Acordei assustada e quase dei um salto da cama, juro que conseguia sentir a mão dele no meu braço... Mais um pesadelo para minha coleção, esses sonhos acabam comigo. Levantei antes do despertador tocar, definitivamente eu não ia mais conseguir dormir. Fui tomar um banho frio e procurar o que comer antes que a Ro acordasse e começasse a me encher com a história do anuncio de emprego, mas ela parece ter um alarme que avisa quando vou ingerir qualquer alimento e mal eu tinha mordido a torrada quando ela entrou na cozinha:
- Bom dia raio de sol!
-Dá pra falar num tom menos agudo? Meus ouvidos agradecem. – sério, como alguém pode acordar tão animada assim?
- Nossa! Acordou do lado errado da cama? - ela falou isso com uma vozinha ainda mais fina e estridente.
- Ai para, minha noite foi uma merda. Meu humor tá macabro.
- Outro pesadelo?
- É.
-Quer falar sobre isso?
-Não.
-Vai ficar no monossílabo?
- Hum Rum... – ela fez uma cara tão indignada que não tive como não rir.
- Melhor assim, gosto do som da sua risada, mesmo quando você está rindo de mim.
- Queria que esses sonhos horríveis parassem, estou cansada deles.
- O que o terapeuta disse?
- Que eu reprimo minhas emoções. Que os sonhos são reflexos das coisas que eu não extravaso.
- E o que você acha?
- Acho que ele não sabe o que diz, se eu extravasar tudo que sinto vou ser presa por assassinato.
- Isso é verdade! - rimos as duas.
- Você sabe que se quiser me contar sou toda ouvidos, minha avó sempre diz que quando o sonho é ruim é bom contar logo, para que ele não aconteça.
- Ok, mas não quero falar nisso agora. Tudo bem?
- Claro que tá tudo bem. Me passa o pote de nutela e as torradas.
- Mudando totalmente de assunto... Quando seus pais voltam? Pensei que eles só iam ficar uns cinco dias fora.
- Cinco? Eles vão ficar quinze abençoados dias naquele cruzeiro!
- Ai Ro! Quem ouve você falando assim pensa que eles são um saco.
- Eu amo meus pais, mas eles estão sempre tentando me dizer o que fazer e perguntando por que eu não tenho um namorado. Isso é um saco!
- Eles ainda estão nessa?
- Acho que minha mãe já começou ficar com medo de não ter netos.
- Ah se ela soubesse a filha que tem...
- Eiiii, sou uma boa moça! – o pano de prato quase aterrissou no meu rosto.
- A pobre da tua mãe pensa que você não tá nem aí para a população masculina do mundo, fico com pena dela. Mas é verdade, quando foi a última vez que você foi pra balada e saiu de lá sem dar um único beijo?
- Acho que foi quando eu tinha 14 anos. – ela falou isso fazendo cara chocada, depois de pensar por cinco segundos.
- Viu só? Conta isso pra sua mãe e ela vai ficar muito orgulhosa! - tive que colocar as duas mãos no rosto pra me proteger de uma colher voadora.
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Garden Road
ChickLitCaroline Stuart estava disposta a mudar radicalmente de vida, na verdade ela deseja isso. Após passar por maus momentos , tudo que a estudante de psicologia quer é deixar o passado de lado e se reinventar. Seu plano era simples, mudar para um lugar...