32. Vitto

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Desde que eu e Marcella descobrimos a doença de papà, nossa vida deu uma volta de 360 graus. Eu comecei a repensar a minha vida.Eu estava com 28 anos e sempre havia me comportado como um moleque. Não que eu fosse um cara errado,  muito pelo contrário, eu sempre fui o bom moço. Um cara do bem. Tanto que as crianças e os velhinhos me adoravam. O problema é que eu não tinha responsabilidade nenhuma.

Não fiz faculdade, para tristeza da minha mãe e não tinha interesse algum no negócio da família, para desgosto do meu pai. O que me interessava eram a fotografia e as mulheres. Eu adorava andar pelo mundo capturando imagens de lugares esplêndidos. Fiz vários cursos e já trabalhava na área. Sem precisar depender do dinheiro dos meus pais pra nada. E as mulheres eram uma diversão à parte. Se tinha uma coisa que me deixava alucinado era uma mulher morena e gostosa na minha cama. Eu sempre preferi as morenas. E eu sempre as tinha na cama, independente do país em que eu estivesse. 

Mas tinha uma garota que me tirava do sério desde pequenininha: Martina. Ainda me lembro do dia em que a conheci. Era uma menininha linda e doce. Meu instinto de proteção foi ativado assim que a vi. Ela adorava pipoca tanto que isso lhe rendeu o apelido. Eu sempre dei a ela o mesmo carinho que dei à minha irmã.  Mas na adolescência ela confundiu seus sentimentos por mim. 

Quando Martina tinha quase 16 anos me pediu de presente de aniversário um beijo na boca. Eu dei. Mas o pior foi que eu gostei. E me recriminei pra caralho por isso. Aquela pequena diaba consumia todos os meus pensamentos. Ela era só uma menina na época, mas a danada não saía da minha cabeça. Então resolvi evitá-la o máximo que pude. Mas vez ou outra Martina me abraçava ou me beijava, eu não era de ferro, mas juro que tentava evitar esses contatos mais íntimos. As vezes dava certo, às vezes não.

Lembro do dia em que a vi conversando com um rapaz na porta da casa dela. Eu estava passando pela casa dela e Martina me viu depois de se despedir do tal carinha com um beijo na bochecha. Ela veio correndo em minha direção e como sempre fazia, pulou em mim. Eu a segurei como das outras vezes.

- Oi, amore mio. - falou em italiano e espremeu seus lábios nos meus.

- Oi, Pipoca. - disse e a coloquei no chão.

Ela passou o braço dela  pelo meu e fomos caminhando até a minha casa.

- E seu namorado? - perguntei, desinteressado.

- Eu não tenho namorado. - ela disse simplesmente.

- Não? Pensei que tinha. Vi aquele carinha com você já algumas vezes.

- Com ciúmes, amore mio? - a minha resposta foi apenas um bufar e dar de ombros. Ela sorriu. - Na verdade eu tenho. - parei e a encarei. Ela me deu um sorriso ainda mais lindo. - Mas ele não sabe. - sussurrou como se fosse um segredo.

- E quem é esse afortunado? - ironizei. 

- Você. - eu ri, mas ela ficou séria de repente. - O tempo vai te mostrar que eu tenho razão e vamos rir disso.

- Ai, Pipoca. - e continuamos nosso caminho até minha casa onde ela se enfiou no quarto com minha irmã.

Eu fui pra Turquia, então eu conheci a Antonela, uma argentina que estava em Istambul quando nos conhecemos. Nós nos apaixonamos e eu estava disposto a pedi-la em casamento, assentar em Buenos Aires e assumir as Cantinas Colluci. Antonela era uma mulher da minha idade, pianista da orquestra sinfônica argentina. Antonela era linda e talentosa. Eu a pediria em casamento e nós viveríamos em Buenos Aires. Já estava tudo esquematizado em minha cabeça. Só faltava ela dizer sim. E ela diria com certeza, afinal estávamos apaixonados.

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora