A lama respingava em seus sapatos, escorrendo lentamente para dentro deles, tornando-os escorregadios, úmidos e nojentos. A barra do vestido, que um dia fora de um delicado tom rosa, estava tingida de marrom. O corset sufocava seus pulmões cansados, dificultando a sua já ofegante respiração: o oxigênio era cada vez mais escasso conforme intensificava a corrida.
A jovem via pouco graças à escuridão, porém continuava a correr pela estrada de terra que tão bem conhecia. Passava ali com frequência, fosse de carro ou charrete, no entanto a mansão que ficava naquelas terras nunca parecera tão distante. O medo a fazia tremer mais que o vento gelava que parecia congelar seu suor.
Seus pulsos doíam depois de terem sido amarrados fortemente durante horas e o rosto que mais conhecia no mundo aparecia o tempo todo em suas lembranças. Surpresa? A mulher dissera, sorrindo, o mesmo sorriso que via todos os dias em seu reflexo. Eu também fiquei, mas agora está tudo bem. Não se preocupe, te contarei os segredos que descobri. O sorriso apenas crescera junto ao desespero daquela que estava amarrada. Você deveria se soltar logo. É feio chegar atrasada quando se é convidada para jantar, sabia? Se demorar demais, a comida acaba. E bem... A vida de alguém também.
A lembrança macabra fez seus passos acelerarem. Mais lama respingou em seu vestido.
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Reflexo
Short Story[Conto de Suspense] Ela fora avisada: alguém naquela mesa de jantar morrerá. Correndo contra o relógio, a jovem precisa chegar a tempo para impedir um assassinato. Ao redor de uma mesa de jantar, duas famílias nobres da França se reúnem. Ali, intrig...