A noite sempre despertava sentimentos conflitantes em Barnes. Ao mesmo tempo que se sentia atraído pelo desconhecido que a representava, havia o medo do que poderia encontrar. Entretanto o vício, a adrenalina ㅡ impulso inexorável ㅡ sempre acabava levando o homem pela noite, para lugares "proibidos". Tinha a fama de boêmio, mesmo que a alcunha não lhe agradasse. Ainda sim vagava por esses lugares, até que estancou em um deles. Um bar simples comandado por veteranos de guerra, abarrotado de motoqueiros, uma atmosfera rústica de taberná. O rock antigo ou jazz sempre tocando ao fundo. Nesse lugar ele sentiu a pressão esmagadora de um olhar pela primeira vez.
Quando se encararam pela primeira vez, aleatória e despretensiosamente, ele sentiu que seria tragado pelo buraco negro das íris de Sam Wilson. Tudo naquele homem era atraente, como um imã gigante que puxava toda a sua atenção. Até ao falar, mordendo os lábios ao final de longas frases, fazendo com que o caucasiano se perdesse em meio às palavras e ao cheiro amadeirado; ou ao arrumar a jaqueta de couro e passar a mão pelos cabelos ralos e quase inexistentes. Se engana quem o vê, com aqueles gestos comedidos e sorrisos simples, com as mãos fortes rodeando um copo de whisky. Bucky fantasiou em que lugares aquelas mãos poderiam tocar.
Ele se rendeu no primeiro momento, nesse mesmo primeiro olhar. Engoliu o orgulho todas as vezes que admitiu pra si mesmo que voltava àquele lugar somente para vê-lo, que tomava banhos demorados e comprava roupas novas somente para tentar atrair o mínimo olhar do outro. Durante toda sua vida o foi ensinado que desejar um homem naquela proporção era terrivelmente errado, mas a atração foi tamanha que viu as barreiras caindo, uma a uma.
Achou que estava enlouquecendo. Viciado naquele homem o qual não havia trocado uma palavra, que nunca tinha sequer tocado — a não ser por um esbarrão proposital. Mas ficavam se olhando pelo que pareciam horas intermináveis e lancinantes. Era um flerte perigoso; nem mesmo sabia o nome do homem na época, quanto mais a sexualidade. Mesmo assim, acreditava saber que aquele "esforço" valia a pena.
E então, em uma ida corriqueira ao bar, Barnes esperou. Durante três horas, sentado no banco de madeira, rodeado do ar frio com gosto de metal. Ele esperou pelo vislumbre do homem pelo qual estava apaixonado, admirando toda sexta noite como se fosse uma obra mais perfeita que a própria Gioconda. E Sam não apareceu. Nem naquela, nem na outra, nem na noite após a esta. Nem na semana após aquela, nem um dia da semana. Desapareceu.
Por um momento ele quis chorar. Nunca havia se sentido tão estúpido, bêbado, consternado e com os nervos à flor da pele. Nem se quer havia trocado uma palavra com o homem, ou um toque, nada além do olhar. Só sabia o nome por que ao longe ouviu o mesmo falar, quase como um incentivo. Com o coração apertado, ficou remoendo todas as chances que deixou passar. Ao mesmo tempo que se sentia traído por algo que nunca esteve perto de ser seu.
Parou de ir às noites de sexta durante um longo tempo. Mas sua cabeça sempre voltava aos olhos cor de ônix, as mãos fortes e ao sorriso largo. Como um loop infinito, algo que corria dele e jamais chegava aos toques de suas mãos. Até que resolveu voltar, nem que fosse pela última vez. Sabe já a essa altura que está irremediavelmente apaixonado. Rezava internamente para que ele estivesse lá.
E ele estava. Eles se olham pelo que parece ser uma eternidade. James sente seu corpo queimar ao mínimo encarar do outro. Não tem controle sobre seus músculos enquanto Sam parece tão… calmo. Tenta andar até ele, mas parecia atado ao chão. Xinga o universo e a si próprio com todos os palavrões existentes. Até que seu corpo destrava. Ele pode fazer isso, claro que pode. Só não conta que, quando ao sair do estado de estupor, Sam estivesse indo embora.
Seu cérebro grita: é agora ou nunca. Corre para fora do bar, e segura o ombro do outro que, diferente do que temia, não tem uma reação de estranhamento. E sim sorri, quase como uma vitória.
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crazy in love {sambucky}
Fanfiction"Eles se olham pelo que parece ser uma eternidade. James sente seu corpo queimar ao mínimo encarar do outro. Não tem controle sobre seus músculos enquanto Sam parece tão... calmo. Tenta andar até ele, mas parecia atado ao chão. Xinga o universo e a...