To The Beautiful You ; Pjm + Jjk

Hapiness Is a Butterfly - Carta 01

“A felicidade é uma borboleta
Tento pegá-la, tipo, todas as noites
Ela escapa das minhas mãos direto para o luar
Todo dia é uma canção de ninar
Cantarolando no celular, tipo, todas as noites
Canto para os meus amores na vida de turnê

Se ele for um assassino em série, então o que pode
Acontecer de pior com uma garota que já está machucada?
Eu já estou machucada
Se ele for ruim como dizem, então acho que estou condenada
Olhando em seus olhos, acho que ele já está machucado
Ele já está machucado”

- Happinnes Is a Butterfly, Lana Del Rey.

                                                                          [...]                                        

Já faz exatamente seis meses desde que tudo aconteceu. E durante esse tempo eu me afundei em um buraco que cheguei a pensar que nunca mais fosse sair. A saudade, a culpa, a letargia e a melancolia se tornaram minhas fieis companhias depois que você se foi, e provavelmente elas sempre continuem aqui quando o assunto for você. Só espero que com o tempo eu consiga enfim aceitar que nunca mais irei te ver, só aceitar mesmo, porque esquecer o que um dia você foi para mim, durante o curto e marcante tempo em que você trouxe o amor para minha vida, isso eu sei que jamais irá acontecer.
Após ficar óbvio minha família, amigos e praticamente todos a minha volta que eu não conseguirei superar e seguir em frente sozinho, não importa quanto tempo passe, meus pais decidiram que eu deveria iniciar uma terapia.

Todos apoiaram a decisão, inclusive eu, porque estou realmente cansado de tudo. Então depois de uma sessão bastante pesada para mim, onde eu aos prantos fui obrigado a falar, ou melhor, tentar resumir o que ocorreu, ficou claro para minha psicóloga que eu estou sofrendo com Transtorno de Estresse Pós-traumático.  Dessa forma, como o simples ato de falar era um gatilho imenso para mim, ela decidiu que o tratamento mais eficiente seria através da escrita. Basicamente, ela me entregou um pequeno caderno onde eu teria que escrever cartas contando cronologicamente e detalhadamente o que se passou, mas com um pequeno detalhe: Eu tenho que escrever como se eu fosse entregá-las à você. Isso vai ser extremamente deprimente, mas é necessário.

Enfim, tudo começou no primeiro dia de aula após as férias do meio do ano. Eu e meus dois melhores amigos de infância Kim Taehyung e Jung Hoseok estávamos sentados em nossas carteiras conversando sobre algum assunto irrelevante, esperando o sinal tocar, quando você entrou. Lembro-me perfeitamente dessa cena e de como fiquei encantado por ela, você segurava o celular por dentro do moletom preto, com os fones de ouvidos conectados no mesmo, seus cabelos negros contrastando com a pele eram segurados por um gorro vermelho e você parecia bastante acanhado, pois com a cabeça baixa você passou direto para a mesa mais escondida no fundo da sala e ficou ali escutando música até a aula começar. Eu não conseguia tirar os olhos de ti, mesmo que o primeiro professor já estivesse na sala, porque eu não só estava impressionado pela sua beleza gritante, mas também por eu ter achado seu jeito quieto uma gracinha.

Eu só parei de te encarar quando você notou e desviou o olhar envergonhado, e quando Hoseok deu tapa na minha nuca e disse para eu parar babar antes que a sala se torna-se um rio, enquanto Taehyung tirava sarro da minha cara dizendo que eu estava apaixonado pelo novato. É claro que eu neguei com toda as minhas forças, porém cinco minutos depois estava pedindo para que eles considerassem a ideia de chamá-lo para lanchar conosco durante o intervalo, com a desculpa de te enturmar, já que você parecia muito retraído, o que foi aceito por eles sem ressalvas.

E foi quando chegamos na sua mesa fazendo as nossas palhaçadas e falando contigo como se fossemos seus amigos há anos, que você finalmente tirou os fones e passou a prestar atenção no mundo ao seu redor. Taehyung que como sempre era o mais comunicativo, já começou te enchendo de perguntas, o que eu percebi que te assustou devido à como tu ficastes corado e como gaguejava sempre ao responder, você era bem mais tímido do que eu imaginava, todavia o que importava era que o interrogatório havia sido tão eficiente que em cinco minutos de conversa já sabíamos todas as suas informações básicas.

Hoseok percebeu seu desconforto evidente e deu um tapa no braço do Kim, o que o fez ter uma reação exageradamente dramática e gritar com o Jung afirmando que esse era um “agressor, bandido, safado, salafrário, pistoleiro! ...” E mais um monte de coisas sem sentidos. Eu que já conviva com as peças há mais de dez anos já estava tão acostumado com suas idiotices que nem prestei atenção, no momento eu me encontrava mais interessado em te observar. Foi quando em meio a essa situação besta, surgiu a cena mais linda que eu já vi em toda a minha vida: Você sorrindo. Seus olhos se fechando, junto com o rubor nas bochechas ao passo que seus dentes, até mesmo o torto, traziam ternura para todo o seu rosto.

Era radiante, capaz de iluminar todo o sistema solar com a aquela calidez. Às vezes eu me penso que se eu tivesse lhe dito tudo o quão lindo e vivo era o seu sorriso, você teria sorrido mais?
Aproveitando a distração dos dois patetas, eu resolvi tentar me aproximar mais de ti perguntando sobre música, pois você tinha passado o dia todo escutando, então parecia ser algo que te cativava muito. Quando você, timidamente, pôs um dos fones no meu ouvido e sem dizer uma palavra tocou no “play” e nós escutamos juntos Happiness is a Butterfly da Lana Del Rey.

E na hora eu sorri, de orelha a orelha, porque ela era uma das minhas compositoras favoritas e saber que você também gostava me deixou alegre. “Esse é o estilo que você curte? Uma pegada mais alternativa e calma?” Você assentiu e eu te disse que aquele também era meu estilo favorito, foi aí que você sorriu novamente e pela primeira vez me olhou nos olhos. E eu fiquei ali te admirando, enquanto você me encarava de volta.

Eu não sabia naquele momento, mas aquilo foi o início do fim.