Talvez seja inevitável chegar-se a um organismo. Assim como os cortes são inevitáveis ao fluxo e vice-versa. Veja bem, os fragmentos parecem estar em pleno corte. Pequenos fluxos recortados. Como estrelas no "caos" (DELEUZE; GUATTARI, 2017c) . Mais corte do que fluxo. Aí vem essa nossa conversa que parece que se alonga, ela tem cara de fluxo. Mas vê: há cortes na nossa conversa. Aposto que só nesse meio tempo já bocejaste umas duas vezes.
Quando se resiste acontece assim: já não se quer mais negar algo. Exercer somente algo. Porque o "assobio de volta pra casa" (DELEUZE; GUATTARI, 2017c) também importa ao ato inventivo. E nessa prudência que experimento as coisas. Sei que uma hora sou corte, outra, fluxo. Assim como todas as outras coisas. Não há opostos, há apenas gradientes, "perspectivas" (DELEUZE, 2018). E posso ser tudo junto de uma vez. Posso dar ênfase a alguma coisa e deixar outra de lado. Aquilo que se deixa transparecer talvez seja a forçaque se sobressai naquele instante. E sigo a fluir, como um rio.
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Sem título & com muitos nomes - Ômega
Non-FictionDissertação Mestrado em Educação e Tecnologia do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) Mestranda: GUEDES, Tamires Orientador: DE ARAUJO, Róger Albernaz Pelotas, 2020 Imagem: aquarela com nanquim "Ponto no caos" por Cristiane Aldavez