Quando a Floresta se torna ainda mais negra.

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 Depois de tanto evitar, Severo tomou coragem e decidiu finalmente confrontar Tiago. Ele estava no jardim, e não muito longe estavam os Marotos. O dia estava nublado e Snape estava sentado embaixo da árvore em frente ao lago observando Tiago, Sirius, Lupin e Pedro rirem de algo que conversavam. Ele estava triste e já estava sentado ali havia bastante tempo, apenas tentando criar coragem para se levantar e ir até onde os quatro amigos estavam.

Então, ele finalmente se levantou e se aproximou do grupo de amigos, que assim que o viram pararam de rir.

— Pon... digo, Potter, posso... falar com você um instante? — Perguntou hesitante, mordendo o lábio inferior assim que terminou de falar.

— O que você quer com ele, Ranhoso? — Perguntou Sirius. — Está com saudades das nossas brincadeirinhas e veio perguntar por que temos deixado você e suas cuecas sujas em paz?

Snape corou fortemente, fuzilando Sirius com os olhos.

— Não é da sua maldita conta o que vim falar, Black! Por que não para de rosnar para as pessoas como um cão sarnento, e não deixa seu dono falar por si próprio?

Sirius rosnou irritado já enfiando a mão nas vestes para puxar a varinha, quando Tiago o segurou pelo braço.

— Tudo bem, Almofadinhas, vou ver o que o Ranhoso quer. — Disse ele, soltando Sirius e começando a caminhar na direção da Floresta Proibida, sendo seguido por Snape.

Quando já estavam a uma distância segura, Tiago parou e se voltou para Severo, que hesitou um pouco antes de finalmente falar.

— Por que você tem me evitado? — Perguntou Snape olhando para o chão.

— Estive estudando, não tive tempo para ir te ver.

— Poderíamos ter estudado juntos.

— Eu estudei com meus amigos.

— Eu senti sua falta, Pontas. — Falou Snape parecendo chateado.

— Eu também...

— Não parece...

Tiago suspirou.

— Tem razão, Sev. Eu prefiro não mentir para você... Eu realmente estava te evitando.

Snape arregalou os olhos.

— Por quê?! O que eu fiz?!

— Você não fez nada, o problema sou eu. — Tiago se apressou a dizer, sem se atrever a fitar Snape nos olhos. — Eu acho... que quero terminar.

— O quê?! Você está brincando, não é? – Perguntou Snape nervosamente.

— Não. Eu não estou. — Respondeu Tiago, com as expressões sérias. Não podia falhar agora, havia pensando tanto naquilo, não poderia dar para trás agora.

Snape deu um passo para trás com os olhos ainda arregalados.

— Por quê? — Perguntou depois de alguns minutos.

— Por que eu... enjoei desse namoro. Se tornou tudo muito monótono, e não vejo mais razões para continuarmos. Estamos no meio do sétimo ano, logo nos formaremos e cada um seguirá seu caminho. Então achei melhor terminar logo, afinal não é como se fossemos nos casar e constituir família quando saímos de Hogwarts. — Disse Tiago ainda evitando os olhos de Snape, estava feito.

Snape se apoiou em uma árvore, os olhos claramente úmidos pareciam se esforçar para manter as lágrimas ali. Suas expressões demonstravam choque, incredulidade e uma dor tão profunda que causa angústia em quem olhar.

— Eu... pensei... pensei que... — Gaguejou ele com a voz fraca.

— Pensou que, o quê? Fossemos nos casar e viver felizes para sempre quando nos formássemos? Não posso acreditar que tenha se iludido tanto, Morcegão. — Tiago precisava dizer aquilo, por que doesse, precisava dizer, precisava fazer Severo odiá-lo, se o sonserino não acreditasse, tudo estaria arruinado e ambos morreriam.

— Você disse que me amava!

— Bem, eu realmente pensei que amava, mas acho que me enganei. Meus sentimentos não devem ter sido reais, já que sumiram. — Aquilo era a mentira mais deslavada, Tiago era completamente apaixonado por Severo, mas não podiam mais ficar juntos, aquilo tinha que acabar, mesmo que ambos fossem ficar magoados, no fim das contas.

Snape ofegou, passando a mão no rosto num ato claro de desespero.

— Então tudo foi uma mentira?

— Não seja dramático, Morcegão. Nós realmente nos divertimos juntos, isso é fato, mas era óbvio que não poderíamos ficar juntos para sempre.

— Você... — Snape respirou fundo. — É um desgraçado! Maldito! Biltre dos infernos! — Berrou com fúria.

Tiago deu alguns passos para trás erguendo as mãos em forma de rendição.

— Ei, Morcegão, acalme-se. Nós nos demos bem e fomos amigos antes disso tudo acontecer, podemos terminar e continuar amigos como antes...

— CALE ESSA MALDITA BOCA! E NÃO SE ATREVA, NÃO OUSE ME CHAMAR DE MORCEGÃO! — Berrou Snape puxando a varinha e a apontando para Tiago. E então suas expressões se tornaram frias, feitas do mais puro ódio. — Eu deveria ter adivinhado! Um grifinório arrogante, nojento, que se acha o maioral e que pensa que tem todos aos seus pés, não deveria saber o que é o amor! E nem nunca saberá! Você é um imundo! Me usou como se eu não fosse nada, e pensa que vou te perdoar?! Nunca! Eu deveria te matar agora, seu desgraçado, por ter ousado fazer o que fez. — A expressão dele se contorceu de dor. — Você poderia ter continuado me humilhando para se exibir para as pessoas... ou até mesmo realizado brincadeiras idiotas comigo, eu juro que eu poderia suportar... Mas isso? Como pode ser tão cruel?

— Eu não te forcei a nada, Snape.

—- EU ME ENTREGUEI DE CORPO E ALMA PARA VOCÊ PORQUE PENSEI QUE VOCÊ ME AMAVA! — Berrou Snape e sua varinha soltou faíscas. E então ele riu forçadamente, como se estivesse totalmente incrédulo. — E as pessoas ainda dizem que os Sonserinos são ruins. Pode até ser verdade, mas eles ao menos são sinceros.

— Para que todo esse drama, Snape? Realmente pensou que eu ficaria com você para sempre? A culpa não é minha se você tirou conclusões precipitadas! — Se apenas as coisas pudessem ser diferentes, se ele apenas pudesse falar a verdade e tirar aquele anel que havia comprado nas férias e dá-lo a Severo...

— Cale a boca! — Gritou Snape. – Você me dá nojo. Eu te odeio, Tiago Potter! Não se atreva a se aproximar de mim novamente, ou eu juro que te matarei!

Então Snape se virou e correu em direção ao castelo. Tiago ainda ficou ali, e assim que Severo estava longe, ele começou a socar a árvore mais próxima várias vezes seguidas até os nós dos seus dedos sangrar. Soluços escapavam por seus lábios enquanto ele chorava copiosamente.

— Me perdoe, meu amor... — Soluçou ele. — Não podemos ficar juntos. Vai ser melhor assim.

Mas, Severo já estava muito longe, e não podia ouvir nada daquilo. 

Dias de um Passado EsquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora