Hoia-Baciu

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-Isso é ridículo. Devíamos ter pegado o trem. - Peter disse, com raiva, enquanto ele escalava uma árvore caída que bloqueava a trilha.

Os outros apenas reviraram os olhos para esse comentário. Peter era o "cuidadoso" do grupo, o "adulto responsável", mesmo que fossem apenas uns jovens de vinte e poucos anos fazendo mochilão pela Europa. Eles agora estavam na Romênia, Transilvânia para ser mais exato, explorando uma velha floresta, dita assombrada. O plano era atravessá-la para chegar na próxima cidade.

Mei, Lynn e Mark não conseguiam se conter do entusiasmo por este passeio. Uma floresta assombrada real! Eles tinham lido várias histórias sobre o lugar na internet, creepypastas, e até artigos científicos, mas nada diminuía sua alegria. Isto é, até que eles foram para a parte antiga da cidade, um dia antes de adentrar a floresta.

Peter estava olhando a vitrine de uma tradicional loja de relógios, enquanto os outros entraram num café para pegar um lanche, quando um casal de idosos sentou-se ao seu lado no balcão. Eles eram muito agradáveis, perguntando para os jovens sobre sua jornada, e sorriam muito, até que Lynn mencionou a Floresta Hoia. A senhora começou a falar em romeno, parecendo muito assustada. Ela agarrou os braços do marido, apontando para as crianças, tagarelando muito rápido.

Mei conseguia falar um pouco de romeno, por estudar um dicionário o tempo todo, e ela captou palavras como "periculos", "strigoi", "monstru". Perigoso, fantasma, monstro.

A mulher parecia muito desesperada, com seu marido tentando acalmá-la. Ela teve que tomar vários goles de seu chá antes de finalmente voltar a respirar normalmente. O idoso estava muito sério e parecia preocupado. Ele contou para os jovens que Hoia era evitada pelos nativos, devido a uma velha lenda e casos de desaparecimento que acontecem de vez em quando. Eles sempre aconteciam na floresta. Ele disse que pessoas ouviam gritos e vozes, mesmo que não houvesse ninguém por perto. Por fim, os avisou para não entrar na floresta, pedindo que fossem para outro lugar.

O casal foi embora logo depois, e a velhinha ainda tremia.

Mei e Lynn estavam amedrontadas por isso, mas Mark abanou sua mão, incrédulo, e riu dos avisos do homem. As garotas olharam-se e decidiram deixar para lá a preocupação. Ainda bem que Peter não estava perto para ouvir tais advertências, ele teria desistido completamente da aventura e Mark não admitiria isso. Na hora que foram dormir, na pousadinha em que estavam hospedados, sua apreensão já tinha sido esquecida.

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No dia seguinte, acordaram cedo, arrumaram as mochilas, e se prepararam para o que esperavam ser a melhor viagem de acampamento de todos os tempos, na floresta mais mal-assombrada do mundo.

E de fato o primeiro dia foi ótimo. A floresta não parecia tão ameaçadora em plena luz do dia. Era bastante bonita, na verdade. O sol brilhava pelas árvores, criando um brilho esverdeado etéreo no chão. Eles exploraram trilhas de caminhada o dia inteiro. Até Peter estava se divertindo.

Lynn tirava fotos de qualquer lugar interessante que encontravam, documentando tudo. Alguns locais eram realmente bem estranhos. Eles encontraram uma colina íngreme, com uma caverna no topo, que ninguém conseguiu escalar. Parecia que havia algumas plantas penduradas do lado de fora da caverna, mas elas lembravam trapos. Trapos velhos e marrons. Lynn, é claro, documentou-os.

Olhando para a foto na câmera digital após tirá-la, ela pensou ter visto olhos brilhando dentro da caverna. Mas olhando novamente para a própria, ela nada viu. Deve ter sido sua imaginação.

Algumas trilhas tinham árvores caídas, então eles tinham que escalá-las. Algumas vezes a trilha desaparecia, reaparecendo depois de algumas dezenas de metros. E no dia inteiro, não encontraram mais ninguém na floresta.

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⏰ Last updated: Jan 23, 2020 ⏰

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Hoia BaciuWhere stories live. Discover now