
La Belle de Jour!

Aquele jovem de cabelos grisalhos sentado despreocupadamente naquela mesa de um bar qualquer na Praia de Boa viagem só tinha olhares para uma moça loira vestida em seu biquíni azul e saia longa combinando.

Era fato. Ela chamava atenção por onde passava, e aquela tarde foi toda de olhares indiscretos e rodadas de bebidas. Chegara o pôr do sol e com ele a hora ir embora, mas não sem antes perguntar ao dono do bar quem era a loira de azul.

"Ah, aquela ali? Ah meu amigo, aquela ali é a La Belle de Jour, a moça mais bonita dessa praia."

"E ela vem muito aqui?"

"Toda tarde de domingo."

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um Domingo azul
Azul era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um Domingo azul
La Belle de Jour!

Suas tardes de domingo se resumian á observar a moça bonita. Ela lhe inspirava o seu lado mais romântico, e só Deus sabe o quanto sentia vontade de ir lá e falar com ela.

O garçom sorria e todo o dia o cumprimentava e dizia sempre a mesma coisa. "Está de olho em La Belle não é meu amigo?" E Jiraya apenas sorria e bebia alguns goles de sua bebida assentindo. Em todos os dias que estivera ali, nunca via a Belle com alguém. Ela apenas sentava-se, e apreciava o mar e o sol.

Ele era um escritor de romances eróticos, seus livros eram famosos, mas há muito tempo que ele não sentia mais vontade de escrever. Mas aquela garota lhe dava certa inspiração, aquecia seu coração e lhe dava idéias com o que pensar.

Sua decisão veio tão rápido quanto o balançar das árvores, se aproximaria de La Belle de Jour. Nem que fosse para a loira o chingar e fazê-lo sair dali. Mas sentia vontade de saber de que cor era seus olhos e o que ela mais gostava de fazer além de ir a Praia de Boa Viagem. As batidas de seu coração aumentavam a medida que se aproximava da loira.

"Olá, moça." Disse gentil, mesmo nervoso.

"Olá, rapaz." La Belle respondeu simples sem encara-lo.

"Posso sentar-me?" Ele se auto convidou pois duvidava que ela fosse fazê-lo.

"Depende. Se não for me atrapalhar, sinta-se a vontade. Se for para me aborrecer, meta o pé daqui." La Belle disse tudo com a voz firme dando a impressão que repitia aquilo com uma certa frequência.

"Está bem, então." Jiraya sentou-se e fez a mulher olha-lo com incredulidade. A moça retirou os óculos de lentes escuras e haste de metal e olhou para o rapaz. Os olhos azuis dela pareciam com o  horizonte, tão profundos e cheios de significados que Jiraya não seria capaz de decifra-los ou descreve-los, mesmo se tentasse mil vezes.

"Você é o primeiro que senta-se comigo depois da minha resposta. Por que fez isso?" Sua voz não continha rispidez, apenas uma curiosidade pura.

"Bem. O porque eu não sei. Apenas senti vontade de sentar-me ao seu lado." As bochechas de La Belle tingiram-se de vermelho e Jiraya sorriu pra ela.

"Como é o seu nome?"

"Jiraya, mas o seu nem precisa me dizer."

"E como voce sabe?"

"Ah, você é La Belle de Jour, a moça mais bonita da Praia de Boa Viagem. Agora o restante sobre você, você mesma irá me dizer." O rapaz dizia aquilo com tamanha facilidade que encantava La Belle.

La Belle de Jour
Era a moça mais linda de toda a cidade
E foi justamente pra ela
Que eu escrevi o meu primeiro blues
Mas, Belle de Jour, no azul, viajava
Seus olhos azuis, como a tarde
Na tarde de um domingo azul.

Aquelas palavras foram o suficiente. Eles se encontravam toda tarde de domingo e contavam sobre as mais variadas histórias e coisas que se passavam por sua mente. Não sabiam se era o certo dizer tudo aquilo para um desconhecido e uma desconhecida. Eles apenas diziam e sentiam. Era o bastante.

La Belle era a inspiração daquele pobre rapaz, foi justamente para ela que ele escreveu seu primeiro blues. Jiraya fazia La Belle viajar sem tirar os pés do chão. Era mágico, era poesia pura. A praia parecia ser feita apenas para os dois, não importava quem estivesse ao redor. Era apenas La Belle e Jiraya. Jiraya e La Belle.

O sol se pôs, era a hora de ir embora. Os dois se despediram com vontade de ficar.

A lua alta e brilhante no céu azul-escuro fazia Jiraya lembrar de La Belle, assim como La belle lembrava dele. Era um fato inegável, eles tinham um fio invisível que ligava um ao outro. Aquela conexão foi construída nos dias de Domingo em que passaram conversando.

Ambos sentiam um clamor em seus corações, estavam agoniados, confusos, desesperados. E quando a confusão de sentimentos foi grande demais para surportar, eles correram.

Sem rumo. Sem direção. Mas quem disse que precisavam saber onde estavam indo? Os seus corações sabiam, suas pernas os levavam automaticamente ao lugar que tanto ansiavam ir, a razão de tantos sentimentos conflitantes e ao mesmo tempo, seus pontos de paz.

Quando eles se reconheceram naquela escuridão, iluminada apenas pela lua, não pararam. Pelo contrário, aumentaram seus passos. Queriam chegar o mais rápido possível um ao outro, ansiavam por isso.

Pararam abruptamente, ofegantes. Olharam um para o outro, estavam há apenas um passo de distância. Seus olhos estavam conectados e um turbilhão de sentimentos transpassou por eles, a distância já estava sendo insuportável então ambos deram um passo se aproximando mais.

Jiraya tocou gentilmemte o rosto de La Belle, e com o polegar desenhou as maçãs de seu rosto e os contornos de sua boca. A mesma a entreabriu ansiando por algo a mais, e Jiraya leu as entrelinhas daquele gesto e com uma pequena aproximação, selou suas bocas em um beijo intenso.

A aproximação de seus corpos febris era muito bem vinda por eles, Jiraya desceu sua mão pelo corpo da moça, enquanto ela bagunçava os seus cabelos.

As ondas do mar iam e viam, a lua e as estrelas ainda brilhavam alta nos céus, e a Praia de Boa Viagem foi testemunha da consumação do amor de dois - antes desconhecidos,- jovens. O lugar ficou pra sempre marcado, foi ali que La Belle, a moça mais linda de toda cidade conheceu seu único e primeiro amor, Jiraya, um escritor que fazia do corpo e da mente da Belle poesia.

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis, como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour.