C A P Í T U L O 10

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RENATO

Saio de casa com um suspiro. 

Mais um dia desgraçado em minha vida fudida.
 
Finalmente chegou o fim de semana, o único dia que dou corda solta ao demônio dentro de mim.

Eu costumava matar todo dia nos primeiros anos.

Eu não tinha nenhum controle e fazia qualquer coisa para preencher o vazio dentro de mim.

Massacrei famílias inocentes, torturei e sadomizei centenas de pessoas.

Tudo para calar a voz dentro de mim que me chamava de aberração, que clamava por morte e defloracao.

Eu saía as ruas escuras e esperaria uma alma viva que sentisse medo de meu rosto, ou repulsa.

Após cometerem o erro de me julgarem por minha aparência, eu os mostrava o verdadeiro sentido de medo.

Minha aparência não é nada comparado a feiura de meu interior.

Hoje não estou me sentindo totalmente um predador.

Estou lento e desatento.

Deixei duas prováveis vítimas seguirem seu caminho sem ao menos segui-las.

Uma delas tinha a pele clara e os cabelos escuros como o carvão.

Natasha.

No momento que seu nome vem em minha mente eu me repreendo.

Que foda estou fazendo pensando naquela maldita? 

Toda a semana eu a evitei depois de mostra-la minha face e ver que ela é como todos os outros com medo de minha aparência, para que?

Me sinto como um tigre enjaulado, estou impaciente pra karalho por toda a semana.

Só uma caça com direito a assassinato e quem sabe torturas leves, poderia melhorar meu humor agora.

Ou não?

Finalmente desisto de tentar hoje, estou pensativo demais e sei que isso não é um bom começo.

Minha mente tem que estar totalmente focada ou posso cometer algum deslize, e isso é o que eu não posso permitir.

Nunca me descobriram até hoje, e quero continuar no anonimato.

De volta a floresta, vou em direção ao lago não muito longe de minha casa para fumar.

Esse foi um dos maiores motivos de eu escolher esta área específica para morar.

A quietude da floresta, e suas enormes árvores, que para algumas pessoas fracas diriam ser feias ou assustadoras. 

Na minha visão distorcida esse é um belo lugar. 

Perfeito para eu jogar os corpos de vítimas ou apenas para pensar.

Vejo meu reflexo refletido nas águas esverdeadas. 

Como sempre estou com o rosto refletindo horror.

"Vá falar com ela, você precisa falar com ela". ㅡ Meu demônio sussurra.

Mais surpreso do que já estive, escuto a voz que fala dentro de mim mandar eu falar com a garota. 

"Eu a quero".

"Ela é minha para machucar, minha para ter...

Arregalo os olhos.

A voz nunca quis alguém antes.

A Prisioneira #1 • Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora