Quem procura acha - Capítulo 1

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Ninguém deveria acordar cedo quando não conseguiu dormir o suficiente, fiquei tão animada em procurar uma nova casa que não consegui pegar no sono direito e quando consegui ainda tive um pesadelo, ninguém merece. Me obriguei a levantar da cama, já que decidi mudar de vida quero começar logo. Nada de me sabotar dessa vez.

Tomei um banho frio e fui tomar café da manhã. Pesquisei mais alguns imóveis para alugar nos arredores do campus e em bairros próximos, anotei tudo o que me chamou atenção, foquei principalmente na localização e no valor. Antes que eu conseguisse dar o primeiro gole no meu suco o telefone tocou, no identificador de chamadas o rosto sorridente da Rose:

- Bom dia, flor do dia.

- E aí? Já achou nosso novo lar?

- Primeiro me dê bom dia.

- Bom dia Carol! E aí?

- Criatura, eu ainda nem saí de casa, calma.

- O que? Já são mais de oito da manhã, sabia? – o riso na voz disfarçando a impaciência.

- Rose, hoje é sábado, sabia? Vamos com calma, que eu não tô boa...

- Iiiiiiiiih... Que foi? Tá azeda?

- Não dormi direito, mistura de animação com um sonho estranho. Um daqueles sem aparente sentindo, mas que me matam de medo, enfim, tô morta.

- Credo Car, tu e esses teu sonhos... tem horas que até eu tenho medo deles. Cada coisa sinistra, que mais parece aviso.

- Justamente por esse motivo tenho medo deles...

- Se você estiver muito cansada não precisa sair de casa, vemos algo na segunda.

- De jeito nenhum vou ficar parada hoje. Eu quero cair logo fora daqui, essa casa está me fazendo mal.

- Eu queria ir também, mas bater perna com o pé no gesso não rola...

- O que não devia ter rolado foi a combinação de vodca, salto alto e chão molhado. – risos.

- Nem lembra... O tombo mais louco da minha vida, minha bunda ainda tá roxa! Nunca mais bebo, juro.

- Tá bom, acredito muito.

- Mulher de pouca fé. Como é já saiu?

- Quase, para de falar comigo que eu saio.

- Se achar algo me liga, viu?

- Tá, eu ligo, beijo.

- Beijo.

Engoli o suco e saí de casa mastigando um sanduíche de queijo e tomate. Graças ao bom Deus o ônibus não demorou a passar, me sentei perto da janela e fui apreciando a vista, resolvi na última hora não ir de carro para me obrigar a andar um pouco mais que o normal. Minha cidade não é das maiores, mas também não é um fim de mundo, tem até shopping center com direito a lojas caras e tudo. A universidade que estudo fica perto da área antiga da cidade, que tem vários prédios tombados pelo patrimônio histórico local, em uma parte deles funcionam órgãos públicos como o museu e a biblioteca municipal. Os outros são teatros, cinemas, clubes sociais, restaurantes, livrarias e lojas diversas, tudo muito sofisticado. Nessa área também fica um bairro residencial repleto de casas e mansões de época, o lugar é muito bonito, mas devo confessar que passo muito pouco por lá.

Só quando desci do ônibus me dei conta que, muito provavelmente, não vou encontrar o que estou procurando aqui. Ai como sou tonta! Um lugar assim dificilmente vai ter apartamentos de dois quartos pra alugar. Respirei fundo e dei outra olhada na minha lista, vai que dou sorte e faço uma descoberta inesperada.

Garden RoadOnde histórias criam vida. Descubra agora