▪︎ 16: Zero a Dez

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Paolla Oliveira.

Acordamos pela noitinha, o sol já estava se pondo e deixando o quarto ligeiramente alaranjado. Parecia estar em sua completa potência, mas o calor não fazia diferença já que o ar condicionado me fazia bater os dentes.
Sérgio estava com um semblante calmo, de quem não parecia estar com vontade de acordar e nem iria ser.
Não queria tirar ele dos seus sonhos tão bons, já que em seus lábios pairava um sorriso. Dormindo tão bem... Só que eu não queria ir naquela festa sozinha, então tive que fazer o maior ato de egoísmo possível.

Puxei o rosto dele delicadamente com ambas as mãos e o trouxe para o meu, distribuindo vários beijinhos pelo seu rosto, depois, vários outros selares em seus lábios, até que seus olhos tremeram brevemente e então, os abriu lentamente. Um sorriso bobo surgiu lindamente e ele retribuiu os beijos com apenas um em meus lábios, também. Se sentou na cama ao mesmo tempo que eu e coçou a nuca, ainda se habituando com o espaço.
Quando pareceu mais desperto, olhou para mim.

— Não gosto de ser acordado, mas... Gostei assim. — Disse ele com a voz rouca de quem havia acabado de acordar.

Dei um último beijo em sua testa e saí da cama, colocando uma mecha para trás da orelha e rodopiando em direção às nossas malas, procurando a roupa que eu tinha escolhido para a festa que ia ocorrer em algumas horas.
Enquanto eu vasculhava, olhei brevemente para Sérgio e depois, voltei os olhos para aquele mundo de roupas.

— Não quis te acordar, minha vida. É que a gente tem um compromisso hoje na praia, esqueceu? — Relembrei, vendo uma luz passar pelo seu rosto.

— Estávamos tão cansados ao ponto de quase esquecer da festa? — Perguntou ele, se levantando da cama e andando até a sua mala, procurando a melhor roupa. Ele tinha um senso de moda bom, então escolheria um look decente, pensei.

Peguei minhas roupas e fui andando calmamente em sua direção, roubando seus lábios num beijo repentino e apaixonado. Sorri contra seus lábios e deixei um selinho na ponta do nariz, segurando seu queixo com o indicador e o polegar.

— Estávamos, sim. Ainda bem que você teve todo o autocontrole de não me pegar no banheiro. — Falei, me virando com um sorriso provocativo e indo em direção ao banheiro para começar a arrumação.

Mas antes que eu andasse, ele me segurou suavemente pelo cotovelo e me trouxe para si mais uma vez, fazendo com que eu sentisse o calor do seu corpo, uma vez que ele só estava de cueca. Sérgio desceu os lábios para o meu ouvido, sua respiração quente batendo em minha pele e me fazendo arrepiar dos pés a cabeça, meu coração errando a batida.

— Não significa que eu não vá fazer isso depois. — Sussurrou ao meu ouvido, deixando uma mordida em minha orelha.

Me virei incrédula com a atitude sacana dele. Geralmente, as provocações vinham de mim. Ele riu da minha expressão: sobrancelhas arqueadas, queixo caído e bochechas coradas.

— Vai se arrumar ou nós vamos nos atrasar, meu bem. — Guizé falou com um tom sacana que me fez querer pular em seus braços naquele exato momento. Hormônios tiveram que ser bem atados.

[...]

Olhamos pela janela do carro. A entrada era um pouco mais exagerada do que eu poderia pensar que seria, o que nos deixou um tanto apreensivos.
Haviam muitos repórteres, câmeras, um tapete vermelho — que na verdade era roxo — e muita gente curiosa a fim de ver seus ídolos. Só não sabia se estávamos prontos para enfrentar nossa exposição pública, assumir ao mundo que em pouco tempo de separação entre Guizé e Bin ele já havia assumido a minha pessoa, que tenho que escutar muito sobre traição e coisas do passado. Por mais que ele falasse muitas vezes que não seria grande problema enfrentar isso e que uma hora tudo isso seria esquecido, pude perceber sua hesitação em sair do carro.
Segurei a mão dele firmemente e beijei as costas dela.

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora