02 | Q u e m E r a V o c ê ?

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     A neve cintilava, como uma infinidade de diamantes, e o ar estava frio e claro

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     A neve cintilava, como uma infinidade de diamantes, e o ar estava frio e claro. Definitivamente eu teria que fazer umas fotos ao ar livre, principalmente ao anoitecer. Eu estava cobrindo um álbum de inverno, com neve cobrindo o chão, gelo brilhando nos pinheiros enormes e salgueiros despidos pingando no pequeno lago parcialmente congelado. E tinha também a magnífica mansão francesa ao fundo, com telhados brancos em vários níveis, as janelas quadrangulares, altas e largas, e um azul-esverdeado contrastando com o céu invernal. As sacadas e os vestíbulos distintos anunciavam o inverno com guirlandas e lamparinas.

     Era impossível renegar meu lado artístico, principalmente quando se estava na frente da Barbie e Ken de classe alta. A loira elegante, com seu terninho Armani branco e cabelos escovados; o sujeito bonito, sensato e disciplinado. Dava vontade de desarrumá-los um pouco para que as fotos ficassem melhores.

     — Eu... Esperava mais desse estúdio - murmurou o homem com desgosto evidente - Mas minha prima veio aqui e disse que as fotos dela ficaram perfeitas. Consideraram um dos melhores estúdios de Paris... - disse com a voz crítica.

     Contive um suspiro de desdém, mesmo depois de ver os olhos do homem pousarem no meu braço coberto por tatuagens. Abri um sorriso afetado e afiado e ele parou no mesmo instante. Ela, no entanto, continuava a me fitar intensamente e sorria como se fosse o gato que acabou de comer o canário. Ignorei-a completamente.

     — Amei tudo! - murmurou a loira. Giulia. Ela sempre vinha por ali, mesmo que o noivo não soubesse. Pierre ainda achava que ela dava em cima de qualquer um que não fosse o noivo, com o dobro da sua idade. Mas eu tinha certeza — Adrien, podemos começar?

     Ignorei o ronronar em sua voz e ajustei a câmera.

     Jogue o peso para o pé da frente.

     Incline a cabeça para trás; para o lado.

     Ajeite os braços ao lado do corpo.

     O noivo continuava com o sorriso congelado, volta e meia observando discretamente o relógio. Giula, no entanto, era monumentalmente autoconfiante em relação a seu corpo e sua postura. Modelo, lembrei-me, ela é uma das modelos da Paris Chic. Minha coleções de álbuns com fotos dela ainda deviam estar esparramadas em algum lugar do estúdio, representações desde Chanel até Louis Vuitton - não que eu estivesse ligado muito à moda, meus interesses iam além disso, iam aonde quer que eu pudesse fotografar e captar mais do que imagens, mas sensações e expressões.

     Assim que dei a sessão por encerrada, virei-me para os computadores, tentando focar nos downloads das imagens. No entanto, senti mãos finas e pequenas acariciarem meus ombros e acabei me dando conta de toda a minha impaciência. Não era meu dever lidar com o sentimento de outras pessoas, muito menos de forma delicada, mesmo que isso me tornasse um idiota arrogante.

     — O que achou das fotos, Adrien?

     Abri um sorriso insolente.

     — Você sabe que não há nada com o que se preocupar, Giulia. Tudo que eu faço é mais do bem-feito.

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