Você não cansa?

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Escorado na porta o observando, Kwon Soonyoung se perguntava quando aquilo havia virado uma de suas melhores rotinas. Fazia alguns meses que sempre que voltava dos ensaios exaustivos, passava no quarto do Jihoon, vendo-o sempre da mesma forma: trabalhando. O notebook em seu colo, seus olhos vidrados na tela enquanto compunha algo, e ver suas caretas quando não gostava de algo, geralmente eram bem engraçadas. Soonyoung não podia negar que gostava dessa visão.

— Você não cansa, Ji? — fala baixinho, ainda mais pelo pequeno breu que estava o quarto.

Não queria assustá-lo, mas também se perguntava há tanto tempo sobre como ele conseguia apenas passar horas a fio em cima de algo, era como sempre fazer o mesmo passo em toda coreografia. Preocupava-se com ele, por mais que muitas vezes o mesmo o recusava e o espantava dali.

Não queria ter esperanças, mas torcia muito para que essa não fosse mais uma das vezes em que ele só o afastava.

— Oi?! — sua voz soou baixa como a dele, porém parecia confuso com a pergunta repentina e um tanto assustado por ter sido despertado de sua concentração.

— Você não cansa disso, Hoonie? — aproxima-se dele de maneira calma — Trabalhar até tarde, não descansar direito…

— Eu estou acostumado Soonyoung, é meu trabalho e tenho que terminar ele — desviou totalmente sua atenção do computador à sua frente para olhar para o garoto — Se não se importar, poderia me deixar voltar a fazer o que estava fazendo? — não foi rude como das outras vezes, era realmente um pedido, mas seu tom de voz cansado não passou despercebido pelo outro.

Soonyoung não respondeu e nem fez o que lhe foi pedido, apenas entrou no quarto de fato, pedindo para que Jihoon salvasse o que estava fazendo, retirando o notebook do colo dele e o desligando. Voltando à cama e se sentou de frente para ele, o observando, notando que não dormia a um tempo pelas bolsas arroxeadas embaixo de seus olhos.

— Eu sei que me odeia, mas eu me preocupo com você… — iniciou, mas foi interrompido.

— Eu não te odeio Soonyoung — Jihoon soltou um suspiro pesado, como se estivesse cansado daquilo também.

— Mas age como se odiasse… — Soon rebateu, deixando sua mão escorregar delicadamente para a dele, tocando-a com todo o cuidado do mundo, como se a qualquer momento pudesse apenas desaparecer de sua frente.

— Desculpe… — sussurrou enquanto sentia os dedos do Soon tocar os seus, mas não o afastou, por um momento sentiu que realmente precisava parar de mentir para si mesmo e apenas tentar aceitar a verdade.

— Em um outro momento eu teria zoado isso, mas por que me pede desculpa? — o olhou confuso.

— Por querer te afastar o tempo inteiro… é dificil gostar de alguém que está a todo momento tentando te fazer rir e sendo grudento… — olhou para a sua mão entrelaçada na dele e sorriu docemente.

Para Soonyoung, o sorriso do JiHoon podia iluminar e aquecer o planeta Terra todinho; e às vezes se sentia um bobo por ficar horas o olhando sem se cansar.

Contudo, não acreditou em um primeiro momento no que ouviu, então demorou até notar que seu coração estava disparado e que seu corpo inteiro havia se enchido com uma felicidade que até então não sabia que existia. Suas bochechas ficaram avermelhadas da mesma forma que as de Jihoon. Talvez o mais baixo estivesse sentindo seu coração quase escapar pela boca naquele instante que pronunciou de maneira tão calma aquela verdade que guardava há um tempo para si.

— Hoonie… Não brinca comigo… — atordoado e sem reação tentou falar a primeira coisa que vinha em sua mente, sentindo suas bochechas corarem ainda mais, se sentindo um idiota por não saber como reagir àquilo. Na visão de Jihoon, tal ato só o deixou ainda mais fofo.

— Eu não estou brincando, Soonie! — sua voz soou firme, empreguinada da mais pura verdade, e calmamente se aproximou do outro deixando um selar rápido em seus lábios, voltando ao seu lugar tão sem graça quanto Soonyoung.

— Eu acho que preciso dormir, estou sonhando acordado, talvez seja o cansaço... — sua fala rápida acompanhava a velocidade que seus pensamentos se formavam e antes que fizesse menção de sair, JiHoon o segurou, aproveitando a pequena distância que agora havia ficado, para selar seus lábios novamente, iniciando um beijo calmo e quase desajeitado, fazendo um pequeno sorriso se formar no rosto do Soon.

— Fica comigo essa noite? Apenas essa? — Jihoon pediu assim que seus olhos se encontraram e não havia mais como ele negar aquilo que esperava há tanto tempo, mesmo que ainda estivesse em êxtase por conta da proximidade e da sensação dos lábios de Soonyoung junto aos seus.

— Não me derrube da cama quando acordar sóbrio, a queda daqui de cima me mataria — seu humor maravilhoso tinha que fazer presença, e antes que mencionasse algo mais, o mais baixo apenas o abraçou, podendo sentir o calor do corpo dele aquecer o seu, assim como se sentiu embriagado por seu cheiro, e arrepiado por seu toque.

— Se eu te rejeitar mais uma vez, você pode nunca mais olhar na minha cara. — cochichou logo o soltando para que pudesse se ajeitar em sua cama, esperando que Soonyoung fizesse o mesmo.

Esquecendo um pouco dos perigos que correria caso amanhã ele não se lembrasse de nada daquilo, Soonyoung o abraçou trazendo o corpo do Jihoon para bem perto do seu, cobrindo a ambos com o cobertor.

Agora, sabia que ele provavelmente podia ouvir seu coração batendo forte, e o quanto aquele simples momento era o mais importante de todos para ele. Naquele instante, Soonyoung havia achado um novo vício: observar o rosto do seu amado de perto enquanto dormia.

E ficou feliz por poder dormir junto a ele finalmente, dando alguns minutos de paz e tranquilidade para aquele que levava praticamente o grupo todo nas costas.

Fica comigo essa noite?Onde histórias criam vida. Descubra agora