O dificultoso romance de Trafalgar Law

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A gente se conheceu quando ainda era pirralho, naquelas escolinhas infantis cheias de criancinha melequentas, e desde então não nos separamos mais. Não que eu não tivesse tentado me afastar no início, eu meio que era antissocial quando pequeno (e ainda sou), mas Luffy tinha um brilho natural que era impossível ignorar. Por mais barulhento e idiota que fosse, todos que o conheciam gostavam dele. E eu não fui exceção à regra, mesmo que tenha demorado bastante para reconhecer isso.

Atualmente estamos no ginasial e pela primeira vez estamos em escolas diferentes. Claro que isso não impediu a constante presença de Luffy em minha casa. Meu pai o adorava e até meu cachorro parecia preferir ele a mim. Porém, eu não me importava verdadeiramente com isso, pois o único ciúme que sempre mantive desde sempre era pelas pessoas próximas a Luffy e que o abraçavam quando bem entendiam. Bem medíocre, eu sei. Consegui sentir ciúmes até de seus tios que são pra lá de velhos.

É, eu sou apaixonado por esse idiota desde que me entendo por gente. Foi preciso a gente chegar na adolescência para eu perceber que havia algo a mais que apenas o sentimento de amizade no peito. E não, isso não mudou em nada nossa convivência, principalmente porque mantive essa informação em segredo (o que não foi muito difícil se levar em conta que estamos falando de Luffy).

Contudo, de uns tempos pra cá andei me sentindo sufocado com tudo que guardava dentro de mim e também por sempre me esforçar para me comportar como o amigo que sei que sou aos seus olhos. Por isso mês passado eu contei para ele que eu era gay — embora não tenha falado nada sobre estar afim dele — mas parece que entrou por um ouvido e saiu pelo outro, sem ter absorvido a notícia. Ele sorriu como sempre e perguntou onde meu pai escondera os biscoitos recheados. Parecia até que eu tinha comentado que o dia estava lindo... Tive vontade de bater minha cabeça na parede.

Depois disso, no entanto, resolvi ficar jogando indiretas pra ver se ele pegava a ideia no ar, mas nada parecia surtir efeito. Às vezes parecia que ele era tão perceptivo quanto uma porta. Até nossos amigos mais próximos perceberam — faziam até cara de pena pra mim — e ele não. Neste momento, inclusive, ele saiu do meu banheiro envolto apenas de uma toalha e balançou a cabeça, jogando pingos d'água para todas as direções. Luffy realmente não devia nem saber o significado de gay.

— Tomar banho nesse calor é tão bom! — falou sorrindo e saiu do quarto só de toalha mesmo.

Suspirei, voltando a folhear a revista no meu colo. Por que, de todas as pessoas no mundo, eu fui logo gostar dessa criatura sem noção? Devo gostar de sofrer.

Pouco tempo depois ele retornou com um recipiente de algum doce caseiro do meu pai, degustando-o bem animado. Repousou a vasilhinha na mesa enquanto vestia uma cueca e um calção meu, e logo depois sentou-se no chão ao meu lado. Aparentemente ele não via o menor problema em se trocar na minha frente e eu era quem precisava ficar desviando a atenção pra não ter um duro problema pra resolver. Ah, e ele usava minhas roupas sem pedir permissão também.

— Lendo o quê? — perguntou entre uma colherada e outra do doce branco.

Precisei me obrigar a desviar o olhar para a revista, visto que a visão dele lambendo a porra colher me fez esquecer sobre o que eu estava lendo. A coisa realmente estava ficando crítica pro meu lado.

— Estou, uh, lendo sobre um grupo de idols que planeja construir mechas.

Os olhos dele brilharam e ele chegou mais perto para poder olhar melhor a revista. Respirei fundo sentindo algo borbulhando em meu estômago só de tê-lo assim tão perto. Malditos hormônios adolescentes!

— Uou, é sério isso?

— Sim.

Luffy olhou encantado as imagens parciais do projeto de mecha que havia na revista como se fossem extremamente incríveis. Ficou tão admirado que até deixou um pouco de doce cair no meu braço.

Como conquistar um idiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora