Como dizer do que faço - Folha (13)

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Permitir-se parar tem dessas coisas. Vejo agora a potência dos dias de mesmice. Esse torpor do nada que acontece. Estado de decantação das coisas. Talvez tão necessário quanto trazê-las à superfície. Momentos de "besteira" (ZOURABICHVILI, 2016) que possibilitam a invenção. Talvez seja uma outra forma decompreender fluxo e corte. Invenção e momentos de parada. Sempre em dupla articulação. O movimento assim setorna possível.

Esses fragmentos que a ti confio são toda aintensidade de invenção que consegui trazer à superfície. Assim como essaconversa parece que foi tudo o que pude dizer até agora. Parece que o que tenhoa dizer esgota-se no momento. As palavras se esgotam. Mas preciso dizer ainda que há muitono não-dito. Esses silenciamentos. Esses não-dizeres. Esses vazamentos.Devires.

Sabe, meu corpo vaza. Como mulher fui fadada a vazar. Porque não fazer do texto algo que vaze também? Consegues senti-lo como água que escorre por entre teus dedos? Esses espaços em branco. Aí para fazer-se vazar. Preenchidos de tantas palavras possíveis que não foram ditas. Já estão todas lá em devir. Paro. Percebo agora. Pensamento também vaza.

Sem título & com muitos nomes - ÔmegaOnde histórias criam vida. Descubra agora