PRÓLOGO
Estava escuro, nada podia ser visto exeto pela luz que encandeava do meu abajú, me levantei e pus os pés firmemente no chão, "primeiro o direito depois o esquerdo" me locomovendo como mamãe ensinou enquanto eu bebê. Tudo bem quieto, tirando o latido dos cachorros do Sr. Marco, aquele gordo idiota.
Eu precisava fazer aquilo, seria o último passo para eu me tornar um deles, e já tinha prometido ao Henry que faria o que fosse preciso para vê-lo novamente, não podia desperdiçar essa chance, por mais dolorosa ela que seja.
Papai é policial, então seria mais fácil arrumar um objeto destrutivo. No canto da sala, ao lado da televisão, uma arma estava exposta, papai dizia que era em casos de emergência, porém mamãe nunca tinha gostado disso, ainda com criança em casa. Eu peguei-a cautelosamente, com cuidado a cada passo percorrido, me dirigi ao quarto do casal, de meus pais, eu reconhecia tudo aquilo até de olhos fechados, na mesinha de centro, mamãe sempre deixava um copo d'água em caso de sentir sede durante a noite. Suavemente me lancei contra a cama de casal dando um leve beijo na testa daquela mulher, a mulher que me criou e me deu amor. Estava preparada, quando finalmente apertei o gatilho e a bala perfurou sua cabeça, sangue escorria por todo o lençol forrado, com o barulho papai se acordou e nem deu tempo de eu me despedir dele, minhas lágrimas já caíam atordoadas, sem pensar duas vezes eu disse que o amava e atirei em sua cabeça. Na entrada do quarto uma criatura pequena me fitava com seus grandes olhos arregalados, vestia sua camisolinha rosa, uma criança, a criança que me tirou da solidão, minha melhor amiga. Kath, minha irmã.
...Ela não merece isso, é apenas uma criança.
- Susan? Escutei um barulho, o que aconteceu? - A menina bocejava enquando me perguntava a respeito.
- Oi Kath, não aconteceu nada. -Finalmente falei, antes que ela percebesse a arma em minhas mãos, a escondi embaixo da cama. - Vamos, eu te levo para cama. - Peguei sua mãozinha acompanhando-a até seu quarto.
O quarto de Kath era todo rosa, ao contrário do meu que era branco, sua cama estreita decorava o centro do cômodo, ela tinha bonecas espalhadas por todos os lugares. Ajudei-a a subir em sua cama, assim como mamãe fazia comigo.
- Kath, amanhã iremos sair. Acorde cedo. - Ela evitou perguntas, até pelo sono que preenchia seu rosto. - Eu amo você. - Beijei sua testa e segui para meu quarto.