Soube que você tem um coração
Eu posso vê-lo?
Sentiu a ardência já rotineira em seu braço direito, fechando os olhos e deixando que a cabeça repousasse sobre a poltrona confortável da sala de sua casa. Sozinho. Changkyun já não precisava mais de companhia para se drogar, aquilo havia se tornado o pior de seus hobbies.O rapaz queria aumentar a dose, queria se sentir tão louco como na primeira vez que sentiu a heroína correr por suas veias, mas tinha plena consciência de que se o fizesse teria uma puta overdose e finalmente acabaria com o que restara de seu corpo.
Changkyun estava desesperado. Desesperado para sentir algo.
— Eu tenho medo de qualquer dia desses te encontrar morto aqui. — Changkyun deu uma risada sem humor, nem precisando abrir olhos para saber quem havia chegado. A voz de Kihyun era a única coisa que conseguia fazer com que seu coração recordasse que ainda habitava um organismo vivo.
— Não tenho culpa se minha tolerância só aumenta.
Em alguns momentos o Im se sentia deveras culpado por arrastar Kihyun para toda a bagunça que era sua vida, mas ele era um egoísta nato, que não conseguia simplesmente mandá-lo embora quando o Yoo era o único que o mantinha com a cabeça no lugar. Ou então a colocava no alto.
Kihyun era seu fio de sanidade e ao mesmo tempo o fim dela.
Sem que ao menos percebesse, já se afundava dentro do rapaz, sentindo as unhas nem tão curtas rasgarem seus ombros, descontando todo o prazer que sentia naquela parte de seu corpo que ardia como o inferno quando ia tomar banho para tentar arrancar de si a parte que implorava aos céus que Kihyun não o deixasse sozinho naquele apartamento.
O quarto parecia pequeno demais para os dois quando os gemidos se mesclavam ao som dos corpos agindo juntos. O conjunto de sensações era entorpecente demais, e droga nenhuma poderia lhe fazer alucinar mais do que quando o Yoo sentava com força sobre seu membro necessitado.
Beijou os lábios tão atrativos em seu ponto de vista quando atingiu seu limite, indisposto para qualquer coisa além de dedilhar a face bem desenhada de Kihyun.
— Eu acho que ‘tô ficando dormente, Ki. — Sua voz soou mais grossa do que gostaria, e o rapaz se aconchegou mais no peito desnudo de Kihyun, procurando o conforto que faria aquilo parar de doer. — Eu não sei se ainda consigo amar.
Sentiu o afago delicado em seus cabelos bagunçados, sentindo o alívio que era ter algo para se apoiar no meio de um imenso nada. Kihyun era sua ridícula metáfora da luz no fim do túnel.
— Eu posso dividir meu coração contigo então. — Disse simplista, a voz tão mais suave do que a sua acalmando a confusão em seu interior.
Naquela noite Kihyun não iria embora.
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NUMB
Fanfiction♡.changki Onde a tolerância de Changkyun é diretamente proporcional ao seu desejo por Kihyun.