Otto

77 23 0
                                    

Zara voltou para casa segunda de manhã e animou a casa, podemos assim dizer. Minha mãe voltou mais cedo de Petrópolis e meu pai acabou ficando mais tempo em casa. Tudo por causa da filha perfeita.

Nós começamos a conversar sobre a viagem e logo que minha mãe descobriu que iriamos viaja sem ela, ela surtou. Primeiro se perguntou quando foi que nós ficamos tão independentes e depois choramingou, pois não a levaríamos.

Logo após todo o drama da minha mãe, começou a discussão de para onde iriamos. Zara deu a opção de "Los Angeles" logo de cara, pois ama lá. Porém eu não estava muito afim. Em seguida foi Barcelona, depois Alemanha; México; Toronto; Peru... Até chegarmos em uma conclusão; Buenos Aires, Argentina.

Bom, já está tudo decido. Compramos a passagem para o dia seguinte – Terça-Feira – hoje.
Já havia mandado a minha mala lá para baixo com antecedência, assim como a Zara. Minha mãe falou que fazia questão de nos levar até o aeroporto, mesmo estando decepcionada com nós dois.

– Como que eu vou sobreviver uma semana sem os dois aqui? – minha mãe chegou na sala fazendo drama. Eu tirei os olhos do meu celular e encarei a Zara. – Eu vou comprar uma passagem pra ficar lá com vocês.

– Nem pensar! – digo rápido e as duas me encaram – Você sobreviveu anos sem nós dois. Para com esse drama! – revirei os olhos.

– Rude! – diz Zara – Ela é nossa mãe, okay? Ela vai sentir nossa falta.

Minha mãe abraça a Zara e eu reviro os olhos negando com a cabeça. Como que ela pode ser tão fingida e ninguém percebe? Será que ela pensa em seguir carreira de atriz? Ela seria a atriz perfeita.

– Well! – levanto do sofá – Vamos indo, senão iremos nos atrasar.

O voo é ás 02:00pm e eu sempre gosto de chegar no aeroporto com duas horas de antecedência. Então, já era hora de partir. Me aproximo de Zeus e me despeço. Deixo algumas ordens para os empregados cuidarem dele, como: leva-lo ao Pet shop; passear uma vez no dia e tudo mais... Meu pai não estava em casa, então eu não iria me despedir dele. Aperto o botão do elevador e ele chega. Minha mãe desce o elevador agarrada com a Zara. Sorte a minha, pois ela esqueceu que eu estou aqui e me deixou em paz.

– Eu estava pensando... – o carro estava um silêncio e já estávamos quase chegando no aeroporto – Que tal irmos direto para Vegas de Buenos Aires? Assim aproveitaríamos mais as suas férias. – digo.

– O que? – minha mãe gritou – Vocês não fariam isso comigo.

– Ele está brincando! – Zara olhou para o banco detrás – Mas não seria uma péssima ideia. – piscou de um olho.

– Olha só, eu começo a andar por essa cidade e não deixo vocês saírem dessa carro! –disse nervosa e nós dois rimos.

– É brincadeira, relax! – Zara continuou rindo.

A viagem ao aeroporto continuou com essa vibe melancólica da minha mãe fingindo que se importa conosco e com a Zara continuando com atuação dela.
Chegando, minha mãe desceu do carro com a gente e começou a nos abraçar.

– Eu vou sentir muita falta de vocês! – diz enquanto abraçava a Zara – Promete que vão manter contato e...

– Celeste! – digo seu nome – Chega. Já deu!

– Também vou sentir sua falta! – disse vindo me abraçar – Eu sei que você sente muito ciúmes que eu fico apenas agarrada com a sua irmã, mas é que...

– Na verdade, eu prefiro que você agarre apenas ela! – digo afastando-a – Assim você esquece um pouco de mim.

– Eu nunca vou me esquecer de você. – diz segurando meu rosto e olhando nos meus olhos. Zara está logo atrás rindo da situação e eu de saco cheio desse tipo de situação.

– Tanto faz! – afasto–a. – Vamos? – pergunto encarando a Zara que assentiu.

Celeste se despediu de nós dois, de novo, e finalmente estamos livres.

– Ela é muito grudenta! – Zara revira os olhos assim que nos afastamos dela.

– E você ainda fica dando corda para maluco.

– O que isso quer dizer?

– Que você fica atuando perto dela, acho que é isso – silencio – Eu ouvi a Selena falando isso e fez muito sentido quando ela disse. Agora eu já não tenho tanta certeza. –ela riu.

– Primeiro, não fala o que você não sabe! – continuei andando olhando para o horizonte – E segundo, você não precisa ser tão bruto com a mamãe o tempo todo.

– E você não precisa fingir. E mesmo assim você finge! – dei de ombros.

Fizemos o Check–in e não nos comunicamos um com o outro desde então. A Zara é assim, se você falar algo que ela não quer ouvir, ela apenas fecha a cara. A última vez que isso aconteceu, ela ficou três semanas sem falar comigo. Mas eu duvido muito que isso vá acontecer agora, pois estamos viajando juntos.

Sentamos para comer alguma coisa e sentamos de frente um para o outro, sem falar nada e cada um com a cara vidrada no celular.
– Eu te desafio...

– Nem começa! – a interrompi – Você lembra a merda que aconteceu no último desafio?

– Ninguém te obrigou a nada. – diz em um tom seco.

– Eu nunca fujo de um desafio!

– Está fazendo isso agora! – nos encaramos.
Dou de ombros e volto a focar no meu celular.

O Novo ClássicoOnde histórias criam vida. Descubra agora