O estrondo marcante anunciava o início do show de fogos daquele ano. Em menos de um segundo, luzes coloridas passaram a embelezar o céu com desenhos arredondados que causavam um ímpar fascínio. Contemplada, multidão já bem servida pelas barracas do festival bateu palmas e gritou animada, competindo com as explosões para saber quem fazia mais barulho.
Fazer parte das comemorações que marcavam a chegada da primavera e mais um ano de prosperidades era para os súditos de Byakugan uma honra e um verdadeiro presente. Estar ali em frente ao castelo e agradecer por mais aquela temporada abundante, fosse na colheita ou nas produções industriais que só aumentavam.
Em poucas palavras, era uma paisagem grandiosa como o lugar que se consagrava como o mais poderoso da região e até que aquele show podia ser uma outra forma política de representar sua relevância aos demais, porém, aos espectadores, principalmente às crianças, nada disso importava.
No ponto de vista infantil, a beleza impressionante era indescritível e, se as nuvens eram feitas de um macio algodão doce, restava-lhe esperar que aquelas balas coloridas caíssem como uma chuva sobre eles, o que não aconteceu e tornou ainda mais mágica a vista e duvidosa sua aparência ao garotinho que investigava curioso as explosões.
O céu iluminado parecia forrado por vaga-lumes potentes que brilhavam à toda força e que por vezes lembravam camaleões, já que mudavam de cor em um mísero piscar de olhos e os garotinho se esforçou para manter os seus abertos na esperança de descobrir o truque, em vão. Mesmo frustrado, só tirou suas vistas dos fogos para encarar o avô, puxando sua roupa para indicar que queria papo.
— Como eles conseguem fazer essas luzes, vovô? - perguntou entre os largos sorrisos, com seus olhos brilhando tanto pelo encanto quanto pelo reflexo de mais um desenho no céu.
O homem não saberia lhe responder, tal como qualquer outro cidadão do lugar. Não acreditava em uma suposta divindade dos soberanos e não compreendia bem as conversas sobre estudos químicos pois tudo lhe era complicado demais, imagina então para uma criança?
Além disso, seu neto estava na idade onde tudo era doce, lúdico e encantado. Qualquer resposta que usasse das teorias populares iria contra esse ponto e achou por bem alimentar as suaves ilusões da ótica infantil, sorrindo leve sem mostrar seus dentes ao acariciar-lhe os cabelos arrepiados.
— Há coisas que não precisam de razão, Kono. Basta que você acredite para que elas existam e que você se sinta realizado por isso! - aconselhou.
A risada do menino pareceu dobrar de tamanho, acenando seu entendimento e voltando sua atenção total ao espetáculo mais bonito que já havia visto. Era tão brilhante e colorido que não tinha como não prestar atenção a não ser que você fosse como a menina que do alto da janela encarava o povo.
Não havia magia e nem divindades ali. Tinha a certeza de que eles não ficariam não veriam tanta beleza se soubessem o que acontecia naquela torre por trás das cortinas que fechou com raiva, descontando nelas a frustração de não poder ajudar, estando ali sem que mais gente soubesse só para se torturar mais com sua impotência.
Aumentou a potência protetora e reposicionou os fones tão necessários para aquela se aproximar da grande cúpula onde trancaram sua irmãzinha para fazer a grande drenagem anual de seus poderes. Não sabiam eles que isso a machucava? Que ela não gostava e que lhe doía? Será que só ela se importava com o bem estar da pequena?
Tocou o cristal preocupada, passando a mão para limpar a poeira e ver melhor o outro lado, encontrando a menina chorona assustada e encolhida no fundo da redoma.Como sinal de sua compaixão, suas sobrancelhas se estreitaram e os cantos de seus lábios caíram no ritmo que um suspiro triste saiu por eles.
A garotinha ergueu o rosto, encarando não só a irmã como a poça de lágrimas em seus olhos que aos poucos se tornavam luzes, o que a fez recuar temendo seu próprio poder. Com isso, soltou um novo e mais forte estouro que irritou os ouvidos de Hinata mesmo com a proteção. Como reação, a maior se encolheu tocando o felpo dos fones, fechando o olho esquerdo com a leve dor sentida.
Deduzindo tê-la machucado, a pequena chorou mais ainda, não sabendo como parar. Se não fosse pela natureza de seu corpo trabalhar para que não se afetasse tanto com os efeitos colaterais da energia, de certo suas mãos estariam com bolhas pois já doíam cansadas dos disparos intermitentes.
A princesa livre sentiu como se aquela fosse sua própria dor, pois algo em seu peito parecia definhar a cada soluço que sua irmã soltava sem controle e olha que a lua nem estava posicionada no centro do cume de extração. O quanto ela não sofreria quando essa hora, em segundos, chegasse, já estando acuada tentando fugir de seus próprios brilhos.
— E-eu sou um monstro! - repetiu chorosa e desesperada apesar da fala fofa, fugindo também dos raios iluminados da lua que ameaçavam tocar sua pele.
Não, não e não. Hinata repetia apesar de saber que ela não iria ouvir. Ela estava errada e um dia provaria, mas, enquanto essa data não chegava, restava-lhe rezar com toda a sua fé para que, nos picos da sobrecarga a qual a submetiam de propósito, ela acabasse destruindo toda aquela torre e conquistasse assim a liberdade.
Suas preces, infelizmente, não foram atendidas. A explosão mais forte só fez com que o chão tremesse e todo o interior das paredes de cristal fosse preenchido por uma forte luz branca. Por sorte, a princesa logo fechou seus olhos, caso contrário facilmente eles teriam se cegado, o que não lhe era tão preocupante quanto saber se sua irmã estava bem.
Assim que deixou de sentir o calor do flash, encarou toda a fumaça que embaçou a redoma e prejudicou sua visão. Não querendo perder tempo, tirou sua própria capa e a mergulhou no tanque de água durante a espera para que as portas se abrissem naturalmente, como sempre que a extração chegava ao fim. Não torceu o tecido, pois quente como ali devia estar, era capaz de mesmo toda a água que pingava secar em poucos minutos.
As gotas, quanto mais chegava perto, evaporavam antes de chegar no piso e ela suava muito. Não se importou nem com isso e nem com a queimadura que poderia ganhar apesar dos joelhos cobertos por seu vestido, cobrindo a si mesma, assim como uma febril e desmaiada Hanabi. Penosa, acariciou seus cabelos ardentes e chorou intensa como a água que saiu dos chuveiros de resfriamento assim que a fumaça os acionou. Pro ralo foi a “chuva” e a esperança de que um novo ano trouxesse noção e piedade à seus parentes que roubavam as forças de alguém tão indefeso quanto a menininha que mesmo dormindo se agarrou a seu pequeno corpo em busca de proteção.
Abraçou-a de volta, beijando seus cabelos e cuidando para que ela não se afogasse na corrente formada, odiando qualquer um que pudesse aplaudir o que ali foi feito, encarando raivosa as figuras que apareceram no portão recém aberto e ainda a julgavam como errada por não deixar que a tocassem.
Estreitou os olhos e apertou sua mão contra à da garotinha como se fizesse uma promessa. Um dia cresceria e a levaria para bem longe, deixava claro – não contando que outros pudessem ser mais rápidos que ela própria.
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Hanabi | Disney!AU
FanfictionA energia com a qual os Hyuuga transformaram Byakugan de um lugar qualquer em um reino tão próspero em 16 anos era um grande segredo para os súditos e o motivo da raiva de Hinata, a única herdeira do trono. Quando um acidente na caravana secreta que...