Cuidado com rosas pretas!
Elas são extremamente raras, exóticas e donas de uma beleza inimaginável. Mesmo que seja tomado o devido cuidado com seus espinhos, também é preciso saber que elas serão sua morte. Exatamente como Alexandra Laurent. Gu...
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"Nada há de encoberto que não venha a ser descoberto, nem de oculto que não venha a ser revelado" – Mateus, 10;26.
Eu não costumava acreditar que toda nossa vida poderia ter algo haver com a bíblia, com a religião, com... A fé, em geral! Mas não restou pensar em outra coisa, uma vez que minha família sempre fora religiosa ao extremo. Minha infância havia sido fundada nisso. Meus princípios eram fundados nisso. Desde... Bem, talvez desde o meu nascimento, quando fui batizada na Catedral da Cidade do México. Naquele dia, fui aos braços dos meus pais com apenas duas coisas: uma manta felpuda e um crucifixo de prata – o único bem que meus pais puderam pagar com valor inestimável.
Por isso, quando minha irmã mais velha foi levada deste mundo, o conforto de todos nós – meu e dos meus pais e irmãos – foi em Deus. Mas, talvez o fato de eu tê-la amado muito, ou por ter consciência de que seu suicídio se dera por causa de um homem, meus questionamentos sobre Deus começaram a aumentar e minhas barreiras, ruírem aos poucos. Eu sabia fingir muito bem, todos me viam e me julgavam apenas pela aparência — roupas compostas, cabelos longos e ajeitados, e um sorriso doce.
Eu ainda me lembrava da primeira vez em que comecei a sair da linha. Foi quando eu tinha treze anos. Lembrava de ver um monte de gente nas ruas coloridas e animadas, enquanto eu conversava com um grupo de amigos; uma música agitada e alegre tocava ao fundo, fluindo como ondas entre os murmúrios e risadas. Então, um som alto retumbou no lugar e, por um segundo, tudo ficou silencioso. Foi a primeira vez que eu fiquei em choque.
Era um tiro!
Fora difícil descrever o que eu tinha sentido na época, porque eu não me lembrava de tudo. No entanto, nos próximos tiros, minha amiga mais próxima fora ferida. Para dizer a verdade, morta. Eu ainda podia ver o corpo dela estatelado no chão, as mãos estendidas para os lados, os olhos mortos e sem vida. O pior, fora o sangue que ainda escorria pelos meus olhos, os respingos. Depois, o buraco negro no centro da cabeça dela, por onde o sangue escuro e intenso ainda escorria e se derramava pelo chão, manchando a calçada e lavando qualquer paz que pudesse permanecer pelas ruas.
De repente, a música foi substituída por gritos. O colorido foi substituído por carmesim. A animação tinha sido substituída por... Tristeza, ira. Eu nunca tinha sentido aquilo antes. Então, sem consciência do que eu estava fazendo, peguei a arma que eu vi no chão, com as mãos ainda trêmulas, e levantei o olhar para a única pessoa em pé na rua.
Era um homem alto e forte. O atirador.
Aquela foi a primeira que eu tinha machucado alguém. Muitos disseram que eu nem tinha consciência do que era uma arma, muito menos o que eu estava fazendo, provavelmente em choque. No entanto, eu sabia que disparei aquele tiro porque eu quis. Porque... Eu queria ferir aquele homem, do mesmo modo que ele feriu minha amiga e a mim. O barulho do disparo que dei fora alto suficiente para que a audição de um dos meus ouvidos permanecesse parcialmente danificada, e a força do tiro fizera com que meu pequeno corpo fosse lançado contra uma parede de tijolos.