▪︎ 8: Propaganda: Parte 1

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Sérgio Guizé.

As horas que passavam sem Bianca me pareciam um paraíso e eu ficava totalmente mal acostumado, de forma que em diferentes momentos do meu dia eu esquecia do meu casamento e pensava que a minha vida dependia apenas e somente de Paolla, que fazia o tempo passar menos corriqueiro e mais amável, memorável.
Todo momento que eu passava com ela me fazia lembrar que o divórcio era a única opção plausível para um relacionamento tão sem futuro quanto o meu casamento de fato era.
Apenas lembrava da minha condição quando olhava para as minhas mãos e via a marca de sol da aliança no dedo anelar.
Estar preso a alguém que não adiciona nada a sua vida era o pior pesadelo que qualquer um poderia ter, sem dúvida.
Mas evitava pensar, a todo custo, sobre isso. Apesar de me sentir certo sobre tudo, a consciência pesava e tudo o que eu mais queria era tomar a decisão urgente. Fugir para longe dali com Paolla e viver o sonho de um amor proibido e desaprovado.
Só queria ter ela para mim todos os dias, não por quatro ou por três horas num motel. Queria ela como esposa, quem sabe... Como mãe.

Havia acordado antes que ela, como costumava fazer. Mas preferi ficar na cama, a observando dormir em sua plena quietude. Meus olhos passavam admirados pela silhueta perfeita que seu corpo tinha e sempre estacionavam no seu semblante doce de quem parecia estar tendo um lindo sonho.
Poderia ficar lá todo o tempo do mundo sem problema algum. Somente a presença dela enchia meu peito.
Paolla se remexeu um pouco depois que fiquei a observando por meia hora e abriu os seus lindos olhos com relutância.
Sorri docemente e ajeitei os cabelos que caíam em seu rosto, sua testa, fazendo uma carícia pelo seu rosto todinho.
Abaixei meu rosto para encher o dela de beijinhos, até que o amor da minha vida despertasse por inteiro.

— Bom dia, garota. — Falei ao seu ouvido, enquanto continuava com o meu método de despertar mais amoroso que tinha.

Ela deu umas risadinhas dóceis e segurou meu rosto com ambas as mãos, me obrigando a olhar nos olhos dela. Aquele par de olhos castanhos que me fizeram cair em tentação tão fácil...

— Onde será que eu arrumo um despertador que nem esse? — Ela disse, sorrindo bobo enquanto fechava um olho pela claridade que entrava no quarto.

— Em lugar nenhum, eu garanto. — Disse, enquanto beijava sua testa.

Me levantei da cama e fui até o banheiro, pronto para começar o dia bem. Uma ducha gelada rápida, escovei os dentes, passei meu melhor perfume. Enquanto estava na minha arrumação incomum para ficar em casa, Paolla simplesmente entrou no banheiro e começou ela mesma sua rotina.
Ao vê-la despida no chuveiro, certa luxúria me atingiu, mas havia acabado de sair do banho e me vestir para isso? Me contive e pisquei para ela ao sair de lá, desci as escadas correndo e peguei as chaves de casa, depois subi tudo de novo e invadi o banheiro. Agora ela estava vestida com o meu roupão de banho e escovando os dentes.

— Eu vou comprar alguma coisa pra gente comer agora, fica aqui, tá bom? — Perguntei. Ela afirmou com a cabeça e eu simplesmente beijei sua testa, saindo em seguida.

Não fui muito longe, parei na minha padaria preferida.
Comprei tudo que poderia deixar ela mimada e feliz: bolo de chocolate, suco de laranja e uns pãezinhos. O café seria simples mas certamente deixaria ela contente. Sempre tentei tratar ela como uma princesa que ela é, principalmente agora que ela estava em casa e comigo.
Quando voltei, ela estava brincando com os cachorros de Bianca no quintal e eu podia jurar que nunca vi aqueles bichinhos serem tão dóceis e tão amigáveis com uma pessoa que eles haviam acabado de conhecer. Parecia que até mesmo os animais sabiam que a aura com Paolla em casa era completamente diferente. Sempre é ela, sempre seria.
Observei a cena por um tempo com um sorriso aberto no rosto, que foi interrompida quando ela percebeu minha presença e caminhou até mim saltitante, ofegante e visivelmente animada. Olhou para as sacolas em minhas mãos e passou a mão no cabelo que caía aos olhos.

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