Cuidado com rosas pretas!
Elas são extremamente raras, exóticas e donas de uma beleza inimaginável. Mesmo que seja tomado o devido cuidado com seus espinhos, também é preciso saber que elas serão sua morte. Exatamente como Alexandra Laurent. Gu...
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— Respira fundo. — murmurei a mim mesma.
Eu tinha que me lembrar dos exercícios de respiração, de não fazer nada de errado. Afinal, a minha vida inteira tinha sido baseada naquilo. Eu sabia minha função na família Moreau; meu propósito em uma das maiores empresas de cosméticos de toda Paris; minha obrigação de servir a um propósito maior do meu pai. Eu sabia como ser perfeita!
Brilhe, seja impecável e pareça bonita.
Afinal, era para isso que meus pais tinham me treinado a vida toda. Eu não era nada mais do que um produto bonito criado por eles.
O evento da noite seria o novo lançamento da coleção de cosméticos femininos com fragrância de flores. Meu pai estava orgulhoso. Minha mãe estava orgulhosa. Meu irmão estava orgulhoso. Então, por que eu não sentia nada além de... Vazio? Por que minha vontade, de repente, era de esquecer por um minutos que as calças e os vestidos de grife não existiam?
Tudo que eu queria era sumir do mapa por apenas alguns segundos, por tempo suficiente para que eu pudesse me divertir como uma garota normal de vinte anos, para não me preocupar com o cabelo brilhante ou a dieta saudável. Eu estava cansada de tentar seguir as regras que minha mãe impunha. Estava farta de ter que colocar uma máscara no rosto dia após dia apenas para que todos pudessem ver um rosto petrificado em uma expressão de alegria e beleza.
Ouvi a porta do meu quarto ser aberta e virei-me para trás com delicadeza sobre os saltos marfim.
— Lorrane — chamou-me com uma calma fria — Ainda está assim?
Minha mãe estava deslumbrante, como sempre. Não tinha um fio do seu cabelo fora do lugar, mesmo que ela teimasse em passar as mãos por eles, e a maquiagem estava intacta, realçando a pele morena e imaculada. Havia dois brincos enormes e ostensivos de diamante nas suas orelhas e um colar delicado no seu pescoço, que chamava a atenção para os seios fartos — eu ainda não tinha me decidido se o silicone recém-aplicado a deixara mais parecida com uma mulher mais jovem que ela tanto queria ser, ou uma boneca mais plastificada do que já era.
Olhei para o vestido simples e florido que eu vestia. Não tinha me trocado ainda por dúvida no que vestir para agradá-la. Sempre o que eu poderia fazer para que ela ficasse feliz! Para que minha mãe dissesse que me amava e que se orgulhava de mim! Eu não queria me sentir como uma estranha dentro da minha própria casa, com todos listando meus defeitos de minutos em minuto.
— Mãe, eu achei...
— Lorrane, eu sei que não se importa muito, mas acho que pode ser mais cuidadosa. Nós vamos receber muitas visitas! — falou com o tom cortante que usava quando achava que eu estava decepcionando-a propositalmente.
Suspirei baixo para que ela não ouvisse e abri um pequeno sorriso.
