Castelobruxo - Iraci e o Rio Secreto

CAP 11: CARNAVAL BRILHANTE

Enfim chegou a festa de carnaval tão esperada do ano. A festa começaria apenas de noite, então Iraci e Greta conversaram com os meninos sobre o que tinha acontecido envolvendo Charles durante os jogos de quadribol.
- Você tem certeza que era ele, Greta? - perguntou Victor.
- Absoluta. As roupas longas, a cara de defunto e tudo mais.
- Bom, deu pra ver a roupa da vítima pelo menos?
- Um xadrez branco.
- Xadrez branco? Que esquisito, não lembro de ninguém vestido de xadrez branco - Victor indagou.
- Bem... Eu acho que era xadrez branco. Estava muito longe!
- Será que irão fazer algo na festa de hoje? - perguntou Juan.
- Algo de ruim? Tipo... Matar? Não sei, se a pessoa quer ser discreta, não acho que mataria alguém na festa de carnaval! - disse Greta
- O assassino não foi nada discreto quando colocou o corpo petrificado de Catarina no corredor - respondeu Juan.
- Aliás, eu estive pensando... Por que o corpo de Catarina estava ali? Se foi uma tentativa falha de matar ela... Veja: se tentaram matar ela, e não conseguiram, algumas medicações ajudariam ela ficar normal de novo, ela lembraria de quem tentou assassinar ela e contaria para todos, não acham? - Iraci falou.
- Eu pensei na teoria de que, não foi uma pessoa que tentou matar Catarina... Uma pessoa induziu Catarina a entrar no rio que a quase matou - Victor argumentou.
- Mas por que quase? Por que ela não morreu igual Carlos? - Greta perguntou.
- Vai ver ela fez algum contra feitiço, ou entrou com algum tipo de amuleto que protegeu ela - disse Juan.
- Verdade - falou Iraci.
- Pode ser - concordou Victor.
- Mas e aí? Vocês estão animados para a festa de hoje? - Greta perguntou animada.
- Eu estou.
Após uma conversa sobre a festa, Victor foi conversar com Júlio e outros amigos tupênios, Iraci e Greta foram ver as fantasias dos outros e Juan foi até o Salão Comunal da Snowbell com amigos snowbells.

···

Enfim chegou a noite, Iraci colocou um belo vestido branco, uma coroa de flores e um par de asas coloridos. Foi com Greta até o salão de festa da escola, a amiga tinha os cachos em baixo de uma touca preta com um pom-pom branco no topo, sua roupa era branca com detalhes em vermelho e preto e sua saia também, Greta estava linda.

as fantasias de Iraci e Greta
(desenho original)

O teto do salão, com a pintura de animais festejando na mata, agora estava se mexendo, os animais dançavam e gargalhavam ao som da banda de samba que tocava em uma parte do salão. Os instrumentos dos sambistas mudavam de cor à todo momento, violão, casaca, tambor, e outros instrumentos que eram desconhecidos por trouxas.
O salão estava cheio, alunos dos mais novos até os mais velhos, brilhando com suas fantasias coloridas. Os professores também estavam fantasiados, Cuca estava vestida de Cleópatra e gargalhava bebendo vinho, os diretores das casas estavam vestidos dos animais símbolos das bandeiras da casa. Madame Sakura usava um quimono branco com detalhes em prata que remetiam asas de harpia, na cabeça usava uma tiara que imitava as penas da coroa de um gavião-real, Madame Crousué usava um vestido rosa-claro e uma coroa de plantas aquáticas, imitando um boto, Senhor Lima usava uma espécie de boné da forma da parte superior de um jacaré e roupas longas com estampas que remetiam escamas de réptil enquanto Gavin usava um macacão de estampa de onça com botas marrom, Greta riu quando o viu dançando com aquela roupa ridícula.
As bandejas de aperitivos voavam entre os alunos servindo salgadinhos deliciosos e bebidas que poucos já haviam provado, como suco de lichia com água de coco, romã com limão, graviola com jambo... Era tudo delicioso.
Iraci não sabia o que olhar, o teto que festejava, os instrumentos coloridos, as belas fantasias dos alunos. Lembrou quando sua avó havia comentado, escondida dos pais de Iraci, sobre o carnaval de 1963, quando dançou com o avô de Iraci, enquanto velas que brilhavam em cores diferentes flutuavam ao som da banda mágica, Iraci sempre sonhou com o momento de ver o Carnaval de Castelobruxo, ficou emocionada.
- ¡Hola, Iraci! - Juan chegava com um chapéu azul pontudo e uma barba branca longa.
- Merlin? Que original - Greta debochava. Realmente devia haver pelo menos sete alunos do primeiro ano vestidos de Merlin.
- ¿Y donde estás su fantasia? Papel de palhaça eu já sei que você faz.
- Não é palhaça, é arlequim! - Greta saía se aproximando da banda.
- Bonito, né, Juan? - Iraci falava.
- Si, si...
A conversa de Juan e Iraci foi interrompida por grandes araras brilhantes que voavam pelo teto fazendo piruetas e truques no ar, pareciam constelações que sambavam ao som da música tocada pela banda, fogos de artifício brilhavam dentro do salão e as araras viravam porpurina. Atrás dos fogos vinham todo tipo de primata travesso correndo pelas paredes e gargalhando, macaquinhos risonhos que faziam os alunos rirem também viraram fumaça colorida e brilhante, atrás deles apareciam todos os animais possíveis nativos da América do Sul, onças pretas e pardas, araras, flamingos, sucuris, sapos, todos dançando em conjunto como uma grande parada de Carnaval, que espetáculo! Algumas caiporas aproveitaram e entraram no salão para dançar com os animais mágicos que logo sumiriam. Mas antes dos animais sumirem, eles pararam no caminho e dançaram, bateram palmas, sapatearam, como se estivessem à espera de alguém, e então, entraram quatro enormes animais brilhantes que brilhavam como estrelas, estes eram magníficos, eram muito maiores do que os outros que estavam lá, era uma onça que rosnava corajosamente, uma grande harpia que voava cantando desviando dos lustres presos no teto, um enorme boto-cor-de-rosa que nadava no ar e gargalhava carinhosamente, e é claro um jacaré com os dentes a mostra mergulhava no ar e voava entre o salão. Os alunos estavam maravilhados, quantas coisas bonitas que viram ali, os professores também sorriam, é claro, mesmo que tivessem visto aquilo todo ano, não deixava de ser lindo. Iraci não tinha palavras para dizer sobre tal acontecimento, apenas ria olhando para a porpurina que aparecia dos animais maravilhosos que haviam aparecido.
Carmem Plata subiu um degrau e todos viram como ela estava linda, usava um vestido azul que parecia haver diamantes em forma de penas, em suas mangas, que simulavam asas havia detalhes brilhantes e em seu rosto os olhos penetrantes de sempre.
- Desde 1976, meu primeiro ano em Castelobruxo, eu me maravilho com a beleza do Carnaval daqui. E desde 1990, meu primeiro ano como diretora de Castelobruxo, eu faço de tudo para proporcionar tudo de melhor para vocês, mesmo com os acidentes passados, vocês continuam aqui, fortes e se esforçando para comemorar. E eu me emociono sabendo que vocês crescerão e se tornarão grandes bruxos conscientes que haverão momentos ruins, mas que não podemos nos abalar, que não podemos deixar de fazer o melhor, por isso... Obrigada, e feliz Carnaval.
Madame Plata colocava uma máscara azul com um nariz em formato de bico que havia uma longa pena também azul na parte superior. Todos aplaudiram Plata pelo discurso e dançaram felizes, felizmente nada aconteceu naquela noite. Iraci e Greta foram felizes e sonolentas para suas camas, satisfeitas com aquela noite.
Iraci quando olhou no espelho, reparou em uma pequena mecha branca  crescia na parte de trás de seu cabelo, mas não deu muita importância e foi dormir. Que noite!Quando adormeceu, sonhou que montava em uma arara azul que pingava como se fôsse feita de água, passava por um rio rodeado de vitórias-régia iluminado por uma lua branca e brilhante, estava tudo agradável até que a lua adquiriu um tom verde brilhante como os olhos de Charles, assustada, a arara se transformou em pura água e Iraci caiu no rio que, antes azul e cristalino, ficou completamente dourado, Iraci se afogava e sentia desespero por não conseguir respirar, até que uma mão puxou o pé da jovem para o fundo e Iraci acordou gritando apavorada.