1- Mudanças

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If I'm with you, the world isn't scary anymore.

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Casa nova, quarto novo, escola nova. Sinceramente estou aliviada em finalmente sair daquele apartamento para uma "casa de verdade".

Nasci e cresci na Califórnia e morei lá com minha família até minha mãe completar sua faculdade. Nos mudamos para a Coréia do Sul pouco antes e eu e meu irmão completarmos dois anos, de maneira totalmente arriscada. Apesar do sangue coreano correr em nossas veias, tivemos um choque cultural na época, mas a adaptação foi um sucesso graças ao meu pai que não hesitou em nos ensinar tudo sobre os costumes do país.

Meus pais se conheceram na faculdade, ele era um veterano e ela caloura. Eles se deram muito bem e em pouco tempo já estavam morando juntos, os pais do meu pai gostaram muito da minha mãe e isso facilitou o relacionamento dos dois. Tanto que quase não se importaram quando minha mãe engravidou estando no último período da faculdade.

Minha mãe é brasileira, e quando deixou seu país natal para estudar no exterior, ela com certeza não esperava que conheceria um coreano boa pinta e formasse família com ele. Mesmo tendo que conciliar os estudos com todo o dilema de maternidade, ela conseguiu se estabelecer bem graças a rede de apoio, que era meu pai.

Enfim, é uma bela história de amor que resultou em mim e meu irmão gêmeo.

Depois de nos mudar para a Coreia do Sul, passamos a morar em um apartamento e sempre vivemos em boas condições. Meu pai sempre levou o trabalho muito a sério e é bem normal que fiquemos até alguns meses sem vê-lo por conta das viagens. Minha mãe também tem seu próprio negócio, mas com certeza nosso convívio é maior com ela do que com nosso pai.

Meu irmão foi emancipado aos dezesseis anos para morar sozinho do outro lado da cidade e estudar o ensino médio em uma escola que ele tanto queria desde o fundamental, um colégio conhecido por ter estudantes de várias nacionalidades e etnias, promover projetos culturais e ter uma vasta gama de clubes e esportes. Não foi fácil para ele convencer meus pais, mas eles acabaram concordando desde que ele aceitasse morar em um condomínio fechado para garantir sua segurança em uma vizinhança monitorada. Ele se adaptou perfeitamente e diz até hoje ser a melhor escolha que ele já tomou, fez muitas amizades por lá e descobriu que adora basquete.

Eu poderia ter ido com ele, afinal, nossos pais não são do tipo conservadores, mas sempre fui pé no chão e preferi ficar na minha zona de conforto.

Nunca fui de participar de grupos de amizade como a maioria das pessoas da minha idade. Minhas amizades eram passageiras e as vezes eu nem tinha, elas duravam meses e depois esquecidas. Sempre com meninas, nunca com meninos. Relações românticas sempre foram fora de questão, os poucos garotos que se aproximavam de mim eram rapidamente afastados pelo meu irmão.

Minha praia sempre foi ficar em casa mergulhada em qualquer tipo de meio de fugir da realidade: livros, jogos, filmes, séries. Já tive fases em que ficava obcecada nessas coisas ao ponto de trocar o dia pela noite.

Eu amo ler, tanto que tinha dezenas de livros, mas com a mudança eu decidi me desapegar um pouco e dar os que eu havia enjoado para a doação. Já faz um bom tempo que não devoro um livro como fazia antes.

Desde que me mudei para a Coreia fui uma garota sozinha, meu irmão era sempre atencioso, mas eu o observava se virando muito bem socialmente ao contrário de mim.

As pessoas encaram o fato de eu ser sozinha como um problema terrível, dizem que eu sou anti-social ou deprimida. Não sei se essas coisas são verdade, mas é certo que sou uma pessoa muito tímida, por isso sempre evitei situações sociais a todo custo.

Teenager Love Story {Kim Namjoom}Onde histórias criam vida. Descubra agora