Capítulo único.

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— Você tem que falar com ela, Junggie. — Jinsoul disse segurando os fios castanho escuro da mais nova em um rabo de cavalo enquanto a outra continuava a tossir flores amarelas para fora do corpo. — Já são flores quase completas e não só pétalas, está se tornando perigoso. Você prefere morrer do que admitir para ela que se apaixonou?

Cansada do monólogo da que estava em pé segurou a mão que estava em seu cabelo e empurrou para trás se apoiando na borda do vaso para poder levantar. Foi até a pia ligando a torneira e juntando água nas mãos para poder lavar o rosto sem se importar de molhar o corpo só queria que Jinsoul parasse de olhá-la daquela maneira tão cruel e julgadora. Suspirou fechando a torneira e levantando a blusa para enxugar o rosto e passar pela mais velha sem precisar encara-la, se jogou na cama e sentiu os olhos arderem junto com a vontade de chorar voltando com tudo. A mais alta andou até Jungeun e acariciou os ombros dela que tremiam com os soluços que percorriam o corpo inteiro, afastou-se da amiga quando sentiu a respirar se normalizar e sabia que a mesma havia chorado até dormir.

Com a mais nova dormindo, pegou o celular mandando uma mensagem para Sooyoung mordendo o lábio inferior em apreensão total e como a resposta não chegou tão rápido jogou o celular de lado e saiu da cama. Saiu do quarto e andou rapidamente até a cozinha buscando algum remédio para dor de cabeça sabendo que sua melhor amiga tinha feito quase um estoque em casa e que iria acordar dentro de minutos precisando tomar um deles e depois de separar o remédio começou a fazer a janta. Em menos de meia hora o arroz frito com mix de cogumelos já estava pronto para as duas comerem e foi chamar a mais nova acabando por se deparar com a mesma segurando seu telefone com os olhos arregalados.

— Jungeun? — Chamou a outra de maneira curiosa se aproximando devagar apoiando uma mão em seu ombro e virando o pescoço para ver a tela de seu celular. Se deparou com uma mensagem curta, direta e simples: "Jiwoo está no hospital."

— Vamos para o hospital agora, pede o endereço para a Sooyoung. — Escutou a mais nova usar um tom tão autoritário que até se assustou e foi logo pegando sua jaqueta de couro e seu celular para pedir a informação do local enquanto a outra trocava de roupa ali sem se importar com sua presença. — Você sabia disso?

— Sim... — Admitiu envergonhada e engolindo seco pedindo um carro por algum aplicativo já esperando que a Kim brigasse com ela, porém só escutou a porta do quarto batendo e suspirou saindo do recinto e indo atrás de sua amiga. — Junggie, você estava mal e eu não queria te entristecer ainda mais te contando sobre isso já que você não poderia chegar perto dela sem tossir alguma parte de um lírio.

— Você não tinha esse direito. — A voz saiu trêmula e Jinsoul suspirou abrindo a porta do apartamento assim que ouviu o barulho do vidro contra a pia sabendo que a outra havia tomado o remédio. — E se o que ela tiver for grave? Você me contaria quando ela estivesse morta? — Encarou a mais velha com raiva passando pela porta esbarrando seus ombros. — Vamos.

O silêncio no elevador e na viagem de carro até o hospital era ensurdecedor e até o motorista percebeu a tensão se mantendo quieto do início ao fim. Quando chegaram no local desceram rapidamente e foram para recepção se deparando com Sooyoung e Hyejoo sentadas.

— Chegamos. — Jinsoul anunciou a presença delas e as duas outras levantaram indo até a bancada e ajudando-as com a recepcionista para poderem entrar.

— Os pais dela estão com ela no quarto para tentar convencê-la a fazer a cirurgia. — Sooyoung disse encarando a Jung diretamente nos olhos como se as duas estivessem escondendo algo. — Você sabe o que fazer. — Finalizou desviando seus olhos para Jungeun que começou a tossir.

Jinsoul segurou a outra pelos ombros e levou até o elevador enquanto a mesma tossia gravemente. Quando chegaram no andar de Jiwoo foram ao banheiro para a Kim poder se recuperar e Jinsoul viu a flor inteira ser retirada a força pela mais nova das duas. Saíram do local e foram até o quarto de número 321 batendo na porta e esperando a resposta dos pais da outra Kim. A porta se abriu e a mãe de Jiwoo praticamente se jogou nos braços de Jungeun sussurrando em seu ouvido para ela convencer sua amiga a aceitar uma cirurgia enquanto o pai dela apertou o ombro direito de Jinsoul antes de retirar a mulher dali.

— Pode ir primeiro. — A mais velha ofereceu e não recebeu nenhuma tentativa de contradição fechando a porta para dar privacidade as outras duas.

— Jiwoo, você me falou ontem que estava bem. Há quanto tempo você esconde de mim que está doente? — Indagou com as sobrancelhas franzidas se aproximando da cama hospitalar não gostando nenhum pouco da falta de cor daquele quarto. — O que você tem?

— Junggie... — A voz falhada da mais nova a deixou totalmente preocupada fazendo-a acariciar as bochechas pálidas.

— Eu estou aqui e está tudo bem. — Sorriu sentindo seus olhos arderem e tentou controlar o choro e apesar da visão embaçada notou que algumas veias perceptíveis estavam esverdeadas. — O que é isso? — Perguntou mesmo já sabendo que sua melhor amiga desde a escola primária estava sofrendo da mesma doença que ela e a vontade de vomitar voltou com tudo.

— Hanahaki. — Algumas lágrimas escaparam dos olhos de Jungeun e, mesmo fraca, Jiwoo levantou sua destra para limpar a bochecha da mais velha. — Está tudo bem!

— Jiwoo, faça a cirurgia. — Fechou os olhos controlando a vontade de tossir sentindo a flor fazer cócegas em sua garganta. — Eu não posso viver sem você.

As duas se encararam e a mais nova puxou o rosto da outra para próximo do seu e ambas escutaram a máquina de Eletrocardiograma acelerar. Um rubor tingiu as bochechas de Jiwoo, contudo antes da outra se afastar ela selou seus lábios em um beijo completamente singelo, somente suas bocas se tocando por segundos que pareceram horas paras as duas. Jungeun se afastou com os olhos fechados sem acreditar no que estava acontecendo e tirou sua canhota do rosto da mais nova para encostar as pontas dos dedos em seus próprios lábios sem acreditar nas ações da outra e abriu lentamente os olhos se deparando com outro par olhando atentamente seu rosto.

— Eu também não posso... — Sua fala foi interrompida por uma forte e violenta tosse respingando um pouco de sangue no lençol branco. — Viver sem você. Não posso te esquecer... — Outra tosse interrompeu seu momento.

— Prefiro morrer do que não me lembrar de você. — Jungeun completou e selou novamente suas bocas não dando tempo para a outra reagir antes de se separar. — Eu te amo, Jiwoo e estou completamente apaixonada por ti.

— Eu te amo, Junggie. — Conseguiu falar de forma confiante acariciando a bochecha da mais velha. — Eram lírios vermelhos.

— Os meus eram amarelos. — Respondeu após alguns momentos para raciocinar as palavras da mais nova e abriu um amplo sorriso.

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Eu, Tu, Lírios. | 𝐤𝐢𝐦 𝐥𝐢𝐩 + 𝐜𝐡𝐮𝐮Onde histórias criam vida. Descubra agora