Coluna por Jeon Jungkook*, 01/09/2019
Creio que todo jovem já viveu um amor de verão ou se apaixonou profundamente em um curto período de tempo. Aquela paixão tão forte que não vai embora, adormece, mas nunca morre por completo, e é sobre isso que me peguei pensando outro dia, meu amor de verão.
Foi no verão de 1995, eu estava de férias e resolvi passar um tempo com meus avós em Busan. Eles residiam em um bairro simples próximo a praia, a vizinhança era legal e eu sempre interagia com os meninos da rua. Eu estava animado para passar um mês todo na casa dos meus avós, jogando bola com os garotos e comendo os bolinhos de arroz que minha falecida avó fazia, afinal, já fazia algum tempo que eu não passava alguns dias na cidade.
Meus avós eram donos de uma pequena loja de conveniência à beira mar, então minha rotina durante aqueles dias era levantar cedo e ajudá-los com os afazeres da loja, não era uma tarefa difícil e ouvir as histórias que meu avô me contava sobre a guerra me mantinha distraído do serviço. Eu amava ouvir os relatos das batalhas.
Durante a segunda semana das minhas férias em Busan, minha avó acabou ficando doente e eu fiquei responsável pelo estabelecimento durante a ausência deles. Eu nunca vou esquecer o dia em que aquele garoto entrou na loja junto de um rapaz um tanto mais alto que ele, foi numa tarde quente de quinta-feira, os dois garotos entraram no estabelecimento completamente suados e sorriram para mim em um gesto educado.
Ele sorriu para mim.
"Você é o neto do senhor Jeon, não é? Sou o vizinho deles." falou aquele rapaz sorridente enquanto jogava o cabelo tingido para trás, nem mesmo eu entendi o que estava acontecendo, mas naquele instante eu senti todo meu corpo travar. Para piorar, ele continuou me encarando como se esperasse minha resposta, e eu continuava no mesmo transe, que só fora interrompido quando o amigo dele colocou a garrafa de refrigerante sobre o balcão e me entregou o dinheiro. Os garotos estavam prontos para sair quando o menor me encarou sorrindo mais uma vez, "Nós vamos jogar na praia depois das cinco, se quiser, pode ir com a gente." proferiu com a voz suave ao que ergueu a bola antes de sair completamente da loja e ir até o grupo de amigos, que os esperava ao lado de fora. Foi assim que começou, com um simples convite para jogar bola na praia, que eu não hesitei em aceitar, mesmo com a timidez consumindo cada parte de mim.
Os dias foram passando, e nós fomos nos aproximando, jogávamos futebol na rua, íamos ao clube, andávamos de bicicleta, assistíamos o pôr do sol na praia e eu o ouvia cantar por horas enquanto olhávamos as estrelas, em um desses momentos, ele tentou me ensinar a tocar violão, mas posso dizer que foi uma tentativa fracassada e era motivo de graça para nós dois.
Contudo, somente notei que eu e aquele garoto éramos muito mais do que amigos, em um domingo ensolarado. Estávamos assistindo o sol poente, que trouxe um crepúsculo alaranjado para o céu de Busan, quando eu senti gentilmente sua pequena mão sobre a minha, nossos olhares se encontraram e ele sorriu. Eu acreditava fielmente que aquele era o sorriso mais lindo do mundo, seus olhos se fechavam em duas linhas finas, enquanto os lábios cheios se abriam em um sorriso marcado pelos dentes tortinhos. A brisa marítima movimentou os cabelos dele e eu senti meu coração palpitar tão rápido, que tive medo.
"O verão de Busan fica mais bonito com os seus olhos grandes, Jungkookie." sua voz soou baixa, como se ele estivesse me contando o maior segredo de sua vida. Eu não entendi seu tom de voz naquele instante, mas eu sorri e peguei sua mão, não hesitando em entrelaçar nossos dedos. Meu coração estava tão acelerado e eu sentia meu corpo todo reagindo de forma estranha, não foi difícil dar-me conta de que eu estava completamente apaixonado por aquele garoto. Depois daquelas palavras, os toques foram mais frequentes e tínhamos que nos controlar para que ninguém nos visse de mãos dadas.
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24 anos de espera - jikook
FanfictionJeon Jungkook é um escritor de renome, que foi marcado pelo verão de Busan e nunca mais se esqueceu daqueles momentos, então, vinte e quatro anos depois, resolveu escrever sobre a pessoa que nunca saiu de sua mente.