Rabanetes para Yashiro

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Já fazia algum tempo, Hanako-kun e Yashiro eram amigos e "colegas de trabalho", tendo como escritório o banheiro feminino. Mesmo que reclamasse sempre que podia, Yashiro fazia a faxina enquanto Hanako-kun olhava da janela para Yashiro, e de Yashiro para a janela.

– Yashiro... — chamou a atenção da garota, que o olhou de imediato. — Já pensou em ganhar algum presente?

Tal pergunta deixou a garota confusa — como assim, ganhar presente?

– Hanako-kun, do que você está falando?

– É que... você me presenteou com aqueles donuts, eu queria retribuir de alguma forma. — confessou, as bochechas coradas pela confissão.

– Ah, não precisa! Está tudo bem, Hanako-kun, não precisa retribuir. — soltou o esfregão e aproximou-se do fantasma, segurando seu uniforme. — Fico feliz apenas com sua amizade.

Mesmo com Yashiro dizendo que não seria necessário, Hanako-kun ainda sentia-se na obrigação de retribuir o seu gesto de algum modo — e, talvez, ele já tivesse algo em mente.

Horas mais tarde, após terminar a limpeza no banheiro e terminar as atividades do clube, Yashiro voltou para a sua sala — dando de cara com uma rodinha de pessoas ao redor da sua mesa.

– Nene, acho que você tem... um admirador. — comentou sua amiga Aoi, apontando para a mesa.

O rosto de Yashiro fechou-se numa expressão surpresa, o queixo caído e testa franzida. Havia uma carta no centro... cercada de rabanetes.

Pegou o bilhete, travando os dentes num sorriso falso ao lê-lo. — "Obrigado pelos donuts, rabanete pervertida!".

Logos os cochichos sobre aquele "apelidinho" começaram. Yashiro desejava enterrar sua cabeça no primeiro buraco que encontrasse.

No final do dia, alguns alunos que passavam por perto dos banheiros puderam escutar sons estranhos, como se carne estivesse sendo abatida. Logo chegaram à conclusão de que mulheres enfurecidas são, definitivamente, assustadoras.

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