Capítulo Quarenta e Um.

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Boa leitura!

~•~

Havia uma fileira de cadeiras no corredor e eu fui em direção a elas. Joguei-me na primeira e suspirei.

Peguei o celular e mandei mensagens para mamãe, informando o que vi e o estado dele. Ela e papai estavam fora da cidade, visitando minha tia, e ficaram extremamente preocupados quando souberam do acidente.

Estava distraída e levei um pequeno susto quando Gildarts sentou na cadeira ao lado. Não levantei o olhar, me senti envergonhada por ter saído daquela forma. 

Na visão deles, devo ser uma péssima pessoa.

— Você deve estar com muita raiva mesmo. Eu entendo, também estou, mas não acha melhor guardar a briga 'pra quando ele tiver alta? Daqui a pouco o horário de visita termina e vocês não conversaram nada.

— Não 'tô só com raiva. – cruzei os dedos. — É mais do que isso. Na verdade, é além disso. Eu 'tô magoada, triste e… Sei lá. Você tem razão. – conclui baixinho, mas não me movi.

— Se for muito difícil agora, te damos uma carona até sua casa e amanhã, quando estiver mais calma, você volta. Nos avisaram que as visitas são até às 21 horas. – o encarei sem entender. 

Vi quando Cornélia saiu do quarto e veio em nossa direção.

— O quê? – perguntei.

Quando ela se aproximou, ele levantou.

— Nós já vamos. – disse.

— Já? Mas ainda falta… – olhei o celular. —… 3 horas 'pra visita terminar. – nossa, já faz 4 horas que estou aqui? Não perceber os minutos passando, tudo bem, mas horas? Uau! — Por que tão cedo?

— Porque se ficar mais, vou acabar dando um soco naquele lindo rosto. Além do mais, eu já acalmei meu coração de mãe. – segurou minha mão, dando um leve impulso para que eu levantasse e me abraçou. — Agora vá você acalmar esse seu coração. – deu um beijo em minha testa. — E o dele também.

— Vai ou fica? – ele perguntou.

— Fico. – falei.

Gildarts se despediu e os dois seguiram de mãos dadas pelo corredor. Eu tenho muita sorte de ser cercada por pessoas incríveis.

Segui até a porta do quarto, respirei fundo e a abri. Novamente estava parada, o encarando e sem conseguir dizer nada, mas dessa vez eu não saí. Fechei a porta atrás de mim e dei uns passos em direção à cama, mas parei antes de chegar nela.

— Por que você fez isso?

— Porque eu sou um idiota.

— Que você é idiota, eu sei. 

— Sem explicação. Foi uma estupidez, da qual 'tô extremamente arrependido. Eu podia ter matado alguém e- – o interrompi.

— Não sou uma pessoa tão boa assim, Natsu. Você poderia ter morrido. É disso que 'tô falando.

— Eu sei. Como dito, não tem explicação ou justificativa 'pro que eu fiz. Fui um tremendo idiota.

 — Foi mesmo! Um grandíssimo babaca, irresponsável e egoísta. – me aproximei mais.

— Eu sei.

— Você machucou o rosto… – toquei a bochecha sem curativo e fiz carinho com o polegar. — O que fará agora? Seu único ponto forte.

Riu e fez careta de dor. 

— Que bom que a gente já se conheceu e somos um casal, assim não preciso me preocupar com a aparência. – riu. — Mas é um desperdício. – fez uma careta de dor.

— Ainda somos um casal. – dei ênfase no "ainda", olhando em seus olhos e segurei sua mão "livre". — Na primeira foi uma batida leve por falta de atenção, nem danificou muito o carro e você saiu apenas com um arranhão na testa. Agora isso, muito mais sério. Eu te amo, Natsu, mas não estarei aqui uma terceira vez. 

— Você 'tá falando sério?

— Sim.

— Não haverá uma terceira vez. Eu prometo.

— Você disse isso sobre a segunda, eu acreditei e cá estamos nós de novo. A terceira será decisiva. Me dói muito dizer isso, mas eu tenho que pensar em mim, minha mente e no meu coração. Preciso me preservar, porque isso, essa situação, me afeta tanto quanto a você. Pode não ser da mesma forma, mas acredite, afeta. Eu não quero viver assim, preocupada, achando que seu atraso é por causa de algum tipo de acidente que sua irresponsabilidade provocou. Eu não quero e eu não vou.

— Você não precisará. Acredita em mim, por favor. – apertou minha mão.

Eu podia jurar ter visto lágrimas se formarem no canto de seus olhos.

— Eu sempre falei sobre seu jeito doido de dirigir, principalmente numa pista vazia, mas você dirige bem, então… Agora, bebida e direção? Nunca pensei que você pudesse fazer algo tão..  tão… estúpido, irresponsável e principalmente egoísta. Quando seu pai me falou sobre o acidente, pensei que teria um troço. Eu não quero me sentir assim de novo, não por uma irresponsabilidade sua. – minha visão embaçou, mas me controlei.

— Por favor, acredita em mim.

— Eu acredito em você. – desci a mão de seu rosto, a passando suavemente pelo peitoral enfaixado e a pousando no peito, sentindo as batidas do seu coração. — Dói muito?

— Sinceramente? – assenti. — Sim. Além da dor física, me dói muito ver a dor que causei a vocês três.

— Bem feito pela d-or. – não aguentei e chorei. 

— Lucy...

— Espero que doa mais. 

— Lucy...

— Você merece cada corte desse.

— Lucy...

Inclinei-me e apoiei a testa em seu ombro. 

— Eu fiquei tão preocupada, você não faz ideia. A cirurgia não terminava nunca e ninguém nos dava notícias. Tive tanto medo do pior acontecer. O-O que eu faria se você… – é difícil até pensar nessa possibilidade. — Seu idiota!

Meu choro aumentou, tentava controlar meus soluços, mas não conseguia.

— Sinto muito, Luce, de verdade. – ele gemeu baixinho e em seguida, senti um carinho sendo deixado em minha cabeça.

Não me importei em secar as lágrimas, apenas levantei o rosto e beijei seus lábios. Não um selinho e sim um beijo necessitado. Eu precisava daquilo. Precisava sentir que ele estava ali comigo. E daí que alguém poderia entrar a qualquer momento e nos pegar? Findei o beijo e lhe dei um longo selinho antes de me afastar.

Ele segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

— Lucy, eu lhe dou minha palavra de que não haverá uma terceira vez… Não por culpa minha.

— Eu acredito em você, Natsu, de verdade. Espero que você acredite em mim quando digo que não estarei aqui na próxima.

~•~

Ela mandou o recado. :/

Apenas Um Mês... ou Talvez Mais! [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora