O frio era comum naquela parte da região, ainda mais quando faltava apenas algumas horas para o sol nascer. O silêncio nada mais era do que o reflexo de uma manhã calma e tranquila para os aldeões que viviam em pequenos vilarejos distantes dos reinos. Eliel tratava-se de um rapaz que sempre demostrava estar à disposição, e a prova estava no horário que levantava, quando as estrelas do céu estavam desaparecendo e o sol pouco a pouco começava a iluminar os campos.
Olhando para a sua mulher que ainda permanecia na cama adormecida, beijou-a na testa como uma forma de despedida antes de sair, descendo a escadaria e pegando o machado que estava encostado na parede de madeira próximo a porta, parte em sua jornada matinal, cavalgando em um cavalo de pelos negros e lisos até o destino que desejara chegar.
Não levou muito tempo após ter adentrado a floresta, e por conhece-la bem sabia dos perigos que o local escondia, e não se referia a cobras venenosas ou pumas selvagens, mas algo ainda pior, e exatamente por saber dos perigos que teve pequenos vislumbres do passado, de quando ainda era uma criança imprudente e de quantas vezes apanhara do pai nos treinos de autodefesa, lembrava do quanto o pai pegava pesado na época e com muita sorte voltava para casa apenas com partes do corpo inchado ou roxo.
Claro que a mãe desaprovava essa atitude do marido, mas foram os ensinamentos que o salvou diversas vezes quando estava em real perigo. O relinchar do cavalo o despertou dos devaneios de uma época que havia ficado para trás, e ao olhar a sua volta notou que algo estava estranho, como se aquela parte da floresta estivesse machucada. A atmosfera pesava no local e a neblina se tornava espesso e sombria.
O cavalo havia parado de trotar, estava agitado demais como se estivesse pressentido algo fora do comum enquanto Eliel apenas mantivera sua atenção. Movimentos estranhos ecoava pelo lugar, alguma das árvores continham arranhões enquanto uma pegada incomum marcava o solo, Eliel lembrou-se de sua infância quando o pai o ensinara a caçar e a se defender de ferozes animais, descendo de cima do cavalo decide por conta própria investigar o ambiente.
Ao se aproximar do local uma mulher surge de forma brusca atrás das arvores, seus olhos azuis demostrava o cansaço que sentia, sua pele lisa e parda, continham arranhões e ferimentos, o cabelo branco lembrava muito bem as neves em época de inverno e as roupas que usara lhe eram diferentes, roupa apropriada para combates e furtividade, o tecido era negro e os detalhes pouco visíveis.
A estranha mulher carregava sobre os braços uma criança cujo a única coisa que portava era um colar em torno do pescoço, Eliel aproximou-se para tentar ajudar, mas a mulher lhe apontou uma espada para que mantivesse distancia dela e da criança.
–– Afaste-se!
–– Calma moça, não irei te fazer mal...
–– É o que todos dizem, mas no final acabam se rebelando.
–– Eu realmente quero ajudar - Disse Eliel firmemente - Poderia me dizer ao menos o que está acontecendo?
Antes que ela pudesse falar, algo agarra suas pernas e a puxa floresta adentro, Eliel por impulso corre atrás dela e da criança deixando assim, seu cavalo para trás. Ao encontrar com a moça, a viu segurar a espada em uma mão apontando para um lugar escuro enquanto segurava a criança apenas com um braço.
Eliel então olhou e viu uma silhueta disforme de uma criatura, o vento quente que por ele havia passado continha um cheiro desagradável. A sua tentativa de chegar até a misteriosa mulher foi falha, embora tivesse tomado todas as medidas de precauções para não atrair a atenção da criatura, a mesma revelou-se ser um ogro. Suas feições disformes se retorceram num grito de pura raiva e descontrole, arrancando as arvores para abrir passagem para si próprio corre em direção a mulher e a criança.
Antes que o imenso ogro pudesse fazer qualquer coisa à mulher e a criança uma dor profunda invade suas costas o fazendo cambalear para o lado e atingir em um troco de uma árvore, quando a mulher olhou bem notou que um machado estava preso nas costas da criatura.
–– Fuja para um lugar seguro! – Gritou Eliel aproveitando a chance que conseguiu ao ferir o ogro – irei distraí-lo.
–– Por que está me ajudando?
–– Não consigo ficar quieto vendo uma pessoa em perigo ainda mais uma criança.
–– Mas...
–– Saia logo antes que...
A conversa foi interrompida quando Eliel foi pego pela imensa criatura. Seu olhar mostra os fantasmas das vidas que tiraram, do tormento que sofrera e do que se tornara atualmente, e se houvesse algo escrito em seu olhar, era a cede insaciável por sangue.
–– Você é bem grandinho, não é? – Perguntou ao ogro que o segurava – Estou vendo que não é muito de falar.
Eliel olhou discretamente para trás e viu que a estranha havia saído dali, voltando a olhar para o ogro o viu demostrar um sorriso, uma expressão incomum e estranha, mas não se tratava de um simples sorriso, mas sim um que demostrava desprezo e rancor.
–– Eu geralmente diria que estamos em um momento íntimo, mas pensando bem parece que você planeja me devorar, não que eu esteja te julgando pela essa sua aparência um tanto assustadora ou pela sua natureza..., mas é que...
Por breves pequenos momentos o jovem Eliel pensou ser seu fim, e se tivesse que morrer naquele momento, pelo menos morreria sendo um herói. Mas o destino não quis dessa forma, algo o aguardava em seu futuro e aquele não seria o momento em que pereceria pelas mãos da besta. Eliel fechou os olhos, não sabia o que fazer já que estava desarmado e o ogro que o segurava com tremenda força, estendeu sua enorme boca com a intenção de devora-lo inteiro, porém, um ferimento estende-se sobre o braço em que segurava o camponês. Surpreso e sem saber o que lhe havia acontecido deixou Eliel cair ao chão enquanto tentava parar o sangramento.
O mesmo ficou confuso, sem saber o que havia acabado de acontecer. Esquecendo-se do ocorrido o Ogro parte para cima de Eliel mostrando-lhe seu instinto violento, vendo-o indo em sua direção daquela forma esquiva-se do primeiro ataque e sem perder tempo movimenta-se para trás da criatura na intenção de recuperar seu machado, mas não dera certo como imaginava, pois, a criatura o lançara contra uma das árvores.
Em uma tentativa de levantar-se o vê novamente correndo em sua direção a toda velocidade. Não havia para onde correr ou fugir, era apenas ele e a criatura e agora que se sentia encurralado, pela primeira vez sentiu sua vida inteira passar diante de seus olhos.
Ouve-se um tombo de algo pesado chocar-se contra o chão e com isso veio o silêncio, Eliel notou que até o determinado tempo não lhe aconteceu nada, ao olhar à sua frente viu a criatura caída ao chão, cujo a vida aos poucos estava esvaindo de seu corpo e alojado em suas costas uma espada cintilante.
Eliel se aproximou, e percebeu que atrás do corpo havia alguém.
–– Pensei ter dito para fugir. – Disse removendo a espada do corpo – bem provável que isso lhe pertence.
–– Está tudo bem?
–– Apesar das circunstancias diria que você chegou no momento certo.
–– Agora estamos kits.
–– Eliel, e é um prazer conhece-la... hum...
–– Me chamo Stellar.
–– Porque aquela coisa estava atrás de você e da criança? Espere aí – comentou ao dar por falta de algo – onde está a criança?
–– Não lhe pedi para se envolver, mas sou grata pela ajuda.
–– Disponha, não sou muito de me envolver em problemas, – disse Eliel recuperando seu machado e o prendendo num suporte em suas costas – mas não podia deixar algo de ruim acontecer sabendo que eu poderia ter feito algo, vai me dizer o que está acontecendo?
–– Estou sendo perseguida.
–– Por quem?
–– Quanto menos souber melhor, agora ouça com atenção, preciso que cuide da criança por mim e assim que possível virei busca-la.
–– Tem certeza de que quer confiar a criança a mim?
–– Ela estará mais segura com você do que comigo.
–– Cuidarei dela o tempo que for preciso, e a protegerei com minha vida se necessário.
–– Confio em suas palavras, Eliel.
O tempo soprou uma pequena brisa naquele momento, a tranquilidade viera trazendo consigo a paz, Stellar havia sumido em meio a tantas árvores, e enquanto a Eliel, sozinho retornando para o lugar de onde deixara o cavalo, e ao encontra-lo o vira brincar com a criança, a mesma ao qual arriscara a própria vida.
Pegando em seu colo a balançou demostrando um sereno sorriso, o colar que ela estava usando pulou para fora do cobertor que a envolvia e entalhado na bijuteria possuia alguns símbolos conhecidos e em seu centro que havia uma pedra peculiar havia escrito em minúsculas letras cursivas um nome...
–– Kelyen - Eliel sussurrou ao olhar de volta para o bebê em seu colo - irei cuidar de você como se fosse minha própria filha.
Montando em seu cavalo retorna para seu vilarejo e dessa vez, estava acompanhado.
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A Princesa Mestiça [DEGUSTAÇÃO]
Fantasy"Um passado, um destino, uma escolha...." No passado o suposto assassinato do Rei cruzou pelos quatro reinos, e o bem mais precioso que os unificaria no futuro se perde. Dezessete anos mais tarde o atual Rei e governate de Thedas descobre qu...