Quero inquietar as palavras assim como elas me inquietam. Para isso, brinco com o sua significância. Geralmente as palavras tem significados impostos em si, falamos algo e já queremos que aquele algo signifique. Mas, e quando o significado já não está mais lá? Quando já não é mais algo posto? Mas algo que pode-se perceber ali na superfície do texto?
Ah, o texto! Essa tessitura, esse tecido (BARTHES, 1996). Linhas que se amarram, linhas que se sobrepõem, forma-se uma pele, uma segunda pele. Seria o texto minha segunda-pele? E ah, a pele! Isso que sente, que arrepia. O tato. O toque. Pele que sinto rasgar-se conforme as palavras me rasgam. Tal como cobra que troca de pele e renova-se. Pele, superfície do corpo. Pele, que faz parte de uma imagem. Quem sou se não pele que vês? Quem sou se não texto que lês? Quem sou se não pele em contato com o mundo? Esse entre o que está fora e o que está dentro. Essa ponte de expressão e de sensação. Uma pele.
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Sem título & com muitos nomes - Ômega
Non-FictionDissertação Mestrado em Educação e Tecnologia do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) Mestranda: GUEDES, Tamires Orientador: DE ARAUJO, Róger Albernaz Pelotas, 2020 Imagem: aquarela com nanquim "Ponto no caos" por Cristiane Aldavez